sábado, 8 de setembro de 2012

CORRER PARA CRIANÇAS - De Guimarães a Santiago de Compostela.

 
 “O Caminho começa na porta da tua casa.”
Segunda-Feira,20 de Agosto.
Pouco passava das oito horas da manhã quando cheguei à Casa da Criança. Uma colaboradora convidou-me a entrar, cumprimentou-me simpaticamente e desafiou-me a subir, porque a casa já tinha acordado e as crianças já estavam nas suas rotinas - acordar, tomar banho, vestir e tomar o pequeno-almoço. Acompanhei-a enquanto ia abrindo as janelas dos quartos e saudava de bom dia todos os petizes que já estavam acordados e bem despertos para a brincadeira.Numa das salas, já de banho tomado e a ser hidratada, estava uma menina de sorriso traquina, olhos escuros, pele de ébano e cabelos aos caracóis - a pequena Diana. Entusiasmada, liderou o diálogo:
- Olá! Tu para onde vais?
- Eu vou correr, Diana!
- Ahhh! Eu vou para a piscina! Eu sei dar muitas cambalhotas, sabes?!
- Muito bem, Diana!
Pouco depois da badalada das oito e meia da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, em pleno centro histórico de Guimarães, iniciei a minha viagem rumo à Catedral de Santiago de Compostela. Subi a rua D. Maria, passei no Largo da Mumadona, subi pela parte lateral do Castelo de Guimarães seguindo pela estrada nacional até entrar na ciclovia, construída na antiga linha do caminho-de-ferro que ligava Guimarães a Fafe. Estava um dia de sol bonito, que prometia calor, ainda com poucos kms nas pernas e já adaptado aos 4 kg que carregava às costas na mochila, tinha já uma certeza enorme: A pequena Diana também ia na bagagem e ia ser minha companhia nesta longa peregrinação.
Depois de chegado a Fafe, abalei por estradas secundárias em direcção a Lagoa e decidi fazer uma pausa, junto à Capela da Senhora das Neves, pois já contabilizava quase 30 kms - estava na hora do almoço e temperatura já era superior a 30 graus!
Aviei uma sopa de couves, uma massinha com carne e duas maçãs numa mesa de pedra que tinha debaixo de uma árvore, já que o interior do ‘snack-tasco’ estava repleto de emigrantes que comunicavam entre si aos gritos num dialecto que era uma mistura de português e francês, com predominância dos típicos palavrões do norte de Portugal.
No terreiro da Senhora das Neves preparavam com afinco a romaria da santa que se iria realizar no fim de semana, sendo que nos altifalantes colocados junto aos sinos da capela o Quim Barreiros, com os decibéis no máximo, lá cantarolava o “ponho o carro, tiro o carro, à hora que eu quiser… que garagem apertadinha, que doçura de mulher…” - o Minho no seu melhor!
 
Eram umas quatro e meia, o calor ainda era muito, mas aquela sonoridade que poluía os meus ouvidos não era a melhor, pelo que resolvi arrancar rumo a Salto. Num ápice cheguei a Aboim e depois ia enfrentar uns 15 kms desertos, abasteci-me bem de água e enfrentei a serra, onde vi ovelhas, cabras, cavalos selvagens, mas pessoas nada! Depois de ter chegado novamente à civilização, ou seja, ao atravessar a estrada nacional Póvoa de Lanhoso – Cabeceiras de Basto, passei pela Igreja de S. Nicolau, em Gondarém e fiz uma breve pausa numa mercearia, para me abastecer de água e comer umas bananas que a senhora simpaticamente ofereceu, dizendo que estavam demasiado maduras e que se iriam estragar.



Depois desta aldeia ia enfrentar mais uns 10 kms desertos subindo até Busteliberne. O calor continuava mas o arvoredo junto aos caminhos municipais atenuava um pouco o estio. Depois desta escalada, continuei a correr a um ritmo moderado, apreciando o quanto é maravilhoso estar no alto da serra e ver o mundo de cima. Lembrei-me da pequena Diana e que talvez ela gostasse de dar cambalhotas ali no alto! Com estes pensamentos e entusiasmado por esta mágica visão, estava a chegar a uma aldeia que eu julgava ser Torrinheiras, mas encontro uma placa a dizer Porto de Olho! Por sorte estava um lavrador junto a um casebre, dirigi-me a ele e perguntei como ia para Torrinheiras e quantos kms distanciava de ali. Apontou-me a direcção, porque nas aldeias ninguém diz se é direita ou esquerda e disse que seriam uns 3 kms. Numa primeira fase fiquei aborrecido com o engano, mas depois até achei que valeu a pena, pois Porto de Olho era um nome fantástico e que definia na perfeição a bela paisagem com que os meus olhos eram brindados! Finalmente, cheguei a Torrinheiras, desci até à estrada nacional Montalegre – Cabeceiras de Basto, a noite começava a cair, mas estava apenas a 6 kms de Salto e do Restaurante Borda D’Água, onde a Dª. Maria me ia dar comida e dormida.

O primeiro dia estava concluído com 66 kms nas pernas e 8 litros de água consumidos! Depois de um duche retemperador e de ter comido umas quantas batatas cozidas com peixe grelhado atirei-me para a cama para o merecido descanso!

 
Terça-Feira, 21 de Agosto.
Acordei bem cedo como aliás é meu hábito. Preparei a mochila e estava pronto para logo que a Dª. Maria abrisse o estabelecimento eu pudesse tomar o pequeno- almoço e fazer-me à estrada. Todavia às sete horas ainda estava fechado e tudo muito silencioso. Como no dia anterior, na passagem, tinha visto uma padaria fui para trás ao seu encontro. Aviei quatro pães com nutella molhados por um chá e a seguir tomei um café. Neste entretanto, os clientes que aí chegavam tinham uma opção de pequeno-almoço bem diferente - ou era cerveja com croissants ou vinho do porto fresco com bolas de berlim!
Acertadas as contas com a Dª. Maria e depois desta me ter dado uma data de maluco por ir a correr até Boticas, eram umas oito e um quarto quando dei início ao segundo dia da viagem. A estrada de Salto a Boticas é um carrossel de subidas e descidas, tem um bom piso, mas é quase totalmente deserta de casas - não fossem os carros dos emigrantes que de vez em quando passavam, a estrada estava por minha conta. Por artes do progresso as auto-estradas chegaram a Trás-os-Montes e a crise ainda não devolveu o trânsito às estradas nacionais. Num ritmo controlado, porque o calor começava a apertar, fui galgando kms e kms, sempre com a preocupação de me hidratar bem. Com cerca de 24 kms nas pernas e a temperatura a rondar os 30 graus a água começou a escassear, mas estava confiante que iria aparecer a qualquer momento uma casa ou um café na beira da estrada para eu poder abastecer os cantis da mochila. Mas nada, deserto autêntico, apenas o alcatrão que rasgava a serra do Barroso! Saltou-me à memória mais uma vez a pequena Diana e que, seguramente, com aquela tenra idade já tinha ultrapassado dificuldades muito piores!
Estava entretido com os meus pensamentos até que, ao longe enquanto descia, avistei um pequeno tractor na berma da estrada. Alto - ali deve haver gente! Quando me aproximei estava um rapaz a tomar conta de umas vacas que por ali andavam. Perguntei-lhe se havia algum café junto à estrada ali próximo – ele respondeu que havia um restaurante a seguir a um altinho, mas que ainda faltavam uns 3 kms! A notícia não podia ser melhor pois estava mesmo a ficar nas lonas de água! Lá fui controlando os kms à espera do altinho e do fim dos 3 kms, no entanto para um transmontano, um ‘altinho´ é uma subida generosa e o meu informador enganou-se num km. Menos mal!!
Entrei no restaurante, bebi uma água, abasteci os cantis e perguntei ao senhor que estava atrás do balcão quantos kms eram até Boticas. Disse-me que eram seis mas que já não subia mais, que aliás até ia começar a descer muito, pelo que eu em 20 minutos me punha lá e ainda apanhava fresquinho na cara! Tive de lhe esclarecer que vinha de Salto a correr, que não estava de bicicleta!
- Porra! Você é maluco! Olha a correr com este calor, aproveite a boleia aqui de um cliente que vai sair agora para Boticas e “num seja doudo”!
- Obrigado por tudo mas vou fazer-me novamente à estrada!
Nem arrisquei dizer-lhe que ia até Santiago de Compostela! Lá fui avistando Boticas do alto e fui descendo com cautela, a descida era demasiado acentuada que até cheguei a pensar que se calhar o melhor era subir!
Parei na Câmara Municipal de Boticas com 33 kms nas pernas, um escaldão valente no lombo e quatro horas e quinze minutos de corrida!
Entrei no primeiro restaurante e perguntei o que tinha para comer.
- Sabe? Já passa um bocadinho da hora do comer, mas ainda temos jardineira.

