terça-feira, 30 de novembro de 2010

Lesão, recuperação e motivação.

Terminei a Maratona do Porto de cabeça baixa, no entanto valeu a pena o sofrimento para poder fazer aquele gesto que vêem na fotografia - sete edições, sete participações.

Na semana seguinte, e para saber em concreto a dimensão da lesão sofrida, fui fazer uma ecografia à face posterior da coxa direita.

O resultado do exame revelou o seguinte:
-Na extremidade superior, com posicionamento muscular superficial visualizou-se um pequeno foco de distensão/ruptura, infra-centimétrica, com ligeira contracção e desorganização fibrilar, envolvendo aponevrose no contorno superior que lhe é adjacente. Possui dimensãoes de 10,mm no eixo sagital, 2/3,mm no eixo antero-posterior.
Resumo: Lesão focal por distensão/ruptura, superficial, peri-centimétrica na extremidade postero-superior da coxa do lado direito.

Fiquei visivelmente satisfeito por verificar que não era nenhuma lesão grave, cujas causas foram a sobrecarga e esforço muscular. Nestes casos o tratamento mais aconselhado é o descanso, para dar tempo a que o processo de regeneração muscular decorra com naturalidade. Foi o que fiz. Na semana passada submeti-me a uma sessão de fisioterapia e a uma massagem tranversal, para garantir maior solidez na estrutura muscular afectada, de forma a poder retomar os treinos.

Assim, ontem regressei aos treinos! Corri trinta minutos a trote e depois fiz mais 20 de alongamentos que, nesta fase, são mais importantes que a corrida. Hoje repeti a dose e nestes próximos dias o programa irá ser mais ou menos idêntico, tendo sempre em mente que o essencial é - ritmos bastante suaves e muitos alongamentos.

Em oito anos de dedicação às corridas, pela primeira vez, tenho de lidar com esta situação. Ao longo destes tempos fui criando hábitos e rotinas de vida que me permitissem treinar, logo nas horas do treino, ficar privado - mesmo sendo inverno e eu ter de acordar cedo para o fazer - confesso que não foi nada fácil!

Agora o desafio que tenho é recuperar! A motivação é tentar adquirir a forma que tive em meados deste ano, traduzida em excelentes resultados que me encheram de satisfação.

Haja...paciência para as pernas!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

7ª Maratona do Porto: A teimosia de continuar na história!

Por manifesta falta de tempo e disposição para escrever, tenho andado distante da blogosfera. Assim, não dou notícias desde o verão, não fiz a habitual crónica da Meia-Maratona SporZone e não escrevi qualquer palavra acerca da preparação da maratona.

Estive quase para continuar em silêncio, mas depois de ler alguns posts colocados por companheiros de corrida, senti que deveria dizer alguma coisa.

Faço parte da história (de sucesso) da Maratona do Porto, digo-o com muito orgulho! Estive nas anteriores edições e, claro, queria a todo o custo participar (e concluir) na sétima. E foi o querer continuar totalista que me moveu, porque fosse outra maratona em Portugal, ou mesmo no estrangeiro, teria desistido de participar.

No final do mês de Agosto, num habitual treino, sofri uma lesão muscular na face posterior da coxa direita, ou seja a uma semana de começar o meu habitual plano de 9 semanas de preparação para os 42,195 kms. No meu historial de corrida, as lesões que sofrera até à data não passavam de pequenas mazelas, que eram debeladas em pouco tempo e com relativa facilidade. Pensei que com esta sucederia o mesmo.
Primeiro engano!

Descansei uns dias e comecei os treinos para a maratona com alguma moderação durante as duas primeiras semanas. Na terceira aumentei um bocadinho a intensidade, mas nada de especial, comparado com a preparação das anteriores maratonas e ressenti-me uma vez mais. Uns dias de descanso, fisioterapia, massagens e regresso novamente aos treinos, obviamente com cargas menores e muitas cautelas. Entretanto chegou o dia da Meia-Maratona SportZone e seria o teste ideal para avaliar o estado das minhas pernas, ou no caso concreto, da coxa direita. Fiz um tempo de 1h23m53s, embora tenha sentido ainda um ligeiro desconforto na zona afectada da lesão, parecia-me que estava a ficar recuperado. Na semana seguinte, fiz os treinos dentro dos tempos estipulados, incluindo séries de 800 metros e um longo de 26 kms e, pela primeira vez desde o início da preparação específica para a maratona, treinei sem limitações e com boas sensações.
Segundo engano!

Volvidos dois dias, num treino de baixa intensidade e de recuperação, uma 'pontada' na famigerada coxa direita veio recordar-me que afinal a lesão ainda morava lá. Novamente uns dias de descanso, piscina, fisioterapia e massagens e recomecei a treinar. Estavamos a três semanas da maratona e as dúvidas que tinha em poder ter algum sucesso na prova começavam a passar quase a certezas, mas como sou um tipo teimoso e que gosta de correr riscos, não desisti e estar na linha da partida e claro fazê-la!

A partir deste momento, o desafio, com uma dose de loucura, passou a ser - Será que resisto? Conseguirei concluir a prova?

Assim, quando no passado domingo soou o tiro da partida, larguei consciente que a minha corrida seria uma incógnita e que o risco de ser forçado a abandonar era demasiado grande! Mesmo com estas permissas nada animadoras, o objectivo era fazer um tempo a rondar as 2h55m-2h59m59s, porque além de teimoso, também sou pouco modesto!

Até à passagem da meia-maratona fui confortávelmente a um ritmo +/- 4m10s/km, registando um tempo de 1h26m57s. Aos 24 um ligeiro aviso coxa, deu-me sinal para abrandar e que as dificuldades iriam começar. Atravessei a ponte D. Luís e tentei seguir a um ritmo dentro dos 4m25s-4m30s/km que, a conseguir manter, daria para fechar com um tempo no limiar das 3 horas. Lá fui seguindo, não muito confortável nesta cadência. Fui apanhado pelo Mark Velhote, no entanto ainda consegui colar-me a ele uns kms mais à frente e já na companhia deste aos 33 kms, contabilizando um tempo de 2h17m58s, a minha coxa direita resolveu provar-me que iria ter de abrandar ainda mais para continuar! Fui reduzindo então o ritmo, primeiro para 5m/km, depois para 6m/km, depois para 7m/km, depois para 8 km, e cheguei à meta devagar muito devagarinho, gastando 64 minutos para correr 9 kms, concluindo a minha sétima maratona do Porto em 3h21m44s!

