terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Os desafios das pernas.


Cumpri 3 semanas de descanso activo. Reduzi o número de kms, abrandei o ritmo e ainda me dei ao luxo de contabilizar 2 dias de descanso efectivo. Portanto, treino sim, mas nada de séries, nem Fartlek, apenas rolar, umas vezes a trotes muito suaves, outras em corridas contínuas a ritmos moderados. Apenas e só nesta última semana é que fui gradualmente imprimindo ritmos mais fortes, para que o corpo não perca as rotinas de treino.

E agora, que desafios vão ter as pernas?

Para poder programar o treino dos próximos meses, elaborei um calendário de corrida para os próximos tempos.

MARÇO
- Dia 22 - Meia-Maratona de Lisboa

ABRIL
- Dia 05 - Meia-Maratona Cego do Maio, Póvoa de Varzim
- Dia 19 - Gold Marathon Carlos Lopes, Lisboa

MAIO
- Dia 10 - Meia-Maratona de Cortegaça
- Dia 24 - Meia-Maratona Douro Vinhateiro, Régua

JUNHO
- Dia 07 - Meia-Maratona de Matosinhos
- Dia 21 - Corrida das Festas da Cidade do Porto (15 km)

JULHO
- Grande Prémio de S. Pedro (10 km), Póvoa de Varzim

Inicialmente, tinha programado correr uma maratona na Primavera e no estrangeiro, mas a crise também chega à malta das corridas, daí ter optado pelo mercado nacional e ir experimentar a maratona do Carlos Lopes que, apesar de muitas incertezas e de receber sempre inúmeras críticas em termos de organização, continua a realizar-se. No entanto pude constatar que pelo menos tem um ponto positivo - o percurso - partir da Expo, correr junto ao Tejo, depois seguir pela marginal até Cascais, voltar até ao Casino do Estoril e aí terminar, parece-me de facto muito interessante!

Assim, a maratona devido à sua exigência em termos físicos merece sempre a minha melhor atenção. Aliás, iniciei esta semana a sua preparação e nas próximas 8 semanas será o foco do meu treino. Irei submeter as pernas a cerca de 900 kms - muitos treinos de corridas contínuas a vários ritmos, muitas séries de 800 metros e claro os inevitáveis treinos longos que variarão entre os 22 e os 28 kms. O objectivo para a 9ª maratona da minha carreira, é simples: bater o tempo que estabeleci em Outubro no Porto - 2h54m15s.

Se tudo correr dentro da normalidade, irei comemorar a minha 50ª presença em meias-maratonas, no magnífico cenário do Douro Vinhateiro, na Régua. Devido à magia do número, conto por essa altura estar em forma, colher os frutos da preparação da maratona e em condições para tentar melhorar a minha marca na distância: 1h18m47s.

Como podem verificar, não vão faltar corridas para alimentar a minha motivação! Os dados estão lançados, iremos ver como responderão as pernas a todos estes desafios!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Razões do corpo.

Entre a Maratona do Porto (26 de Outubro) onde fixei o meu novo record e a Meia-Maratona Manuela Machado (25 de Janeiro) em que o vento traiu um resultado ainda melhor, passaram-se 3 meses. Neste espaço de tempo, corri a 'meia' da Nazaré onde tive um óptimo desempenho, a seguir a 'meia' da Marinha Grande onde estabeleci a minha melhor marca, depois as S. Silvestres do Porto e Santo Tirso, com excelentes performances e por fim pulverizei o record dos 15 km no Nacional de Estrada disputado em Mirandela.

Estes resultados levaram-me a fazer algumas reflexões acerca do treino que fiz durante os últimos meses. A primeira coisa a referir, desde logo, é que a preparação para a maratona, quando feita de forma adequada, reflecte-se não só na maratona propriamente dita, como também nas corridas seguintes. Em segundo lugar, a importância de refrear o entusiasmo gerado pela obtenção de boas marcas, que no passado me levou a cometer o erro de aumentar muito as cargas de treino, pensando que deste modo alcançaria mais rápido melhores resultados. Raramente falho um treino, mas comecei a desempenha-lo seguindo a regra do bom senso.

Especificamente, treinei para a 'prova rainha' durante 9 semanas, com direito apenas a dois dias de descanso e uma média semanal de kms nunca inferior a 90, o que totalizou 61 de treinos e 882 kms percorridos.
Após a maratona, durante 3 dias fiz caminhada ligeira, regressei aos treinos a ritmos muito sauves e a partir da segunda semana comecei a aumentar a carga gradualmente. Durante a preparação para a maratona, a meio da semana tinha um dia na pista de tartan reservado às séries, cujo número de repetições variou entre as 6 e as 12. Depois deixei de fazer séries e optei pelo Fartlek efectuado num circuito em terra de cerca de 1 km, com subidas e descidas, que constava basicamente em correr 300 mts rápidos e os restantes a um ritmo mais moderado. O número de kms neste método oscilou entre os 8 e os 12 km, dependendo da proximidade das competições. Obviamente, tanto o treino de séries como o Fartlek, era sempre precedido de 25 minutos de aquecimento e depois, no final, 15 minutos de regresso à calma. Também dei particular atenção aos alongamentos, parecendo coisa de menor importância, mas que se revelam essenciais na prevenção de lesões e consolidação muscular.

Comecei esta paixão pela corrida com quase 40 anos e conto já no meu curriculum com 8 maratonas e 46 meias-maratonas! Esta experiência de 7 anos, de muitos dias de treino e kms nas pernas, ensinaram-me que o mais importante para mim, atleta veterano, é a forma como recupero dos treinos fortes e a regularidade com que os faço. Treino diariamente, para ter disponibilidade e condições físicas, tento também ter uma alimentação adequada e umas boas horas de sono retemperador. Não adianta calçar as sapatilhas para correr quando se está cansado! Também cheguei à conclusão que as séries curtas de 100, 200 e 300 mts, que outrora utilizava com a finalidade de ganhar velocidade, não me traziam grandes benefícios, antes pelo contrário provocavam-me bastante desgaste muscular e retardavam a minha recuperação. Prefiro fazer rectas de 150 mts em ritmo progressivo duas vezes por semana e no fim de um ou outro treino de corrida contínua. Gostaria ainda de referir a importância da planificação e registo do treino. Anoto todos os dias o tipo de treino, número de kms percorridos, o tempo efectuado, o ritmo e as características do terreno. A recolha destes dados permite fazer comparações, análises do estado de forma e a evolução do rendimento ao longo dos anos.

A campeoníssima Paula Radcliffe disse um dia que o seu sucesso e a sua longevidade de atleta de alta competição se devia ao saber escutar os sinais do corpo. Talvez os anos que tenho de prática de corrida ainda não me confiram a maturidade suficiente para ter essa percepção, por enquanto apenas me guio pelas razões do corpo.