Marchou a jardineira e depois fui para uma sombra descansar. Mas mesmo à sombra estava quente, 35 graus disseram-me depois! Sentado na relva ia observando a praça envolvente, até que numa casa antiga vejo escrito Biblioteca Municipal. Nem hesitei, entrei na biblioteca e pedi à menina que estava no atendimento se podia descansar ali um bocadinho. Expliquei-lhe para onde ia e que estava a fazê-lo também por uma causa. Recebi o primeiro elogio e indicou-me um corredor que tinha um sofá muito confortável junto à sala infantil.
Mais uma vez a pequena Diana assolou-me ao pensamento - podia ler-lhe uma história ou ela rabiscar um desenho para mim!

Por ali descansei deliciosamente durante 3 horas, sem esquecer a imprescindível hidratação! Para tentar minorar os efeitos do calor, arranquei pouco passava das cinco e meia. Pelas minhas contas para chegar a Chaves eram 20 kms e tinham-me dado a informação que era ‘plaino’ pelo que ia gerir o esforço e controlar o ritmo de modo a completar a etapa em cerca de três horas. Curioso é que como a malta agora só anda de carro, não faz a mínima ideia do que é subir e descer, aliás os primeiros 4 kms foram sempre a subir e depois ora subia, ora descia, obviamente nada de grandes oscilações - mas daí até ser “plaino” ia uma diferença muito grande!
Cheguei a Chaves a noite estava a cair e em vez dos 20 kms anunciados tive que correr mais 2,5 Kms, nada de grande importância para quem totalizou no fim desta jornada quase 56 kms, muitos deles num clima bastante adverso! Arranjei rapidamente poiso e depois do duche tomado, também foi simples encontrar uma pizzaria para comer uma boa dose de esparguete, para de seguida cair na cama para dar o justo descanso ao corpo!

Quarta-Feira, 22 de Agosto.
O despertador tocou às seis e meia da manhã e às sete já estava numa padaria a comer umas três sandes de pão com marmelada, regadas com chá de cidreira e para rematar um café. Estava determinado em começar bem cedo – atleta escaldado do calor tem medo! Sabia que este dia seria mais calmo e com menos kms que os dias anteriores, no entanto ainda faltavam mais de 200 kms para chegar a Santiago.  A partir de Chaves já existiam as setas amarelas do caminho, mas convinha não me deixar levar pelo entusiasmo e embarcar em ritmos muito fortes! Não havia sol, o tempo estava fresco, segui por um caminho pedestre em terra de um parque junto ao rio Tâmega e fui deixando a cidade para trás. Entrei em estradas municipais em direcção à aldeia de Vilarelho da Raia que, como o nome deixa adivinhar, fica a dois passos de Espanha. Nesta povoação parei num centro comunitário onde me colocaram um carimbo na minha credencial e pela primeira vez ouvi as palavras - Bom Caminho! Já em território espanhol vejo no caminho o primeiro marco em pedra com o azulejo da concha indicando o caminho.
Uma vez mais a pequena Diana ocupou-me o pensamento e transportou-me até à minha infância - Como eu gostava de ir a Espanha com os meus pais comprar aqueles caramelos que se pagavam aos dentes!
O sol só abriu quando eu já tinha uns 17 kms nas pernas pelo que já estava mais de meio caminho andado nesta etapa. A construção das auto-pistas provoca danos no caminho, retiram a sinalização e não a recolocam! Senti-me um bocadinho perdido, mas acabei por encontrar sempre o rumo certo. O progresso é inimigo do caminho, mas Santiago ajuda! Finalmente, cheguei ao Albergue de Verin percorrendo 29 kms em cerca de 3 horas desde Chaves, confesso que sem grande desgaste!
 
Depois de um almoço de patatas cocidas e uma chuleta de ternera, fui descansar para um parque junto ao rio Tâmega, que ficava nas proximidades do albergue, local por onde iria continuar o caminho. Deitei-me na relva, à sombra de uma árvore e antes da partida ainda estive com as pernas de molho nas águas do rio. Observando as crianças que no rio  chapinhavam alegremente, recordei novamente a pequena Diana e o seu sorriso quando me disse que ia para a piscina! Como a etapa não ia ser muito longa, parti quando eram umas seis e meia e o sol já não queimava tanto. Os primeiros 6 kms foram percorridos numa estrada nacional, mas depois entrei em caminhos agrícolas, em terra umas vezes, por entre milheirais, outras por entre montes, o que me deu um certo gozo e um cheirinho a trail!
Já tinha ultrapassado os 10 kms quando me cruzei com um agricultor e num portunhol irrepreensível perguntei-lhe quanto faltava para Laza. Respondeu: 7 kms! Ao que retorqui: Gracias! 300 metros mais à frente cruzei-me com outro agricultor e repeti a mesma pergunta, sendo que a resposta deste foi: 5 kms! Nestes casos o melhor é fazer a média, pensei para as minhas pernas! Cheguei ao Albergue de Laza ainda era bem de dia, em cerca de duas horas e meia para cobrir os 19 kms da etapa da tarde. Assim, neste terceiro dia contabilizei 48 kms e a meio desta aventura tinha já um acumulado de 169 kms, faltava quase outro tanto até chegar a Santiago.
Neste albergue, encontrei três italianos que estavam muito reservadamente a escrever, duas húngaras um bocadinho mais comunicativas e dois polacos, estes sim muito extrovertidos, que fizeram questão de me oferecer uma cerveja, depois de saber de onde vinha e qual a causa que me fazia correr! Depois de tomar a cerveja com eles, disse-lhe que amanhã seria a minha vez de pagar em Orense. Gargalhadas da parte deles, pois diziam que nem no dia seguinte iriam chegar a Orense e isentaram-me desde logo de lhes oferecer a cerveja!
Laza é uma terra pequena pelo que foi fácil arranjar onde comer e em pouco tempo já estava no albergue a descansar. Sentia-me muito bem, a jornada do dia foi relaxante, mas sabia que os dois próximos dias iriam ser complicados - as distâncias iam aumentando e os percursos iriam ser muito sinuosos.
 