Gostava de referir que, apesar de toda esta epopeia, não cheguei ao fim cansado! Sentia-me como se tivesse feito um treino longo. Apenas sentia um desconforto na coxa direita que me impedia de correr, mas caminhava normalmente e sem qualquer esforço!

Não gosto de desistir, não faz o meu género e queria fazer parte da história da Maratona do Porto, contribuindo para que registasse mais atletas chegados à meta nas maratonas corridas em Portugal. Mais tarde vim a saber que este record foi alcançado - Foi a minha pequena vitória!

Em jeito de balanço, durante as 9 semanas específicas do treino, mesmo tendo sido forçado a vários dias de descanso e a ritmos mais moderados, contabilizei nesse período 800 kms - com este volume de treino a probabilidade de debelar por completo a lesão e obter êxito na maratona era muito reduzida! Não aconselhava ninguém a correr uma maratona nestas condições, no entanto uma coisa é dar conselhos aos outros, outra coisa é quando somos nós!

Desta vez não soltei o queniano que tenho dentro de mim, soltei o soldado Pheidippides, que 2500 anos depois também merece ser recordado!

Agora, só espero que a minha teimosia não tenha agravado o quadro clínico da lesão.

Brevemente saberei, enquanto não souber vou permanecer quietinho!

Abraço, a todos!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

22º Grande Prémio de S. Pedro

CITAÇÃO:
"O S. Pedro encerra as festas e as corridas...até Outubro!"

CURIOSIDADE:
A Póvoa de Varzim é uma terra de pescadores, logo o Santo padroeiro da cidade só podia ser o S. Pedro. Tradicionalmente, a festa é rija por aquelas bandas e a realização do Grande Prémio de Atletismo assinala encerramento das efemérides.

ARQUIVO:
Este ano disputava-se a 22ª edição e desde 2003 que participo nesta corrida com resultados bastantes interessantes.
2003 - 38m06s
2004 - 37m35s
2005 - 37m23s
2006 - 36m46s
2007 - 36m26s
2008 - 36m09s
2009 - 36m01s

RESENHA:
A corrida começou às 11h15m, pelo que já estava um bocadinho quente para a prática da modalidade. A acrescer a isto, em algumas zonas do percurso, ainda o característico vento que costuma sentir-se na Póvoa, a atrapalhar a vida dos atletas. Conforme tinha escrito na última crónica, as pernas estavavam a registar uma ligeira melhoria relativamente às primeiras corridas de Junho e tinha em mente desde o início impor um ritmo que nunca escedesse os 3m40s/km. Nos primeiros 3 kms rolei dentro desse tempo, no entanto, nos 2 kms seguintes sofri uma pequena quebra devido à presença do vento e ao esforço suplementar que este exige. À passagem dos 5 kms contabilizei o tempo de 18m07s, tentei manter essa cadência para a segunda metade da corrida, não foi possível, apesar de a perda não ter sido muito grande, corri este parcial em 18m24s. Finalizei um ciclo de muitas corridas, pelo que fiquei bastante agradado com a resposta das pernas!

ARITMÉTICA:
Concluí os 10 kms da corrida com o tempo final de 36m31s, tendo obtido o 85º lugar na classificação geral, entre os 614 atletas que terminaram a prova e um 15º lugar em M45 entre 89 atletas deste escalão.

O MELHOR:
O excelente nível competitivo da corrida e a presença dos melhores atletas nacionais.

O PIOR:
Apesar de ser por um motivo nobre que todos compreendem - a realização de corridas para os escalões mais jovens - o horário da prova é um bocadinho tardio, agravado ainda pelo facto de estarmos em pleno verão.

RETRATO:

terça-feira, 22 de junho de 2010

11ª Corrida das Festas da Cidade do Porto

CITAÇÃO:
"O Porto chama por ti!"

CURIOSIDADE:
A 16 de Junho de 2002, um grupo de 10 atletas do parque das Taipas inscreveu-se para a Corrida das Festas da Cidade do Porto com o nome - NAT-Núcleo de Atletismo das Taipas. Assim, nasceu um clube de atletas do pelotão, que foi gradualmente crescendo e cujo principal objectivo é incentivar as pessoas a adoptarem a corrida como exercício físico, de forma a terem um estilo de vida mais saudável.

ARQUIVO:
Este ano disputava-se a 11ª edição, desde 2002 sem qualquer interrupção que alinhei em todas, registando os seguintes tempos:
2002 - 1h00m32s
2003 - 1h00m30s
2004 - 57m50s
2005 - 56m34s
2006 - 55m26s
2007 - 56m25s
2008 - 55m45s
2009 - 54m31s

RESENHA:
Estava um belo dia de sol e uma temperatura a rondar os 18 graus, não fosse o vento, as condições eram óptimas para correr. Fiz um aquecimento calmamente e como tinha dorsal VIP nem me preocupei com o lugar de saída, o que é um certo privilégio. Como já referi, não me sinto em condições de poder dar o meu melhor no entanto para fazer um teste iria tentar correr cada parcial de 5 kms em 18m20s e, caso não houvesse quebras, daria um tempo final de 55 minutos, ainda longe do tempo do ano anterior.
O arranque foi dado sem problemas, primeiro km dentro da média pretendida e ia eu estrada fora a galgar os kms, dobrando a placa dos 5 kms com o tempo de 18m32s, comprometendo desde logo o objectivo inicial. Resolvi imprimir um pouco mais de força para ver se atingia o ritmo desejado, nas senti que ainda não reúno condições para tal.
Assim, o objectivo passou a ser o de chegar ao final no melhor ritmo possível e deste modo os segundos parciais de 5 kms foram corridos em 18m56s e os últimos já a lutar contra o vento de frente, em 19m26s, não foi nada de excepcional, contudo em termos físicos registei uma ligeira melhoria relativamente às corridas anteriores.

ARITMÉTICA:
Fechei a corrida com o tempo final de 56m54s, o que se saldou por 72º lugar na classificação geral, entre os 1,597 atletas que terminaram a prova e um 5º lugar em M45 entre os 238 atletas deste escalão.

O MELHOR:
Definitivamente as corridas da Runporto são as melhores que se fazem em Portugal. Tanto os atletas de elite como os do pelotão são unânimes em classificar a organização com cinco estrelas. A corrida está na moda e cada vez tem mais pessoas a aderirem e a Runporto muito contribui para que assim seja. Parabéns!

O PIOR:
Sinceramente, não consigo detectar nada de negativo! Era injusto apontar um defeito...

