segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

S. Silvestre do Porto: A última corrida do ano.

No final de cada ano em muitas cidades do país, habitualmente à noite, realizam-se as tradicionais corridas de S. Silvestre. A cidade do Porto, que é palco de tantas e tão boas provas de atletismo, não poderia deixar passar esta data em branco. Assim, mais uma vez , a Runporto organizou a 15ª. Corrida S. Silvestre Cidade do Porto que, no fim da tarde deste domingo juntou uma multidão na Avenida dos Aliados. Para a prova principal de 10 km estavam anunciados 2.000 participantes e para a mini-caminhada 4.000. Como não chovia e o frio até não era tanto como em dias anteriores, também muitos espectadores foram para as ruas da baixa portuense aplaudir os atletas, fazendo uma bonita festa!

Nesta edição, devido à ausência de atletas africanos, a organização apostou no mercado espanhol e foram cerca de 200 os nuestros hermanos que correram na Invicta e travaram com os atletas lusitanos um interssante duelo, uma vez que estava em disputa o Troféu Ibérico. A taça ficou em casa, pois os vencedores foram Rui Silva (Sporting) com o tempo de 29m33s e Sara Moreira (Maratona) com 33m53s, deixando a armada espanhola a alguns lugares de distância.
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A minha prestação correu dentro do previsto, reconhecendo desde logo que não é uma corrida adaptada às minhas características e ao treino que tenho desenvolvido. O percurso é composto por duas voltas, com subidas e descidas muito acentuadas e num piso em que o empedrado predomina, pelo que apontei um tempo final a rondar os 37 minutos. Estava bem colocado na partida e não tive muitos problemas na largada, que é feita a descer e como é hábito a grande velocidade. Só que este ímpeto inicial é imediatamente travado pela íngreme subida de cerca de 2,3 km até ao Marquês, para depois descer, primeiro ligeiramente e a seguir com mais inclinação até completar a primeira volta. Depois vem a segunda e também aumentam as dificuldades, quem abusou no ritmo de ínicio paga a ousadia na interminável subida desde a Rua Sá da Bandeira, até dobrar novamente o Marquês. Foi nesta segunda subida que me encontrei com um companheiro aqui da blogosfera, o Luís Mota, e ainda trocamos palavras, num breve cumprimento. No último km um equívoco, só possível por ser a primeira vez que faço este percurso, fez com que eu gastasse a força num sprint que se revelou precipitado, pois ainda faltavam 400 metros para o final, era ainda necessário contornar o meio da Avenida dos Aliados e uma ligeira subida até à meta! Apesar deste percalço, cortei a linha de chegada com o tempo de 37m16s, fui 54º classificado entre os 1.680 que terminaram a prova e 6º em Veteranos (45-50 anos).

Foi a minha 19ª e última corrida do ano. Sem falsas modéstias, em todas as competições que participei estive em bom nível. Melhorei as minhas marcas pessoais em todas as distâncias, pelo que com toda a propriedade posso considerar o ano de 2008, MARAVILHOSO!
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Desejo e espero, tanto para mim, como para todos, que 2009 possa ainda ser melhor!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Meia-Maratona da Marinha Grande: A saga de um record!


Como referi no post anterior, a 'mãe' da Nazaré tinha-me sussurrado ao ouvido que o record da meia-maratona poderia ser batido em breve! Fiquei com a pulga atrás da orelha e não descansei enquanto não me inscrevi numa 'meia' para dissipar a questão. Olhei para o calendário de corridas e escolhi a Marinha Grande. Como fica nas proximidades da Nazaré, quem sabe se poderia contar com a graça da mãe! Em 2005 tinha participado nesta prova, que apesar de ser modesta em termos de números de atletas, tem excelente percurso, abastecimentos suficientes e marcação de kms devidamente referenciados, reunindo portanto todas as condições para uma boa corrida.

Depois de ter convencido dois companheiros de equipa a fazer uma viagem de 250 kms debaixo de chuva intensa, para ir correr uma meia-maratona, não podia defraudar as expectativas, o objectivo era apenas um: Correr para o record!

Como estavam apenas cerca de 200 atletas, deu para proceder ao aquecimento com todos os pormenores que uma corrida exige. A chuva, que até então não parava de cair, também deu uma trégua, o céu começou a aliviar e o sol fez, aqui e ali, uma breve aparição. Como não estava muito frio e o vento que havia não era muito forte, até o tempo parecia querer dar uma ajuda à saga que ia travar com o cronómetro.

Em todas as corridas, planeio o ritmo a que devo seguir com vista a alcançar o resultado pretendido. As contas eram simples, para melhorar o meu record que estava em 1h18m56s, teria que correr a uma média dentro dos 3m44s/km, sendo a estratégia de 18m40s por cada 5 kms. Parti com muita determinação, mas isto das corridas nem sempre é como a gente deseja e as contas tantas vezes saem furadas!

Até ao 5º km segui num grupo de meia dúzia de atletas, registando um tempo de 18m27s, nos kms seguintes fiquei apenas com 2 companheiros e mantivemo-nos até aos 10 kms, que foram dobrados com o tempo de 37m08s. De acordo com os meus cálculos estava com um intervalo positivo de 12 segundos, mas era uma margem reduzida que não me permitia grandes quebras para a segunda parte da corrida. A partir dos 12 kms os meus companheiros ficaram para trás, no entanto não esmoreci - no momento em que se fica sozinho correndo pela estrada fora, o apelo à capacidade de resistir às adversidades vem ao de cima. Naturalmente, acusei algum desgaste e na passagem dos 15 kms o meu cronómetro assinalou 56m03s, perdendo apenas escassos 3 segundos!

Entrava na fase crucial da corrida, era a hora da superação, como fui ultrapassando alguns atletas que iam em perda fui-me motivando e acreditando que era possível. A partir daqui entrei numa luta contra o cronómetro, cada segundo que corresse mais rápido representava uma grande vitória! Entro no 19º km com 1h07m12s, até ao 20º km sobe ligeiramente, forcei o ritmo para não quebrar, dobrando a placa dos 20 km com 1h14m54s. A guerra contra o tempo seria ganha ou perdida por uns ínfimos segundos! No último km aproveitando a ligeira descida até à meta e a enorme vontade que tinha de vencer o relógio, cerrei os dentes e com todas as forças que tinha embalei a toda velocidade até à meta! Alguns metros mais à frente, rodei o pulso, olhei para o cronómetro que assinalava 1h18m47s! Fantástico, saí vitorioso e meu anterior record foi batido por 9 segundos! Na classificação geral fui 24º e no escalão 45-50 anos o 4º!

Como no dia seguinte a minha equipa ia estar em peso na 51ª. Volta a Paranhos no Porto, voltei a calçar as sapatilhas para fazer esta clássica corrida de 10 kms. Apesar de ter rolado em ritmo de treino fiz o tempo de 38m39s e, mesmo assim fui 158º entre os 1039 atletas que terminaram a prova.
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As pernas não vivem à sombra da fama, tem de estar operacionais para mostrar quanto valem a todo o momento!