Quinta-Feira, 23 de Agosto.
Às seis horas e meia, quando ainda era bem de noite, fui acordado por um toque de telemóvel com o som harmonioso de sinos de igreja! Os italianos tinham mesmo pinta de pessoas ligadas ao clero e que estavam a peregrinar com muita devoção, sendo que o toque de telemóvel confirmou as minhas suspeitas! Saíram os italianos, saíram as húngaras e só depois eu fui preparar as minhas coisas para ir para o centro da aldeia, tomar o pequeno-almoço e meter de novo as pernas ao caminho. Estava até de certa forma relaxado, pois apesar da jornada do dia prometer dureza, a meteorologia anunciava céu muito nublado, possibilidades de chuva e temperaturas na ordem dos 20 graus, o que para mim era uma excelente notícia. Assim, quando abalei faltava apenas um quarto de hora para as nove da manhã (obviamente pela hora espanhola), que já tinha devidamente actualizado. Esta etapa tinha a extensão de cerca de 33 kms e como o percurso iria ter um grau de dificuldade elevado tinha estimado 5 horas para a concluir. Os primeiros kms são por pequenas estradas de asfalto, mas a partir de Tamicelas as subidas com forte inclinação começam a surgir, percorrendo caminhos similares a corta-fogos, com vistas deslumbrantes sobre os vales - puro trail!

Ao passar numa terra de nome Albergaria é obrigatório parar no Rincon del Peregrino, um pequeno estabelecimento decorado com milhares de conchas de Santiago, autografadas pelos romeiros que passam. O senhor Luís cumprimentou-me, demos duas de treta de conversa, abasteci-me de água, ele carimbou-me a credencial e passou-me para a mão uma concha e um marcador para eu rubricar. Além da rubrica, desenhei o logótipo da Casa da Criança e escrevi CORRER PARA CRIANÇAS. Este gesto trouxe-me à memória a pequena Diana e como ela iria gostar daquelas conchas e de fazer um desenho numa! Tirei duas fotos e fiz-me de novo ao caminho, quando 300 metros mais à frente verifico que me tinha esquecido lá do telemóvel, voltei para trás e ainda não tinha chegado, já o senhor Luís estava a entrar para a sua velha Seat Terra para me alcançar e entregar-mo! O caminho é solidário!
Com 15 kms nas pernas, no monte Talarino passo diante da famosa cruz de madeira, que me era familiar das fotos dos meus amigos que praticam BTT e que já tinham feito este percurso de bicicleta. Por volta dos 20 kms e dentro do tempo que tinha estipulado, chego a Vilar de Barrio, paro apenas para carimbar a credencial no albergue desta localidade e sigo viagem. Atravesso longos caminhos em terra batida, mas planos, até chegar a Bobadela e antes de chegar a esta localidade ainda existem vestígios da calçada romana de uma via que ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga). A partir daqui é um sobe e desce num piso onde existe muita pedra, muito bom para treinar técnica de trail! Por fim, chego a Xunqueira de Ambía, onde terminava a etapa da manhã, assinalando o meu cronómetro 32,5 kms e quatro horas e cinquenta minutos, portanto dentro do que tinha delineado para esta etapa e sem grande desgaste físico, pois o tempo era ameno e de feição para a corrida!  “Dios, ayuda e Santiago Intercede!”
Xunqueira de Ambía é uma bonita localidade com uma igreja românica, mas que infelizmente estava fechada, pelo que só pude apreciar o seu exterior. Tinha estipulado fazer uma paragem de três horas, que era mais que suficiente para almoçar, descansar e abastecer-me do necessário para a viagem até Orense. O objectivo era chegar a Orense por volta das nove horas da noite, portanto com o dia a cair. Para cobrir os cerca de 20 kms que tinha para fazer e analisando a altimetria do terreno, achava que iria precisar de umas duas horas e meia, já entrando em regime de poupança para a difícil etapa que me esperava no dia seguinte. Arranquei pouco passava das seis da tarde e como o percurso era quase feito no alcatrão de estradas nacionais, recordei os longos treinos que fazia na companhia dos meus amigos do N.A.T. (Núcleo de Atletismo das Taipas), aquando da preparação das maratonas. Este percurso é aborrecido, pois além do alcatrão, às portas de Orense atravessa-se um parque industrial, onde o ruído e o barulho dos carros me incomodou solenemente, para quem gosta de correr no silêncio da montanha, isto é uma tortura! Lembrei-me que a pequena Diana de quem guardo a imagem de uma cara sorridente, que de vez em quando também é capaz de fazer a sua birra! Já no interior da cidade vemo-nos forçados a correr por cima de passeios e desviar de pessoas, além de identificar as setas do caminho, o que faz com que seja uma tarefa mais complicada. Pelo meio destas contrariedades lá cheguei a uma enorme rotunda, onde uma seta para esquerda indicava o Caminho de Santiago e outra para a direita o albergue. Parei ali! Contas feitas 21,3 kms, em pouco mais de duas horas e meia! Fui caminhando seguindo as indicações do albergue, mas daquela rotunda até ao dito cujo, ainda foi mais de 1 km numa avenida larga, muito movimentada e com uma ligeira subida. A minha intenção era chegar ao albergue antes das nove, mas tal não foi possível, só por volta das nove e um quarto é que estava lá. Ainda tive que esperar uns 10 minutos pelo responsável do albergue para me carimbar a credencial e indicar-me a camarata onde ia pernoitar. Fui jantar a um restaurante por ali perto e tinha a esperança de encontrar um supermercado ainda aberto para comprar uns cereais para o pequeno- almoço do dia seguinte, pois precisava de algo muito nutritivo para enfrentar a dura jornada que me esperava. Vi uma farmácia aberta e por sorte, além dos cereais para crianças, tinham também para venda uma gama destes produtos para adultos. Escolhi uns à base de aveia que eu tanto gosto e muito energéticos. Mais uma vez D.A.Y.S.I! Jantei salada de tomate, esparguete com um bife de boi e às dez e meia já estava a entrar no albergue.
Na cozinha encontrei o Rodrigo que estava a preparar umas coisas para comer - um andaluz que já estava a fazer a via da prata há 25 dias. Ele perguntou-me de onde eu vinha e lá lhe estive a explicar que estava a fazer o caminho a correr e a causa pela qual o fazia. Felicitou-me e deu-me os parabéns, além de elogiar a minha condição física para fazer tantos kms por dia! Sinceramente, gostei de ouvir! A jornada seguinte ia ser dura e receber uma dose de moral nunca fez mal a ninguém!