RETRATO:

terça-feira, 15 de junho de 2010

5ª Corrida das Caldas das Taipas

CITAÇÃO:
"A terra onde a lua fala..." - Ferreira de Castro

CURIOSIDADE:
Numa terra onde muitos eventos não passam das primeiras edições, a Corrida das Caldas das Taipas foi-se afirmando ao longo dos anos e, apesar de se realizar num mês em que o calendário de provas tem uma enorme oferta, tem conseguido manter-se. Para que isto seja possível muito contribui o NAT-Núcleo de Atletismo das Taipas, que fez alinhar à partida 41 atletas e que, durante o ano, nas corridas em que o clube participa, vai deixando o nome da vila inscrito no mundo da corrida!


ARQUIVO:
Este ano disputava-se a 5ª edição e eu tinha participado, obviamente, nas anteriores, resgistando os seguintes tempos:
2006 - 36m17s (9,6 km)
2007 - 35m20s (9,6 Km)
2008 - 36m57s (9,9 km)
2009 - 36m04s (9,9 km)

RESENHA:
Não me encontro num momento apurado de forma, a época já vai longa e o natural desgaste provocado pelas inúmeras corridas em que 'dei no osso' naturalmente apareceu, pelo que estar ao nível do ano anterior era difícil, no entanto ia tentar.
O percurso composto por três voltas não é fácil e, para atingir um tempo a rondar os 36 minutos, teria de percorrer cada volta em cerca de 12 minutos. Na primeira ainda cumpri esse tempo - 11m53s - mas na segunda não consegui manter essa cadência e o tempo baixou para 12m48s, por fim na última estabilizei no ritmo anterior e contabilizei 12m43s.

ARITMÉTICA:
Registei um tempo final de 37m24s para cobrir a distância de 9,9 km, cujo saldo se cifrou num 35º lugar na classificação entre os 155 atletas que terminaram a prova.

O MELHOR:
Um número significativo de público e o entusiasmo gerado na zona de partida e chegada!

O PIOR:
O percurso composto por 3 voltas iguais torna-se demasiado monótono para os atletas. O menor número de atletas relativamente ao ano anterior, facto que deve à coincidência de à mesma hora, estar a ser disputado o Campeonato Regional de Estrada em Vila Nova de Famalicão.

RETRATO:

terça-feira, 1 de junho de 2010

XI Famalicão - Joane

CITAÇÃO:
"Promover o desenvolvimento da comunidade, articulando diferentes áreas de actuação, numa lógica de promoção integral na população, através da cultura, saúde, ambiente, desporto, educação e solidariedade social."
Retirado do site do ATC - Missão

CURIOSIDADE:
A corrida Famalicão - Joane vai já na sua 11º edição. A organização como sempre (e muito bem) esteve a cargo do ATC - Associação Teatro Construção. A história desta associação é notável. Na génese da sua criação esteve o gosto pelo teatro de um grupo de jovens nos anos 70 e com o decorrer do tempo alargou a sua actuação a actividades de cariz social. Hoje é uma importante I.P.S.S. do distrito, que oferece à população de Joane uma vasta gama de serviços sociais, culturais e desportivos de excelente qualidade, desde a infância à terceira idade, sem esquecer a juventude.
A instituição soube transpor os ideais expressos na missão... as palavras saíram do papel e tornaram-se realidade!

ARQUIVO:
Ia ser a 6ª. vez que participava nesta corrida que ao longo dos anos sofreu algumas alterações no percurso e também nas distâncias.
Assim,
2002 - (1o,8 km) - 41m15s
2003 - (10,8 km) - 41m28s
2004 - (15 km) - 59m46s
2006 - (11,8 km) - 52m24s
2009 - (11,8 km) - 43m05s

RESENHA:
Após a ressaca da seca que marcou a Meia-Maratona do Douro e um período de grande azáfama na minha actividade profissional, o que além de me retirar tempo para me dedicar ao treino como deveria, roubou-me algumas horas de sono, essenciais para uma boa recuperação muscular. Assim, apresentei-me para esta corrida com objectivos modestos e sem grandes preocupações de tempo - a intenção era chegar ao final sem estar muito fatigado. Fiz a totalidade da corrida na companhia do meu amigo Manuel Mendes, desta vez sem entrarmos em competição, seguimos estrada fora, num ritmo forte mas longe do que recentemente fizemos e obviamente no que a breve prazo poderemos repetir!

ARITMÉTICA:
Cortei a a linha de chegada com o tempo de 45m04s para os 11,8 km do percurso que se saldou num 33º lugar na geral, entre os 401 atletas que concluíram a prova.

O MELHOR:
A corrida começou às 10h15m e já se sentia algum calor, todavia a organização dispôs para os atletas 3 pontos de abastecimento ao longo do trajecto, que recordo foi de 11,8 kms. Seria bastante interessante que outras organizações aprendessem como se deve proceder aos abastecimentos nas corridas.

O PIOR:
Este ano a corrida não teve a aderência de atletas de outros tempos! Sinceramente fiquei admirado e não me parece que a redução do valor dos prémios monetários nos lugares da classificação geral seja seja o principal motivo da ausência dos atletas do pelotão. Talvez o elevado número de provas existente nos meses de Maio e Junho explique alguma coisa.

RETRATO:

terça-feira, 25 de maio de 2010

5ª Meia-Maratona do Douro Vinhateiro

CITAÇÃO:
"A mais bela corrida do mundo!" (...e a pior organização do planeta!)

CURIOSIDADE:
5ª MEIA MARATONA DO DOURO VINHATEIRO - Regulamento
"17. Os abastecimentos serão assegurados pela organização em cada 5 kms, sendo que os bombeiros farão refrigeração com chuveiros caso seja necessário."

No site da prova, http://www.meiamaratonadouro.com/, retirei a seguinte notícia aquando da apresentação oficial no dia 6 de Maio de 2010.
"A EDP 5ª Meia Maratona do Douro Vinhateiro será disputada ao longo do Rio Douro, num percurso totalmente plano, acessível a todos, que liga o Pinhão e o Peso da Régua, numa das mais belas estradas do Mundo. Diferencia-se por ser o único evento a nível mundial que oferece a todos os participantes, para além de água e bebidas energéticas, Vinho do Porto nos abastecimentos de cinco em cinco quilómetros."

ARQUIVO:
Este ano disputava-se a 5ª edição e eu tinha participado no ano anterior, tendo registado o tempo de 1h19m26s.