Sexta-Feira, dia 24 de Agosto.
Esta era a jornada em que eu estimava que iria precisar de umas nove horas de corrida para chegar ao destino – Silleda. Sendo que a etapa da manhã, com uma extensão de aproximadamente 38 kms eram quase na totalidade feitos a subir! Acordei cedo, como de costume e preparei uma papa com os cereais comprados na véspera, aos quais adicionei água quente. Comi duas tigelas bem cheias e ainda duas bananas que tinha trazido da noite anterior do restaurante. Equipei-me e fui descendo a avenida até à rotunda que tinha a indicação do Caminho de Santiago. Tomei um café e às oito horas estava de partida. O céu estava carregado de nuvens, não havia sinais de sol e a temperatura era muito agradável para correr. Os primeiros 2 kms, ainda dentro de Orense, foram bastante agradáveis, mas depois de passar a ponte romana sobre o rio Minho, e à medida que a cidade ficava para trás, começou uma verdadeira escalada de 3 kms que até a caminhar custava…19% de inclinação! Chamavam a isto o Caminho Real - foi na verdade uma real estopada! Fui correndo quando podia e caminhando quando me deparava com pendientes muy fuertes.
No entanto a paisagem era agradável por entre um bosque de carvalhos e castanheiros. Cerca dos 14/15 kms aparece a aldeia de Bouzas e onde me detive na parada do peregrino.
Subi umas escadas e escutei uma voz que dizia: “Viene un portugués corriendo! Apareci de repente e exclamei: “Sou eu!!!!” Era o Rodrigo que estava a comentar com o senhor Gonzalez! O Rodrigo fez umas fotos comigo, bebi dois goles de água, abasteci os cantis e fiz-me de novo ao caminho que ainda tinha muito que palmilhar! Em duas horas e quinze tinha apanhado o Rodrigo que tinha saído ainda de noite, hora e meia antes de mim - nada mau! As dificuldades continuaram porque as subidas eram uma constante, mas lá fui seguindo num ritmo confortável. Entretanto começa a chuviscar - primeiro até achei que tinha sido uma bênção, mas quando a chuva começou a engrossar e eu a ficar molhado, sentindo algum frio próprio da montanha e a constatar que a roupa que trazia na mochila também ia ficar molhada, não considerei que tenha sido uma graça dos deuses. Neste momento lembrei-me de uma expressão que relembro aos meus companheiros quando estes se escusam de correr à chuva – Chuva é vitamina para atleta! Saltou-me mais uma vez à memória a pequena Diana e pensei se ela gostaria de apanhar chuva nos seus caracóis! Pareceu-me que a ouvi dizer que sim! Engolindo os kms como podia e moralizado por estes pensamentos cheguei a San Cristovo de Cea, encharcado pela chuva, mas com a alma lavada! Fiz uma ligeira pausa no albergue, apenas para carimbar a credencial e imediatamente meti as pernas ao caminho, pois não queria arrefecer! Faltavam cerca de 14 kms para Dozon, mas atendendo às dificuldades climatéricas que entretanto foram molhando as pedras do caminho e tornando-o escorregadio e à altimetria do percurso, calculei que iria precisar de umas duas horas. Continuei por entre bosques de carvalhos e castanheiros, nos quais as folhas iam caindo com o vento que de vez em quando soprava, a chuva entrou num regime de bátegas não muito fortes e por fim lá cheguei a Castro Dozon, depois de ter esbichado 37 kms, duros e molhados, em cinco horas e quarenta e cinco minutos!
Naquele instante não chovia, mas o céu estava com nuvens muito carregadas. Fiz uma pausa de duas horas e meia, tempo suficiente para comer, tentar secar a roupa e descansar um pouco. Dozon é uma localidade pequena, pelo que depois de carimbada a credencial no albergue e de ter tirado a foto da praxe, fui ao único café que havia na localidade - o Café Bar Anton. A cozinha estava prestes a fechar, mas a menina ainda me arranjou uma sopa quente e um esparguete com carne. Curiosamente, não estava com muita fome, pois as barras e os geles energéticos que fui ingerindo ao longo da etapa tinham-me saciado. Assim, estava mais interessado em secar a roupa, pelo que me fechei na casa de banho e naqueles secadores de mãos fui secando pacientemente as peças de roupa que estavam bastante húmidas. Entretanto recomeçou a chover e a hora de eu abalar aproximava-se! Resguardei conforme pude as peças de roupa já quase secas em sacos de plástico dentro da mochila e fiz-me ao caminho com uma chuva miudinha. Eram cinco da tarde e eu estimava que precisaria de umas quatro horas para engolir os 27 kms que faltavam até Silleda, ou seja, se tudo corresse bem chegaria com a noite a cair. Grande parte do trajecto alternava entre o asfalto com caminhos rurais, num constante sobe e desce. No asfalto, e com chuva a cair com mais intensidade, imprimi um ritmo mais forte, como querendo fugir dela! Mas, nos caminhos onde as pedras milenares gastas pela passagem dos peregrinos estavam escorregadias, teria de ter cuidados redobrados e abrandar drasticamente o ritmo. Com 15 kms e uma hora e cinquenta de corrida entrei no albergue de Lalin, aonde estavam dois jovens polacos que ali iam pernoitar. Ficaram atónitos a olhar para mim quando eu lhes disse que vinha de Orense e estava determinado a dentro de duas horas estar em Silleda. Carimbei a credencial, abasteci-me de água, os polacos desejaram-me – Bom Camino! – e eu abalei para os derradeiros 12 kms que me faltavam para completar esta longa jornada! A paisagem por estas bandas era maravilhosa, mas o cinzento do dia retirava-lhe o brilho. Ao passar em Taboada, e depois de atravessar a ponte romana sobre o rio Deza, tive que dominar com mestria a calçada romana que se apresentava muito escorregadia, para evitar deslizes! Assim, fui saltando de pedra em pedra, procurando sempre firmar os pés nas mais secas. A pequena Diana voltou à minha cabeça, imaginando-o também saltar graciosamente de pedra em pedra, como uma borboleta de nenúfar em nenúfar. Finalmente, estava em Silleda, após três horas e quarenta e cinco minutos e 27 kms. A jornada rendeu 65 kms em nove horas e meia. Um adolescente que passava com a mãe tirou-me a fotografia do costume e indicou-me que havia ali uma albergaria na rua do lado. Entrei na Albergaria Marill, a senhora que me atendeu perguntou-me de onde eu tinha partido, ao que lhe respondi que vinha de Orense!
- Bien, vai a guardar la bici, que luego te doy la clave de una habitácion e te preparo algo para comer!!
- Mas eu não vim de bici, vim a pé!
- Por Dios! No me lo creeo…
- Bem, vim a pé, mas a correr quando podia e a caminhar nos sítios em que as subidas eram muito acentuadas - tentei explicar.
Entretanto, reparei que estavam três cilcistas a comer, pararam para escutar este diálogo e revelar um certo ar de espanto!
- Mira, yo ya me quedo por aqui a muchos años, pêro ninguno habia llegado a pie, desde Orense hasta Silleda!