RESENHA:
Em 8 anos que levo de dedicação à modalidade, como atleta do pelotão e com dezenas de meias-maratonas nas pernas, não julagava ser possível assistir a tamanha desorganização. A negligência foi tão grave que falhou no que de mais elementar deve existir numa corrida - a segurança e os abastecimentos aos atletas. Estava muito calor, seguramente uns 30 graus, mas isto não serve de desculpa para o crasso erro cometido!
A corrida não ia dar para grandes aventuras, pelo que parti com ambições de fazer um tempo dentro da 1h20m-1h22m. Primeiros kms corridos dentro da normalidade e ao ritmo desejado, mas desde logo se sentiu que a tarefa não ia ser fácil! No primeiro abastecimento, pouco antes dos 5 kms, ia inserido num grupo de uma dúzia de atletas e aqui foi dado o primeiro sinal que as coisas não iam correr bem. Dosi adolescentes entregaram água com muita dificuldade aos atletas, uma vez que a maioria das garrafas ainda estavam nas 'paletes' de plástico! Aos 5 kms registei o tempo de 19m20s, o calor aumentava e o objectivo inicial começava a ficar comprometido. Por volta dos 8 kms novo abastecimento muito mal assinalado e com pouco água disponível, no entanto ainda tive direito a uma garrafinha, embora estivesse como caldo, mas não deixava de ser água.
O meu ritmo começou a cair e passei os 10 kms com 39m40s, imaginando que haveria um abastecimento por esta altura, ou um pouco mais à frente, mas nada! Continuei a abrandar o ritmo até junto à barragem e nem sombras de abastecimentos - um fotógrafo, um militar da G.N.R e um operador de imagem da R.T.P. era o que por ali existia. Reduzi ainda mais o ritmo, correr com aquele calor e sem ter oportunidade de me refrescar seria sinónimo de sofrimento. Gosto de competir mas com condições para tal. Já não fazia grandes contas ao tempo final que iria registar, deixei-me deslizar admirando a imensidão do Douro e a pensar na ironia de estar a correr junto a um rio e a sentir a falta de água!
Quando dobrei os 15 kms com o meu cronómetro a assinalar 1h0015s e ao constatar que também aqui não havia abastecimento, desliguei-me por completo da corrida! Passaram atletas por mim, passei também por alguns que deixaram de correr e passaram a caminhar e todos vociferavam palavrões e impropérios contra a organização. Pouco antes de chegar à ponte, cerca dos 17 kms, havia vestígios da existência de um abastecimento, mas já não sobrava nada, apenas garrafas vazias espalhadas pelo chão!
A sorte é que a partir daqui tinha gente a asistir ou que ainda ia na caminhada, que começaram a auxiliar os atletas dando-lhes água conforme tinham e podiam, pois era tanta a procura para tão escassa oferta. Um amigo que participava na caminhada deu-me dois goles de uma pequena garrafa, disse-lhe para guardar o restante para os que vinham mais atrás, pois comecei a ter a percepção do drama que estava a acontecer aos atletas mais lentos. Fui até à meta, bem devagar, o menos desconfortável possível, concluindo assim esta triste corrida.
Em poucos minutos, comecei a sentir a revolta de todos os atletas contra a organização devido à falta de água a partir dos 8 kms de corrida, que crescia à media que iam chegando. O que se passou a seguir foi demasiado mau para ser verdade, atletas exaustos e desidratados a insultar a organização e estes a procederem como se fosse normal! Inacreditável!
Retirei-me e depois constatei que fiz bem, porque as cenas seguintes foram extremamente degradantes e desprestigiantes para a modalidade!

ARITMÉTICA:
O tempo final que fiz - 1h28m45s - pouco importa!
Gosto muito de corrida e também da região do Douro. Criei um enorme entusiasmo em volta desta 'meia' e o meu clube aderiu em massa ao evento. Estivemos representados na corrida com 35 atletas, uns mais rápidos, outros mais lentos e ainda contamos com 25 pessoas na caminhada, pelo que registei os seus relatos e todos foram unãnimes em afirmar a incompetência e o crime da falta de água durante a corrida.
Eu e mais alguns ainda tivemos direito a água até aos 8 kms, a maior parte só no primeiro abastecimento e ainda houve dois atletas que nem neste ponto conseguiram o precioso líquido. Recordo que pagamos de inscrição 14 € por cada atleta da 'meia' e 4 € por cada um que fez a caminhada.

O MELHOR:
O auxílio prestado pelos moradores e participantes da caminhada aos atletas!

O PIOR:
A organização - Do mais incompetente e negligente durante a corrida, colocando em perigo a saúde e a vida de muitos atletas!
Não satisfeita, mais tarde, não tendo a humildade de reconhecer os erros e tentando branquear tudo o que se passou, demonstrou pouca seriedade e profissionalismo!
Penso poder afirmar em nome de todos os membros do meu clube - enquanto a prova estiver entregue à empresa que organizou o evento, jamais voltaremos a correr ou a caminhar na Régua.

RETRATO:

segunda-feira, 17 de maio de 2010

4º Grande Prémio da Marginal

CITAÇÃO:
"Isto é uma corrida de solidariedade!"

CURIOSIDADE:
O Grande Prémio da Marginal é uma corrida disputada entre as margens da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, alternando anualmente a partida e chegada em cada uma das cidades. O evento, que além da prova de atletismo, conta ainda com uma caminhada e, este ano, foi também introduzido um passeio de bicicleta, para reunir o maior número de pessoas, afim de angariar fundos com as respectivas inscrições para a Associação Portuguesa de Paramiloidose. A paramiloidose é mais conhecida por doença dos "pezinhos", devido aos primeiros sintomas serem um constante formigueiro nos pés e aliado a uma perda de sensibilidade ao frio e calor. Esta doença é hereditária, crónica e progressiva e tem uma enorme incidência nas populações de Vila do Conde e da Póvoa de Varzim.

ARQUIVO:
Este ano disputava-se a 4ª edição e eu tinha participado nas duas primeiras.
Assim,
2007 - 36m38s
2008 - 35m51s

RESENHA:
As corridas de 10 kms não são as minhas favoritas. Gosto de distâncias maiores, pois dão-me mais gozo por não acabarem tão depressa! Atendendo ao meu momento actual de forma e à rapidez do percurso, tinha como objectivo fazer a prova pelos 36 minutos, dividindo em 18 minutos cada 5 kms. Infelizmente, não esteve tanta gente como em anteriores edições pelo que a partida foi feita sem qualquer problema. Este ano a partida e chegada eram na Póvoa, logo os primeiros 5 kms em direcção a Vila do Conde foram corridas com a preciosa ajuda do vento a favor, tendo contabilizado no retorno o tempo de 17m48s. Obviamente, no regresso com o vento contra e o natural desgaste da corrida não foi possível manter o mesmo ritmo e os segundos 5 kms sofreram uma quebra registando um tempo de 18m16s.