Como tinha as roupas bastante húmidas a senhora emprestou-me uma camisola, tomei um banho e depois de jantar, aterrei na cama, mas antes de adormecer ainda fiz as seguintes contas: 5 dias - 287,5 kms! Estou a escassos 40 kms da catedral!
D.A.Y.S.I. - seguramente estarei lá amanhã!

Sábado, 25 de Agosto.
Descansei bem e não precisei de acordar muito cedo. Fisicamente sentia-me quase como se estivesse a começar esta peregrinação e com a imponência da catedral no horizonte, estava muito moralizado! Tinha delineado correr umas três horas de manhã e outras três horas de tarde e isto era mais que suficiente para cumprir os 42 kms que me separavam da Santiago. Assim, tomei o pequeno-almoço muito calmamente e pouco passava das nove horas da manhã estava preparado para a jornada final. O sol brilhava, foi rompendo as nuvens como querendo iluminar o meu dia de glória! Saindo de Silleda até Bandeira o caminho segue por campos ladeados de riachos. Corria alegremente, cheguei até a assobiar respondendo ao canto dos pássaros. Depois, entrei numa estrada em asfalto com uma descida muito acentuada de 5 kms, pouco antes de chegar a Ponte Ulla, local onde inicialmente estava pensado fazer uma pausa para o almoço. Junto à igreja de Santa Maria Madaglena, tinha uma padaria na qual entrei. Com 21 km em apenas duas horas e cinquenta, perguntei à senhora que estava a servir, se em Outeiro, a próxima localidade, existia algum sitio onde se pudesse comer. A senhora disse-me que sim. Pedi-lhe para me carimbar a credencial e comprei-lhe um croissant. Resolvi  prolongar a etapa em mais 4 kms, até Outeiro. Segui pelo caminho, a correr lentamente enquanto dava umas mordidas no croissant! Voltei a lembrar-me da pequena Diana e a imaginar que ela devia gostar de croissants!!! Sem quase dar conta, cheguei a Outeiro e ao albergue, com 25 kms e cerca de três horas e meia a dar à perna. A dona Maria, hospitaleira do albergue, recebeu-me lindamente, preparou-me um delicioso esparguete à bolonhesa, ao qual eu reguei com uma estrella galicia fresquinha! Depois do repasto estive por ali à conversa com uns ciclistas que entretanto chegaram e com o Walter um sociólogo austríaco aposentado, que há mais de 30 dias que caminhava pela Via da Prata e que falava português fluentemente. Perguntei-lhe como aprendeu a falar português, ele rematou com um lapidar: Aprendi, aprendendo!

Hay 17 kms a la catedral, 15 kms para llegar a Santiago! Garantiu a dona Maria que já tinha feito esse caminho a pé diversas vezes. Escutando o que ela dizia acerca do percurso pareceu-me razoável que demoraria entre duas horas e quinze e duas horas e meia a chegar lá. Assim, pelas cinco horas ia lançar-me para a etapa final. Estava já preparado para partir quando o marido da Dona Maria disse que ia ligar para a Guardia Civil pois estava um tipo sentado junto à entrada do albergue, com um aspecto duvidoso e que  há mais de uma hora obervava as bicicletas, para ver se podia dia roubar alguma coisa! Sinceramente, eu nem me tinha apercebido do caso. Entretanto o tipo, que também estava de bicicleta, pirou-se pelo caminho! Aconselharam-me a esperar um pouco! Mas, estava na hora de partir e eu disse que não tinha medo, já tinha feito 320 kms sozinho por montes e vales e agora às portas de Santiago não ia esmorecer! O marido da dona Maria disse que ia de carro uns 3 kms até uma povoação e depois voltava para trás para ver se conseguia saber aonde o tipo estava, podendo então partir em segurança. Eu disse-lhe que não era preciso, mas ele insistiu e também tive que prometer à dona Maria que assim que chegasse a uma localidade de nome A Susana, que era a uns 7 kms dali, que lhe ligava! Após estas peripécias lá meti as pernas ao caminho. Corria a bom ritmo, pelo que volvidos 2 kms, o marido da dona Maria que entretanto regressava de carro, disse que o rapaz tinha desaparecido pela estrada nacional. O ritmo foi aumentando gradualmente, bem mais forte que nos dos dias anteriores. A ânsia de estar próximo do final, liberta a mente, solta o corpo e as pernas ficam mais ligeiras. Alcancei a localidade A Susana e olhei para o meu cronómetro que marcava 42 minutos, abrandei o ritmo, mas sem parar, liguei  à senhora do albergue:
 Dona Maria, já estou em A Susana!
 Graças a Dios! Pero tu volar, José!
Passados mais alguns minutos por entre o arvoredo vislumbro a ponta das torres da catedral!  A partir daí a emoção toma conta de mim e vou subindo e descendo o caminho sem dificuldades, os olhos iam na ponta das sapatilhas, porque no cérebro passavam fotogramas do caminho a um ritmo alucinante. Chego à cidade e com a fralda da Casa da Criança esvoaçar na mão, num último fôlego antes de entrar no centro histórico enfrento a subida empinada da rua de Castrón Douro e as lágrimas começam a escorrer-me pela face. Finalmente, entro no Obradoiro, dou uma volta completa à praça, subo as escadas da catedral por um lado e desço pelo outro e…paro! Sou invadido por um estranho sentimento: frustração e satisfação! Por um lado a tristeza de ter terminado, por outro a alegria de ter cumprido a missão com êxito! Lanço um olhar sobre a praça e pela multidão que por ali se movimenta. Vejo uma criança a correr para os pais! Com os olhos em água esbocei um sorriso e tive a visão que a pequena Diana corria na minha direcção, que a abracei e lhe sussurrei ao ouvido:
Tu és a menina mais bonita do mundo!
 
A dona Maria não me tinha enganado, foram 17,1 kms corridos em uma hora e cinquenta e seis minutos. Pedi a uns portugueses para me tirar umas fotos e à medida que lhes ia explicando que corri desde Guimarães até Santiago, 330 kms em 6 dias - por uma causa, começaram a espalhar a notícia pelo grupo e a tecerem-me rasgados elogios! Dirigi-me à Oficina do peregrino para receber a Compostela e retirei-me para o Hospedaria San Martin Pinario – Seminario Mayor aonde ia pernoitar. Estava muito leve, calmo e com uma enorme paz interior! Depois do duche fui ao Monolo na praça Cervantes comer um caldo galego, uma massa com frutos do mar e a tradicional tarte de santiago. Bebi duas canhas e regressei à hospedaria. Deitado sobre a cama, adormeci a imaginar esta longa-metragem, que julgava ter acabado por aqui, mas afinal não…