ARITMÉTICA:
Completei a corrida com o tempo final de 36m04s, sendo o 13º classificado na geral entre os 436 atletas que terminaram a prova; no escalão M45, quedei-me apenas pelo 5º lugar entre os 75 participantes. Os veteranos estiveram em grande! Destaco também a participação do meu clube, N.A.TAIPAS, com 33 atletas, que obteve o 2º lugar colectivamente entre as 35 equipas inscritas.

O MELHOR:
O magnífico percurso onde se desenrola a corrida, sempre com o mar ali ao lado!

O PIOR:
A fraca adesão dos atletas do pelotão. Pela causa, esta corrida merecia um número muito mais elevado de participantes. Talvez se a organização seguisse o exemplo de algumas corridas com fins idênticos que se realizam no Porto, de associar uma marca desportiva ao evento conseguisse atrair mais atletas e consequentemente mais fundos para tão nobre causa.

RETRATO:

segunda-feira, 10 de maio de 2010

XXVI Meia-Maratona de Cortegaça

CITAÇÃO:
"Entre o mar e a floresta"

CURIOSIDADE:
Não fosse a meia-maratona ali disputada, talvez eu nunca fosse visitar a vila de Cortegaça!
Tem uma bonita praia, frequentada por surfistas, devido às características das suas ondas. Se não padecesse do vento que fustiga as praias do norte, seria perfeita!
Ao largo da praia uma mata verdejante de pinheiros, além de valorizar a paisagem, dão um aroma ao ar que dá prazer respirar!

ARQUIVO:
Desde os primeiros passos nas meias-maratonas, esta fez quase sempre parte do meu calendário de corrida.
Assim,
2002 - 1h25m40s
2003 - 1h26m08s
2004 - 1h23m55s
2005 - 1h20m20s
2007 - 1h20m49s
2008 - 1h19m21s

RESENHA:
Quatro semanas após a Maratona de Roterdão e sem esquecer que a partir de agora e até ao dia 4 de Julho, todos os domingos, irei apresentar-me em corridas de distâncias que variam entre os 10 kms e a meia-maratona, estava decidido em não puxar muito pelas pernas. O objectivo era tentar manter um ritmo de 3m45s/km de modo a concluir dentro da 1h19m. Assim, tudo correu dentro do previsto, com cada parcial de 5 kms a serem corridos entre os 18m20s e os 18m40s. Nem o meu amigo Manuel Mendes, que a partir dos 12 kms acelerou, me conseguiu fazer alterar o objectivo. A procissão das corridas ainda vai no adro e as pernas querem que esta autêntica via sacra seja feita em crescendo e com prazer e nunca um calvário!

ARITMÉTICA:
Completei a 57ª meia-maratona da minha carreira com o tempo final de 1h18m55s, cujo saldo foi o 56º lugar entre os 575 atletas que terminaram a prova ; no escalão M45, quedei-me pelo 10º posto, entre 111 participantes.

O MELHOR:
A maior parte do percurso desenrola-se numa estrada no interior da mata, em muitos kms apenas a batida dos pés no alcatrão quebravam o silêncio.

O PIOR:
É de lamentar a morte de um atleta de 40 anos - à família e amigos os meus mais sinceros pêsames.

RETRATO:

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Maratona de Roterdão: "A criar vencedores há 30 anos!"




Finalmente, o post!

Após a maratona permaneci no país das tulipas mais uns dias a gozar umas mini-férias! Por pouco ia ter que prolongá-las, mas por umas escassas horas consegui escapar à nuvem de cinzas que está a provocar o caos no espaço aéreo da Europa e regressei a Portugal.

Pela terceira vez corri a Maratona de Roterdão. Em 2005 numa manhã de chuva ali completei a minha 2ª maratona, repleta de êxito. Voltei em 2007, com mais duas nas pernas e com aspirações a fazer um bom tempo, contudo uma onde de calor que invadiu a Holanda por aqueles dias, a minha falta de experiência e a teimosia em não redefinir os objectivos atendendo às circunstâncias climatéricas, ditaram a minha pior prestação em maratonas e uma corrida em que terminei com grande sacrifício e desilusão!

Apesar de tudo tinha prometido voltar! Como este ano a Fortis Marathon Rotterdam comemorava os 30 anos achei que era a ocasião apropriada para marcar novamente presença. Tenho família e amigos na Holanda que, além de me estimar muito, apreciam os atletas que correm uma maratona. Todos foram excepcionais no apoio que me deram nos vários pontos do percurso. Ouvi mais vezes "Força...go José!" durante esta corrida do que em todas as provas que já fiz em Portugal.

A manhã estava fria e cinzenta e pior que isso, ventosa! Depois de tomar um café expresso comecei o meu aquecimento 40 minutos antes do início da corrida. Estava mesmo bastante frio pelo que o melhor era movimentar-me para aquecer! Quando faltavam 15 minutos para o tiro de partida dirigi-me para o lugar que me era destinado e deixei-me ficar no meio da multidão para ver se me protegia melhor do vento frio que teimava em não amainar.

Como escrevi por aqui, tinha fixado o objectivo de chegar nas 2h45m. Talvez por influência da minha última prestação naquele mesmo lugar, achei que não deveria modificar muito o objectivo, mas introduzir algumas condições. Assim, a primeira era tentar seguir num grupo a um ritmo na ordem dos 3m55s/km até sensivelmente a meio, tentando deste modo evitar o desgaste acrescido que correr com vento provoca quando seguimos sozinhos. Depois reavaliava a situação, a forma como me sentia e redefinia a abordagem para a segunda parte da corrida, sem nunca esquecer que numa maratona o decisivo é o que se vai passar a seguir aos 30 kms.

No tapete de controlo da meia-maratona registei o tempo de 1h22m49s. Agradou-me, uma vez que me deixei ir na cauda de um grupo gerindo sem qualquer problema o esforço até então dispendido. No entanto, por volta do 23º km o grupo começou a baixar ligeiramente o ritmo, era justo ser eu a ir para a frente puxar e assim pensei, assim o fiz! Comandando o pelotão de uma dúzia de atletas, tentei abanar um bocadinho a corrida para ver se o ritmo não esmorecia, aumentei a cadência, mas o grupo não foi na minha onda pelo que ganhei uma distância de uns 20 metros e fiquei sozinho. Neste momento teria de tomar uma decisão - ou me faria estrada fora entregue a mim ou desacelerava e integrava novamente o grupo. Uma rajada forte de vento que se fez sentir naquele preciso momento tomou a decisão por mim, ainda não era a hora de avançar, voltei ao grupo, só que desta vez não fui para a retaguarda, fiquei na linha da frente.

Mais uns kms e o grupo começou a decompor-se, na passagem do 28º km seguia na roda de apenas três atletas. Um deles fez-me sinal para tomar a dianteira de forma a dar-lhe alguma proteção do vento. Não recusei a proposta e cheguei-me à frente e comecei a impor um ritmo de modo que não baixasse dos 4m00s/Km. Assim, nos 10 kms finais estava sozinho, no entanto sentia-me bem e ia procurar manter aquele ritmo até final. Dobrei imensos atletas que iam em perda. Este facto aliado aos imensos aplausos com que ia sendo brindado e que cresciam à medida que me aproximava da meta, foram um excelente incentivo para que as pernas continuassem leves e soltas.

Sem grande esforço, sem o desgaste sentido em outras maratonas, no dia 11 de Abril concluí pela 11ª vez a prova rainha do atletismo. O tempo final foi de 2h47m11s e a sensação que podia ter feito melhor! No entanto fiquei bastante feliz e parafraseando um companheiro das corridas "Melhores, são os que melhoram!" - O meu record na distância melhorou 36 segundos!

Estando bem preparado, a maratona é um passeio de 30 kms, uma prova de 12 kms e por fim uma série de 195 metros!

Como devem calcular tenho enorme simpatia por esta maratona. A partida dada por um tiro de canhão, o numeroso público ao longo de todo o percurso, em particular na ponte Erasmus e na recta da meta, a afectividade e a simpatia que a família e os amigos me brindam durante a corrida, são motivos mais que suficientes para que, num futuro próximo, regresse mais uma vez.


Está prometido!
Haja pernas!!!

terça-feira, 23 de março de 2010

A peregrinação no caminho para Roterdão.


A Meia-Maratona de Lisboa fez 20 anos! A 'meia' da ponte como é carinhosamente tratada pelos atletas do pelotão, através do mediatismo adquirido ao longo dos anos e da magia da travessia do rio Tejo sobre a majestosa Ponte 25 de Abril, é das coisas que qualquer corredor tem mesmo de experimentar, pelo menos uma vez na vida! Assim, ao longo dos anos foi crescendo, até chegar à bonita soma de 35 mil participantes! O tabuleiro da ponte repleto de pessoas como se estivesse coberto por um manto colorido e o olhar sereno do Cristo-Rei com os braços abertos sobre a multidão - é algo místico que tornou este evento uma verdadeira peregrinação, onde o atleta mistura o profano - a festa, com o sagrado - a corrida!

"Todos parecem transportar algo maior que eles enquanto correm, assim concentrados na estrada, sempre muito magros e fortes, lembrando as figuras de Giacometti, íntegras, verdadeiras até ao osso. Corredores de fundo: que feliz a expressão, como que sugerindo uma qualidade interior, algo escavado em nós, que vai dentro de nós. Mulheres e homens correndo porque sim, porque sim, porque sim, tanta gente com eles.

Têm isso de bom as maratonas (ou as meias ou minis, não importa) pôr uns juntos com os outros, e todos a correr os lugares comuns. Não numa pista de tartan igual a mil mas uma cidade concreta como não há outra; subir aquele alto que a ponte tem a certa altura e logo a seguir descê-lo, aproveitando o balanço, e depois correr num quase milagre mesmo por cima da água e chegar à cidade inventada ao pé do rio.

Correr, correr muito, até o corpo correr sozinho, até sermos só alguém que segue o seu próprio corpo, ao longe, a assobiar para o ar como os detectives nos filmes, com cuidado para não sermos notados, não vá o corpo virar-se e surpreender-nos ali, assim soltos, tão desasados e abstractos; e finalmente, mesmo que não se tenha feito um bom tempo, mesmo que seja o último classificado, passar a meta com os braços no ar e um sorriso na cara, só porque sim, um sorriso de fundo, só porque sim"

(Excertos do Livro: "Meia Maratona de Lisboa - Quinze Anos")

Também eu aqui comecei, pelo que hoje, depois de já ter corridas 55 meias-maratonas não deixo nunca de recordar a sensação que tive quando a concluí pela primeira vez!

Apenas 15 dias após o meu record na distância na Póvoa de Varzim e a 3 semanas da maratona, optei por fazer desta prova um teste, planeando desde logo um tempo intermédio entre o meu melhor e o que pretendo passar à meia-maratona em Roterdão, ou seja 1h22m.

Assim, concluí a prova com o tempo final de 1h19m30s, muito longe de acabar esgotado e correndo sempre dentro de um ritmo perfeitamente controlado. Fiquei satisfeito com as pernas!

Espero que a peregrinação seja um bom presságio para Roterdão.

O treino continua, a fé é inabalável!

terça-feira, 9 de março de 2010

Até o cego (do Maio) viu!

Ao longo dos anos que conto de corrida, participo sempre com muito agrado nas provas que se realizam na Póvoa de Varzim, aliás como por aqui já escrevi, esta cidade remete-me para recordações muito felizes dos tempos da infância. Assim, gosto de me apresentar na Póvoa em condições de lutar pelos melhores tempos. Os records aqui obtidos dão razão à minha aposta, os percursos são praticamente planos, desenrolando-se em grandes rectas e com passagens por um ambiente urbano, convidativo para o público brindar os atletas com aplausos e ânimo. Se a meteorologia der uma ajuda estão reunidos todos os ingredientes para que os tempos finais sejam sempre bons.

Como todos sabem, o mau tempo e a chuva tem dado poucas tréguas neste inverno. Apesar das previsões serem animadoras, a manhã deste domingo na Póvoa estava muito chuvosa. No entanto, os aguaceiros não foram suficientes para desmobilizar os cerca de 800 atletas que marcaram presença. Gostaria ainda de salientar a excelente organização a cargo do município, que montou a logística da corrida junto ao local de partida, no Pavilhão do Desportivo da Póvoa, disponibilizando ainda balneários para os atletas se equiparem e no fim, se assim o desejarem, tomarem o respectivo duche.