Domingo, 26 de Agosto.
Levantei-me às nove horas e depois de um excelente pequeno-almoço na hospedaria, vim caminhar para as ruas e praças das imediações da catedral. Além de aproveitar o belo dia de sol, fazia também  um bocadinho descompressão muscular. Apesar de não ser um católico de muito prática, gosto de assistir à missa do peregrino ao meio-dia. No final da eucaristia ia haver a cerimónia do botafumeiro, portanto fui cedo para a catedral e coloquei-me na primeira fila da nave lateral do altar maior, que segundo informações, era o melhor lugar para assistir ao movimento pendular do grande incensário a espalhar o perfume. Permaneci ali sentado em silêncio. Ora observava a beleza arquitectónica da catedral ou a constante chegada de peregrinos, em larga maioria jovens que davam um colorido e criavam uma atmosfera muito positiva no interior do templo. Enquanto decorria a missa, pensei no quanto eu gostava de ter a assinatura do sacerdote que celebrava a eucarística, na fralda da Casa da Criança, que orgulhosamente levava comigo! No altar, em redor do eclesiástico principal estavam mais de uma dúzia de padres de diversos países, entre os quais um português, que eu fixei aquando da liturgia proferida por ele em língua portuguesa. Terminada a missa e a bonita cerimónia do botafumeiro, vi todos os sacerdotes a entrar para a sacristia, que por mera casualidade era a dois passos de onde eu me encontrava. Dirigi-me para a porta e esperei que o padre português saísse. Interpelei-o acerca da possibilidade de o sacerdote principal poder assinar a fralda. Simpaticamente, disse-me que não tinha confiança com ele e que veio também como peregrino, que celebrou a missa porque é um dever de conduta sacerdotal. Enquanto eu mantinha este pequeno diálogo, um senhor com idade de respeito, escutou a conversa perguntou-me de onde eu era.
Sou de Guimarães!
Lá perto tem um santo que sou muito devoto!
Qual é o santo?
É o S. Torcato!

Este senhor era o mesmo que na hora do ofertório pedia com um saco e ostentava o traje compostelano grená. O senhor Adriano chegou a Santiago há 30 anos, proveniente de Matosinhos e ajudava nas tarefas religiosas da catedral desde essa data. Disponibilizou-se para me ajudar a obter a assinatura do sacerdote -  Dom José Maria. Mandou-me entrar para o hall da sacristia e passados alguns minutos  eu já tinha a almejada assinatura. Assim, através desta alma boa, o Deão, responsável máximo da Catedral de Santiago de Compostela, assinou a fralda por cima do logotipo da Casa da Criança de
Guimarães. Quando estava preparado para me despedir do senhor Adriano, ele perguntou-me:
Já foi dar um abraço a Santiago?
Ainda não senhor Adriano!A fila é enorme e eu tenho de  apanhar transporte para casa!
Espere aqui um bocadinho. Disse calmamente.
Entrou na sacristia e saiu com a indumentária vestida, agarrou-me pela mão e encaminhou-me por uma cancela que abriu com uma chave. Naquele momento pela mão do ancião, senti-me como se fosse a pequena Diana pela mão de um pai que provavelmente nunca teve - subi um pequeno lanço de escadas e em poucos segundos estava junto do apóstolo Tiago para lhe dar um profundo abraço. Despedi-me e agradeci ao senhor Adriano esta enorme graça que teve comigo. Ele apenas disse:
Se puder, passe em S. Torcato e peça ao santo pelo Adriano!
Curiosa atitude! Um homem, que praticamente vive numa catedral de grande devoção, pede-me para ser seu mensageiro e ir S. Torcato rogar que o santo o ajude! Obviamente, que já cumpri este pedido!


Obrigado à corrida por ter moldado na minha personalidade um carácter muito mais humanista!

Obrigado às crianças da Casas da Criança de Guimarães por me terem motivado a realizar esta aventura!

Obrigado à pequena Diana, minha fiel companheira nesta maravilhosa viagem que jamais esquecerei!

“D.A.Y.S.I. (Dios Ayuda Y Santiago Intercede)”

“Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho."
 






NOTAS:
- A pequena Diana existe, no entanto o seu nome é fictício;
- Neste momento a campanha de angariação de fundos vai em 1.219,9 €;
- Quem quiser ajudar a Casa da Criança de Guimarães pode fazê-lo através do NIB 0035 0363 00099924330 94;
- A viagem custou 270,0 € e eu doei à Casa da Criança 329,9 €.


 
  José Capela
Josephum Capela

 

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Caminhos de Santiago.

               A DAR À PERNA DAS TAIPAS A SANTIAGO

  v  A RAZÃO DO CAMINHO

" Peregrinar é um acto de Fé. É um Caminho e como tal pressupõe um itinerário, mas não se esgota nele. Tem que se lhe associar uma intenção e um objectivo, que alimentam a motivação e despertam a busca interior, promovendo assim o enriquecimento espiritual e cultural.”

Na corrida necessitamos de ter objectivos claros e motivações fortes. Assim, creio que aliar a corrida à peregrinação é um acto harmonioso!

v O MEU CAMINHO

CALDAS DAS TAIPAS – SANTIAGO DE COMPOSTELA
 4 DIAS - 8 ETAPAS - 202 KMS

·         DIA 1, 16 de Agosto

Manhã:
1ª. ETAPA: CALDAS DAS TAIPAS – PORTELA DAS CABRAS……….30,4 Kms
 Tarde:
2ª. ETAPA: PORTELA DAS CABRAS – PONTE DE LIMA………………17,2 kms

·         DIA 2, 17 de Agosto

Manhã:
3ª. ETAPA: PONTE DE LIMA – FONTOURA……………………………….25,8 kms
Tarde:
4ª. ETAPA: FONTOURA – VALENÇA……………………………………………9,0 Kms

·         DIA 3, 18 de Agosto

Manhã:
5ª. ETAPA: VALENÇA – REDONDELA……………………………….……….33,6 Kms
Tarde:
6ª. ETAPA: REDONDELA – PONTEVEDRA………………………………….19,9 Kms

·         DIA 4, 19 de Agosto

Manhã:
7ª. ETAPA: PONTEVEDRA – PADRON………………………………….……39,9 kms
Tarde:
8ª. ETAPA: PADRON – SANTIAGO DE COMPOSTELA………………..26,4 kms


  v A LENDA

Depois da crucificação de Jesus, o apóstolo Tiago pregou o evangelho na Galiza e quando regressou a Jerusalém foi decapitado pelo rei Herodes, os seus restos mortais foram levados de volta à Galiza numa barca de pedra, numa viagem que durou 7 dias. Segundo diz ainda a lenda, um camponês guiado pelas estrelas encontrou num grande campo a sepultura do apóstolo.

v COMPOSTELA

O nome Compostela deriva de campo de estrelas (Campus Stellae).


v PAISAGENS QUE NÃO SE ESQUECEM

- Os caminhos entre vinhas e milheirais no Alto Minho;
- A subida da serra da Labruja por um trilho quase impraticável devido às pedras;
- A vista das muralhas de Valença sobre o rio Minho ao amanhecer;
- A descida depois de Redondela e a panorâmica que se tem da ria de Vigo;
- A identidade entre o Minho e a Galiza no percurso entre Pontevedra e Caldas dos Reis;
- A primeira visão que se tem das torres da catedral no cimo de Agro dos Monteiros.

v LOCAIS HISTÓRICOS QUE ME MARCARAM

-   Serra da Labruja – A cruz dos franceses (ou cruz dos mortos), onde a população fez uma emboscada aos retardatários do exército de Napoleão, nas invasões francesas;
-   Ponte Sampaio – Local onde se travaram as grandes batalhas das invasões francesas;
-  Padrón – Na igreja de Padrón está a pedra onde supostamente teria atracado a barca que transportava o corpo do apóstolo Tiago.

v A MINHA REFLEXÃO

O Caminho de Santiago é um percurso que nos leva para além da distância percorrida. As setas e as conchas que indicam o caminho ficam gravadas em nós para que nunca percamos o sentido da vida!