Em plena fase de preparação para a Maratona de Roterdão, com treinos intensos e muitos kms nas pernas, esta 'meia' iria servir para avaliar o estado de forma, mas com a tentaiva de bater o record pessoal da distância em mente! Tenho consciência que a minha margem de progressão já não é muito grande, deste modo os objectivos que traço para as corridas são realistas, alcançáveis, mas exigentes. A estratégia para o record era rodar em média a 3m39s/km e cada parcial de 5 km em 18m15s.

Partida dada debaixo de chuva miudinha, mas sem o indesejado vento. Primeiro e segundos kms corridos abaixo do programado e desde logo um grupo de uma dezena de atletas constituído. Eu e o meu amigo Manuel Mendes, que no passado travamos uma interessante luta, com a vitória a pender para o meu lado por escassos 18 segundos, seguiamos juntos e na dianteira deste pelotão. Num ritmo a rondar os 3m35s/km fomos galgando os kms e no encalço de um outro grupo que seguia 300 metros à nossa frente, onde rumavam duas atletas femininas, que como é hábito levam sempre muitos corredores na boleia do seu andamento.

Os 5 kms foram dobrados com o tempo de 18m05s e parecia que estávamos a encurtar a distância do grupo da frente. Quando pisamos o tapete de controlo de chip em Santo André, aos 9 kms, era notório que a distância efectivamente tinha diminuido, aliás alguns atletas desse grupo começaram a descolar e nós a ultrapassa-los. O nosso ritmo não sofria grandes alterações e na passagem dos 10 kms o nosso tempo era de 36m15s.

Entretanto o nosso grupo já se desmembrara, passou a trio, composto por mim, pelo Manuel Mendes e por um atleta da Galiza. Estrada fora, com grande espírito de entreajuda fomos ultrapassando um a um os atletas que entretanto iam em perda. Por volta dos 13 kms, cheguei a pensar que o Manuel e o galego iriam fugir-me, o ritmo continuava forte e as pernas parece que queriam vacilar. Relaxei um bocadinho, ingeri o gel que levava, retemperei forças e os 3 metros que me separavam do duo não eram suficientes para me fazer esmorecer. Aos 15 km o meu cronómetro registou 54m32s.

Por volta dos 16 kms já estava novamente colado ao duo. No entanto o galego forçou o ritmo e ganhou-nos uns 5 metros. A corrida estava boa e muito animada! Eu e o Manuel aceleramos para caçar o 'nuestro hermano' e o ritmo obviamente não baixava! Junto ao Casino, na placa dos 20 kms o espanhol já estava alcançado e o relógio marcava 1h12m52s. Uns metros mais à frente o Cego do Maio na sua pose característica parecia que avistava o meu record! Eu também sentia que iria conseguir! Já em pleno Passeio Alegre e com a meta à vista o ritmo era elevado, na ordem dos 3m30s/km, o duelo com o meu amigo Manuel estava ao rubro, ele que tantas vezes ameaçou que me ganharia ia um metro à minha frente! Ainda lhe disse que desta vez ele venceria, parecia-me mais forte e eu já ia muito próximo do limite. Nos derradeiros metros galvanizado pelos incentivos de muitos amigos que assistiam à corrida, num último fôlego e sprint, alcancei o Manuel mesmo em cima de linha de meta! O último km foi corrido em 3m25s! O tempo final, 1h16m43s! Um excelente record numa corrida disputadíssima!

Este ano talvez o Manuel merecesse ganhar, no entanto apesar de alguém ter dito que eu cheguei uma pontinha à frente, o tempo registado no chip de ambos revelava um empate! Os caprichos da tecnologia assim o ditaram, agora eu e o Manuel que saudavelmente gostamos de competir, no próximo ano voltaremos ao mesmo palco para desempatar. Por mim, fica desde já marcado!

Com Roterdão no horizonte do cronómetro o treino continua, mas daqui a 15 dias estarei em Lisboa para a peregrinação da ponte!

Haja pernas!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Ver Braga por um canudo!


Braga é sinónimo de muitos pergaminhos no atletismo. As equipas femininas do S.C. Braga, exemplarmente orientadas há mais de 30 anos por Sameiro Araújo, arrecadaram imensos títulos a nível nacional e internacional, fazendo, no passado emergir grandes atletas como Albertina Machado e Manuela Machado e recentemente Jéssica Augusto e Dulce Félix.

Estes motivos são mais que suficientes para que a cidade tivesse uma corrida como forma de homenagear todo este trabalho desenvolvido. A Câmara Municipal fez bem em meter mãos à obra e organizar o evento, cujo cartaz era composto por uma corrida de 10 kms e uma caminhada de 5 kms, realizadas num percurso sinuoso, de duas voltas para a corrida e uma para a caminhada, nas avenidas do coração da cidade.

Os atletas aderiram ao evento em número razoável, assim cerca de 500 atletas alinharam à partida na corrida principal e outros tantos para a caminhada. A inexistência de prémios monetários retirou nível e competitividade à prova, mas também permitiu que os atletas do pelotão pudessem brilhar mais.

No final, responsáveis autárquicos afirmaram que o município pretende dar continuidade ao evento, facto registado com agrado por quem gosta da modalidade. No entanto, parece-me que ainda há muito trabalho a fazer para que a corrida cresça e ganhe a simpatia dos atletas do pelotão. Assim, para que eu não tenha de recordar a expressão "Ver Braga por um canudo!", utilizada pelo meu pai para se referir a algo que desejava, mas que não conseguia ou corria bem, vou citar alguns aspectos negativos e que no futuro gostava de ver resolvidos:

-É lamentável anunciar uma corrida de 10 kms e depois de a corrida terminar chegar-se à conclusão que não tinha mais de 9.100 mtos;
-A não existência de placas a assinalar os kms é uma clara falha primária de organização;
-Correr numa faixa de rodagem e os automóveis circularem noutra, além de ser desagradável não me parece muito seguro; aliás; em matéria de segurança, o comportamento dos polícias que orientavam o trânsito foi ridículo, permitindo que condutores menos civilizados pusessem em causa a integridade física dos atletas;
-A caminhada atrapalhou na segunda volta os atletas da corrida principal, uma vez que acabava por deixar pouco espaço livre na estrada, obrigando-os a alguns zigue-zagues.

Obviamente, também teve aspectos positivos, nomeadamente as inscrições e os resultados na internet, o levantamento dos dorsais de forma fluida e os abastecimentos de água em abundância.