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José Capela
Josephum Capela
   

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Viana fica no coração e nas pernas.

Aguardava com alguma expectativa a MEIA-MARATONA MANUELA MACHADO que decorreu em Viana do Castelo, no passado domingo. Esta prova marcava o meu regresso à competição, após a lesão muscular que me obrigou a parar três semanas em Novembro e a recomeçar os treinos com muita moderação.

Conforme escrevi no último post, mais importante que o tempo que iria alcançar nesta prova, era o modo como me iria sentir muscularmente no desenrolar e no final da corrida. O tempo final de 1h24m23s ficou dentro do que tinha definido e as pernas não se ressentiram, foram muito regulares, rolando sempre no intervalo de 3m50s-4m10s/km, dependendo da oscilação do terreno e do vento que se fazia sentir em determinadas zonas do percurso.

Fiquei bastante satisfeito com a minha prestação e muito animado para imprimir mais ritmo e carga nos treinos, de modo a atingir a forma que tive num passado recente.

Por último, não podia deixar de dar os parabéns à Manuela Machado, que em meia dúzia de anos transformou esta meia-maratona numa das melhores de Portugal e uma organização irrepreensível, que cativa cada vez mais atletas do pelotão a aderir ao evento. A arte que teve para promover a corrida na Galiza é também de aplaudir, pois foram mais de 500 os atletas galegos que estiveram em Viana. Numa época de crise, em que muitos municípios retiram apoios às corridas, quer-me parecer que estamos perante um exemplo que conseguiu conjugar com êxito a parte social e a actividade física, à parte económica. O movimento gerado pelas centenas de atletas e seus familiares no comércio local, em particular na restauração e hotelaria, é um estímulo que os empresários certamente agradecem.

Além de ficar nas pernas, Viana fica no coração!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A perna já não engana, a minha 60ª Meia vai ser em Viana.

Nas últimas palavras que por aqui escrevi, referi-me ao desafio que tinha pela frente - a recuperação. Confesso que não é nada fácil, porque recomeçar a treinar exige muita paciência devido aos baixos ritmos que são necessários e nós não estamos habituados a esse andamento. Quando se está em forma a motivação para treinar é sempre muito grande e o esforço é muito menor, pois até os treinos mais exigentes parecem simples!

Assim, no próximo sábado, faz precisamente 2 meses que recomecei os treinos após a lesão. Nas três semanas seguintes fui rolando a ritmos bastante moderados, fazia um dia de descanso e reservava outro para ir à piscina nadar calmamente. Após este tempo, resolvi efectuar um plano de 5 semanas de preparação para a XXIII MEIA MARATONA MANUELA MACHADO que este domingo se realiza em Viana do Castelo.

O plano de preparação assentava, em traços gerais, no seguinte:
- Segunda-Feira, relaxamento na piscina;
- Terça-Feira, fartlek, 6 minutos rápidos, 3 minutos lentos;
- Quarta-Feira, corrida contínua de 15 kms a ritmo moderado;
- Quinta-Feira, treino intervalado, séries de 400 metros;
- Sexta-Feira, corrida de recuperação de 8 kms a ritmo lento;
- Sábado, treino de ritmo, 10 a 15 kms, ao ritmo da competição;
- Domingo, corrida contínua de 22 kms a ritmo moderado.

Já estou com saudades de uma prova e de sentir a adrenalina a subir no momento que precede o tiro da largada e os atletas quase se acotovelam na linha da partida!

Viana do Castelo é um bonita cidade e é sempre com prazer que corro lá. Esta vai ser a minha 7ª participação na 'meia da Manela' como é carinhosamente tratada pelos atletas do pelotão e a 60ª desde que me lancei no mundo das corridas em Março de 2002.

O objectivo para esta corrida, por força das circunstâncias, vai ser mais modesto!
Assim, vou tentar concluir a prova entre 1h23m-1h24m!

Domingo as pernas terão a palavra!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Lesão, recuperação e motivação.

Terminei a Maratona do Porto de cabeça baixa, no entanto valeu a pena o sofrimento para poder fazer aquele gesto que vêem na fotografia - sete edições, sete participações.

Na semana seguinte, e para saber em concreto a dimensão da lesão sofrida, fui fazer uma ecografia à face posterior da coxa direita.

O resultado do exame revelou o seguinte:
-Na extremidade superior, com posicionamento muscular superficial visualizou-se um pequeno foco de distensão/ruptura, infra-centimétrica, com ligeira contracção e desorganização fibrilar, envolvendo aponevrose no contorno superior que lhe é adjacente. Possui dimensãoes de 10,mm no eixo sagital, 2/3,mm no eixo antero-posterior.
Resumo: Lesão focal por distensão/ruptura, superficial, peri-centimétrica na extremidade postero-superior da coxa do lado direito.

Fiquei visivelmente satisfeito por verificar que não era nenhuma lesão grave, cujas causas foram a sobrecarga e esforço muscular. Nestes casos o tratamento mais aconselhado é o descanso, para dar tempo a que o processo de regeneração muscular decorra com naturalidade. Foi o que fiz. Na semana passada submeti-me a uma sessão de fisioterapia e a uma massagem tranversal, para garantir maior solidez na estrutura muscular afectada, de forma a poder retomar os treinos.

Assim, ontem regressei aos treinos! Corri trinta minutos a trote e depois fiz mais 20 de alongamentos que, nesta fase, são mais importantes que a corrida. Hoje repeti a dose e nestes próximos dias o programa irá ser mais ou menos idêntico, tendo sempre em mente que o essencial é - ritmos bastante suaves e muitos alongamentos.

Em oito anos de dedicação às corridas, pela primeira vez, tenho de lidar com esta situação. Ao longo destes tempos fui criando hábitos e rotinas de vida que me permitissem treinar, logo nas horas do treino, ficar privado - mesmo sendo inverno e eu ter de acordar cedo para o fazer - confesso que não foi nada fácil!

Agora o desafio que tenho é recuperar! A motivação é tentar adquirir a forma que tive em meados deste ano, traduzida em excelentes resultados que me encheram de satisfação.

Haja...paciência para as pernas!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

7ª Maratona do Porto: A teimosia de continuar na história!

Por manifesta falta de tempo e disposição para escrever, tenho andado distante da blogosfera. Assim, não dou notícias desde o verão, não fiz a habitual crónica da Meia-Maratona SporZone e não escrevi qualquer palavra acerca da preparação da maratona.

Estive quase para continuar em silêncio, mas depois de ler alguns posts colocados por companheiros de corrida, senti que deveria dizer alguma coisa.

Faço parte da história (de sucesso) da Maratona do Porto, digo-o com muito orgulho! Estive nas anteriores edições e, claro, queria a todo o custo participar (e concluir) na sétima. E foi o querer continuar totalista que me moveu, porque fosse outra maratona em Portugal, ou mesmo no estrangeiro, teria desistido de participar.