A minha corrida, não teve grande história. Nesta altura da época não simpatizo muito com corridas desta distância pelo que as encaro sempre como forma de ganhar ritmo para as meias-maratonas e maratona que vou correr na primavera. A ideia era concluir os 10 kms entre 36-37 minutos, rolando a um ritmo da ordem dos 3m40s/km. Como já referi a distância ficou aquém dos kms anunciados e o meu tempo final quedou-se pelos 32m19s a uma média de 3m33s/km para cobrir os 9.100 metros que o meu GPS assinalou, sendo 13º classificado entre os 416 que terminaram a prova e o primeiro classificado no escalão M45!

Apesar de nos últimos tempos ter que treinar com temperaturas negativas ou muito próximas dos zero graus, as pernas continuam activas, sem direito a hibernar.

Quem quer colher na primavera, não pode deixar de semear no inverno!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Meia-Maratona Manuela Machado: Bom prenúncio para 2010!

A Meia-Maratona Manuela Machado vai na sua 12ª edição e é legítimo afirmar que é já uma das melhores que se realiza em Portugal. A organização foi melhorando ao longo dos anos, atingindo agora agora um nível a rondar a perfeição. A mudança do local da partida foi excelente ideia e tornou-a mais fluída, os kms estavam devidamente marcados ao longo do percurso, havia abastecimentos a cada 5 kms e no final o habitual saco do prémio de presença era bastante recheado. A Manuela Machado foi uma grande atleta, esta prova que ostenta e bem o seu nome, merece em jeito de homenagem mais do que justa, ter uma grandeza condizente com a sua brilhante carreira.

O ano começou chuvoso e até agora os dias enxutos tinham sido uma raridade. Assim, o céu azul e o sol resplandecente em Viana do Castelo na manhã deste domingo deram mais brilho à já bonita cidade e também à corrida. Os atletas de pelotão aderiram em número record ao evento, pelo que estavam reunidas todas as condições para uma bela jornada desportiva.

Na parte que me toca, esta iria ser a primeira corrida do ano e se as condições climatéricas não fossem muito adversas, como aliás veio a acontecer, o objectivo era finalizar dentro da 1h18m. Apesar de me sentir bem, não acreditava estar num nível de forma que pudesse atacar o meu record pessoal.

Depois da Manuela Machado, humilde e simpaticamente ter agradecido a presença de todos, foi dado o tiro de partida. Saída sem problemas, primeiro km como habitualmente mais rápido -3m30s - de modo a evitar atropelos e ficar com a estrada livre para poder entrar o mais rapidamente possível no ritmo desejado, 3m40s-3m42s/km. Obviamente que as oscilações do percurso acabam por alterar um bocadinho estes pressupostos, mas é importante manter a cadência para que o perdido quando se sobe seja compensado depois quando se desce. A experiência ensinou-me que quando se consegue manter um ritmo regular, o resultado final acaba sempre por ser bom!

Assim,

- aos 5 kms, passei com um tempo de 18m10s, 3m38s/Km, fruto do ímpeto inicial, da necessidade de ajustamento ao ritmo pretendido e de o terreno ser praticamente plano;

- aos 10 kms, o meu cronómetro assinalou 36m50s, ou seja 18m40s no segundo parcial de 5 kms, a uma média de 3m44s/km, justificada pela elevação do terreno e algum vento contra;

- aos 15 kms, o marcador electrónico anunciava 54m45s, com um parcial de 5 kms feitos em 17m55s, à média de 3m35s/km, desta vez foi a benção do desnível do terreno e uma brisa pelas costas a reflectir-se no andamento;

- aos 20 kms, quando já não há muitas contas a fazer e onde o veredicto da corrida está quase ditado, o meu tempo era de 1h13m25s, contabilizando no último parcial de 5 kms, 18m40s à média de 3m44s/km, influenciada pelo sobe e desce do percurso e claro, pelo natural desgaste da corrida;

- o último km é aquele em que já nem sei se vou a correr, a voar, a penar ou a delirar! Quando avisto o pórtico final esqueço-me que o percurso sobe ligeiramente e que o piso é de um desconfortável empedrado. O meu olhar fixa apenas o cronómetro electrónico onde os impiedosos números amarelos constantemente se alteram. Entro numa cavalgada de êxtase até à meta, numa luta absurda entre mim e o tempo, em que este me conseguiu vencer por uma ínfima fracção!

Finalizei, com 1h17m21s, a escassos 11 segundos da minha melhor marca pessoal, no entanto estava feliz pela corrida que fiz! Foi a primeira meia-maratona do ano e as pernas tem razões mais que suficientes para sorrirem! Este resultado constitui um bom prenúncio para me poder lançar na melhoria do meu record na distência no decorrer de 2010!

Pernas ao ataque!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Das Taipas a Moscovo!




O título é ambíguo, mas tem um fundo de verdade!

Entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2009 corri 4.636 kms! Com estes kms, percorreria a distância das Taipas a Moscovo e ainda sobravam alguns metros para dar umas voltas na Praça Vermelha a observar o Kremlin!

Assim, em jeito de balanço do ano que terminou, através da preciosa ajuda do Garmin Forerunner e do programa informático SportTracks, vou partilhar com a malta da blogosfera o resumo do meu registo de corrida:
  • Kms................................ 4.636
  • Dias de treino/competição..... 351 (96,11% => 351/365)
  • Dias de descanso efectivo...... 14
  • Horas de treino/competição... 340h53m
  • Calorias gastas.................. 348.134
  • Variação de peso................ 65,1 Kg<---> 66,8 Kg
  • 17 Competições:

Maratonas (2)

Meias-Maratonas (8)

15 kms (2)

12 Kms (1)

10 Kms (4)

Para cumprir esta odisseia, rompi uma meia dúzia de pares de sapatilhas, escorreu-me muito suor pela face nos dias de calor e apanhei com muita chuva no Inverno. Umas vezes correndo quando o dia estava a nascer, outras com o sol a pôr-se, apreciando estes momentos de rara beleza oferecidos diariamente pela natureza, mas que passam despercebidos à maioria das pessoas!

Quem corre por gosto não cansa e o sentimento de glória ao cortar a meta, depois de cumpridos os objectivos, é de enorme satisfação...não há palavras para descrever!

Espero que as pernas continuem de boa saúde em 2010 e quem sabe para o ano, por esta altura, estarei aqui a dizer que fui das Taipas ao Cazaquistão!