No final do mês de Agosto, num habitual treino, sofri uma lesão muscular na face posterior da coxa direita, ou seja a uma semana de começar o meu habitual plano de 9 semanas de preparação para os 42,195 kms. No meu historial de corrida, as lesões que sofrera até à data não passavam de pequenas mazelas, que eram debeladas em pouco tempo e com relativa facilidade. Pensei que com esta sucederia o mesmo.
Primeiro engano!

Descansei uns dias e comecei os treinos para a maratona com alguma moderação durante as duas primeiras semanas. Na terceira aumentei um bocadinho a intensidade, mas nada de especial, comparado com a preparação das anteriores maratonas e ressenti-me uma vez mais. Uns dias de descanso, fisioterapia, massagens e regresso novamente aos treinos, obviamente com cargas menores e muitas cautelas. Entretanto chegou o dia da Meia-Maratona SportZone e seria o teste ideal para avaliar o estado das minhas pernas, ou no caso concreto, da coxa direita. Fiz um tempo de 1h23m53s, embora tenha sentido ainda um ligeiro desconforto na zona afectada da lesão, parecia-me que estava a ficar recuperado. Na semana seguinte, fiz os treinos dentro dos tempos estipulados, incluindo séries de 800 metros e um longo de 26 kms e, pela primeira vez desde o início da preparação específica para a maratona, treinei sem limitações e com boas sensações.
Segundo engano!

Volvidos dois dias, num treino de baixa intensidade e de recuperação, uma 'pontada' na famigerada coxa direita veio recordar-me que afinal a lesão ainda morava lá. Novamente uns dias de descanso, piscina, fisioterapia e massagens e recomecei a treinar. Estavamos a três semanas da maratona e as dúvidas que tinha em poder ter algum sucesso na prova começavam a passar quase a certezas, mas como sou um tipo teimoso e que gosta de correr riscos, não desisti e estar na linha da partida e claro fazê-la!

A partir deste momento, o desafio, com uma dose de loucura, passou a ser - Será que resisto? Conseguirei concluir a prova?

Assim, quando no passado domingo soou o tiro da partida, larguei consciente que a minha corrida seria uma incógnita e que o risco de ser forçado a abandonar era demasiado grande! Mesmo com estas permissas nada animadoras, o objectivo era fazer um tempo a rondar as 2h55m-2h59m59s, porque além de teimoso, também sou pouco modesto!

Até à passagem da meia-maratona fui confortávelmente a um ritmo +/- 4m10s/km, registando um tempo de 1h26m57s. Aos 24 um ligeiro aviso coxa, deu-me sinal para abrandar e que as dificuldades iriam começar. Atravessei a ponte D. Luís e tentei seguir a um ritmo dentro dos 4m25s-4m30s/km que, a conseguir manter, daria para fechar com um tempo no limiar das 3 horas. Lá fui seguindo, não muito confortável nesta cadência. Fui apanhado pelo Mark Velhote, no entanto ainda consegui colar-me a ele uns kms mais à frente e já na companhia deste aos 33 kms, contabilizando um tempo de 2h17m58s, a minha coxa direita resolveu provar-me que iria ter de abrandar ainda mais para continuar! Fui reduzindo então o ritmo, primeiro para 5m/km, depois para 6m/km, depois para 7m/km, depois para 8 km, e cheguei à meta devagar muito devagarinho, gastando 64 minutos para correr 9 kms, concluindo a minha sétima maratona do Porto em 3h21m44s!

Gostava de referir que, apesar de toda esta epopeia, não cheguei ao fim cansado! Sentia-me como se tivesse feito um treino longo. Apenas sentia um desconforto na coxa direita que me impedia de correr, mas caminhava normalmente e sem qualquer esforço!

Não gosto de desistir, não faz o meu género e queria fazer parte da história da Maratona do Porto, contribuindo para que registasse mais atletas chegados à meta nas maratonas corridas em Portugal. Mais tarde vim a saber que este record foi alcançado - Foi a minha pequena vitória!

Em jeito de balanço, durante as 9 semanas específicas do treino, mesmo tendo sido forçado a vários dias de descanso e a ritmos mais moderados, contabilizei nesse período 800 kms - com este volume de treino a probabilidade de debelar por completo a lesão e obter êxito na maratona era muito reduzida! Não aconselhava ninguém a correr uma maratona nestas condições, no entanto uma coisa é dar conselhos aos outros, outra coisa é quando somos nós!

Desta vez não soltei o queniano que tenho dentro de mim, soltei o soldado Pheidippides, que 2500 anos depois também merece ser recordado!

Agora, só espero que a minha teimosia não tenha agravado o quadro clínico da lesão.

Brevemente saberei, enquanto não souber vou permanecer quietinho!

Abraço, a todos!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

22º Grande Prémio de S. Pedro

CITAÇÃO:
"O S. Pedro encerra as festas e as corridas...até Outubro!"

CURIOSIDADE:
A Póvoa de Varzim é uma terra de pescadores, logo o Santo padroeiro da cidade só podia ser o S. Pedro. Tradicionalmente, a festa é rija por aquelas bandas e a realização do Grande Prémio de Atletismo assinala encerramento das efemérides.

ARQUIVO:
Este ano disputava-se a 22ª edição e desde 2003 que participo nesta corrida com resultados bastantes interessantes.
2003 - 38m06s
2004 - 37m35s
2005 - 37m23s
2006 - 36m46s
2007 - 36m26s
2008 - 36m09s
2009 - 36m01s

RESENHA:
A corrida começou às 11h15m, pelo que já estava um bocadinho quente para a prática da modalidade. A acrescer a isto, em algumas zonas do percurso, ainda o característico vento que costuma sentir-se na Póvoa, a atrapalhar a vida dos atletas. Conforme tinha escrito na última crónica, as pernas estavavam a registar uma ligeira melhoria relativamente às primeiras corridas de Junho e tinha em mente desde o início impor um ritmo que nunca escedesse os 3m40s/km. Nos primeiros 3 kms rolei dentro desse tempo, no entanto, nos 2 kms seguintes sofri uma pequena quebra devido à presença do vento e ao esforço suplementar que este exige. À passagem dos 5 kms contabilizei o tempo de 18m07s, tentei manter essa cadência para a segunda metade da corrida, não foi possível, apesar de a perda não ter sido muito grande, corri este parcial em 18m24s. Finalizei um ciclo de muitas corridas, pelo que fiquei bastante agradado com a resposta das pernas!

ARITMÉTICA:
Concluí os 10 kms da corrida com o tempo final de 36m31s, tendo obtido o 85º lugar na classificação geral, entre os 614 atletas que terminaram a prova e um 15º lugar em M45 entre 89 atletas deste escalão.

O MELHOR:
O excelente nível competitivo da corrida e a presença dos melhores atletas nacionais.

O PIOR:
Apesar de ser por um motivo nobre que todos compreendem - a realização de corridas para os escalões mais jovens - o horário da prova é um bocadinho tardio, agravado ainda pelo facto de estarmos em pleno verão.

RETRATO: