quarta-feira, 25 de junho de 2008

Corrida das Festas da Cidade do Porto.

A cidade do Porto comemorou por estes dias o S. João. Numa festa em que o povo sai alegremente à rua, obviamente não poderia deixar de ter no seu programa uma corrida de atletismo, para acentuar ainda mais o verdadeiro espírito popular da quadra.

Como a organização da prova, uma vez mais ficou a cargo da Runporto havia a garantia, desde logo, que a qualidade estava assegurada. Assim, na manhã do passado domingo, que começou com nebelina mas acabou ensolarada, estiveram na Foz 1.500 atletas que se lançaram na corrida dos 15 Km e 5.000 para correrem ou caminharem 5 km na marginal, tendo como pano de fundo a magnífica paisagem do mar e do rio Douro.

Era o terceiro domingo consecutivo que competia. No entanto, sentia-me melhor do que na semana anterior. Recuperar de uma 'meia' para uma corrida de 10 km é mais difícil que desta distância para uma corrida de 15 km. A importância de escutarmos os sinais do corpo ganha relevância à medida que a nossa experiência aumenta. Como o percurso era bastante bom, não fossem as duas passagens no paralelo junto à Foz do Douro que provocam sempre alguns estragos nas pernas dos atletas, diria que era óptimo, o objectivo era concluir a prova entre os 55 e 56 minutos.

Apesar do elevado número de atletas não houve muitos problemas na partida, porque esta é feita na ampla Avenida Brasil. Cumpri o primeiro km em 3m37s, dentro da normalidade mas a estratégia era estabilizar dentro dos 3m42s/km. Na passagem dos 5 km ia integrado num grupo de oito elementos, onde a experiente Fátima Silva marcava o ritmo e o meu cronómetro assinalou 18m24s, ligeiramente abaixo da média estipulada. Ao km 6, estava apenas eu, a Fátima e outro atleta, mas assim que passei o km 7, correndo abaixo dos 3m40s/Km, decidi não os acompanhar e retomar o meu ritmo. Segui sozinho na corrida, com a minha cadência fixada nos 3m42s-3m43s/km, fui dobrando alguns atletas que iam em perda e no retorno onde estava instalada a placa dos 10 km, o meu tempo era de 36m44s. Estava no ritmo certo para chegar dentro do objectivo traçado e ainda tinha um pequena margem de erro. O último terço do percurso foi o mais difícil, um ligeiro vento fez-se sentir e o famoso paralelo da Foz nesta fase da corrida sente-se bem mais do que na primeira passagem e, claro, a frescura também já não é a mesma dos primeiros kms. Assim, o meu ritmo baixou para os 3m47s-3m48s/km, cortando a meta com o tempo de 55m44s, 58º lugar na classificação geral entre 1.336 atletas que acabaram a prova.
Bem bom! Objectivo cumprido! Com a bênção do S. João as pernas fizeram o pequeno milagre de continuarem ligeiras!

O ciclo de corridas iniciado em Maio, vai ter agora um fim-de-semana de interregno, mas no próximo dia 6 de Julho, calçarei novamente as sapatilhas de competição para os 10 km do Grande Prémio de S. Pedro na Póvoa de Varzim. Vamos ver se também este santo ajuda as pernas a continuarem em estado de graça!

terça-feira, 17 de junho de 2008

Correr em casa.

Junho é o mês das festas de S. Pedro e da vila das Caldas das Taipas. Mais uma vez o atletismo integra o programa festivo. Assim, na manhã deste domingo realizou-se a 3ª. Corrida das Caldas das Taipas, com a particularidade de ter um novo percurso de três voltas de 3.300 metros cada uma, num circuito urbano que percorreu as principais artérias da vila. Estava uma manhã cinzenta, houve períodos que até caiu uma chuva miudinha, excelente para os cerca de 270 atletas que alinharam à partida enfrentarem as dificuldades do sobe e desce do percurso. Não posso deixar de enaltecer o trabalho da organização da prova, que relativamente aos anos anteriores deu um enorme salto qualitativo. Foi também bonito, apesar do tempo, ver o numeroso público que estava na avenida da meta a aplaudir calorosamente a passagem dos atletas. Como corria em casa tive direito a incentivos e palavras de ânimo, quer por familiares, amigos ou simplesmente conhecidos, o que foi obviamente muito gratificante.

Apresentei-me à partida um pouco desgastado da meia-maratona da semana anterior, mas quando se corre na terra, não se pode regatear esforços, nem que seja preciso fazer das tripas coração! Como conheço os cantos à casa, sabia muito bem avaliar a dureza do percurso. Apesar de tudo, o meu era objectivo correr a um ritmo de 3m40s/km, o que daria por volta cerca de 12m05s e um tempo final a rondar os 36m15s. Assim, na primeira volta ainda consegui manter o tempo estipulado, quebrando na segunda e na terceira volta 15 e 27 segundos respectivamente, fechando a prova com o meu cronómetro a assinalar 36m57s. Fiquei aquém do desejável, mas tem dias que mesmo com muito apoio, nos falta a força e 'pernas da casa não fizeram milagres'!

No próximo domingo há mais! Vou ao Porto, aos 15 km da Corrida das Festas da Cidade. Vamos ver se as pernas, com a benção do S. João, conseguem o milagre de correrem mais rápido do que em casa!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

A meia-maratona do mar.

Matosinhos é terra de gentes do mar. Tem uma das maiores infra-estruturas portuárias do país: o Porto de Leixões e um grande número de armadores e pescadores que fazem desta região uma das mais relevantes da indústria piscatória nacional. Efectivamente a ligação desta cidade ao mar é muito forte.

O município há três anos a esta parte, resolveu e bem patrocinar a organização de uma meia-maratona, cujo percurso une as duas partes da cidade através da renovada ponte móvel. À primeira vista, parece que estamos perante um percurso fácil, mas rapidamente verificámos que tem um grau de dificuldade considerável. Com a partida e chegada nos Paços do Concelho e depois de algumas voltas pelo interior da cidade, atravessámos a ponte móvel em direcção a Leça da Palmeira, rumámos até à marginal junto ao mar e próximo do Farol da Boa Nova invertemos a marcha. Corremos pelo mesmo trajecto até à ponte móvel, outra passagem pelos Paços do Concelho, mais uma volta, de novo pela ponte e mais uma vez na marginal para dobrar o retorno do farol e regressar definitivamente pela mesma via até à meta. Com tantas voltas e voltinhas, curvas e retornos, algum piso de paralelo e algumas subidas, não é possível manter um ritmo muito estável ao longo de toda a corrida. O lado positivo deste percurso é o grande número de público que atrai, pois sem sair do seu lugar o espectador vê várias vezes os atletas passarem. Na conferência de imprensa de apresentação da prova o presidente da autarquia lançou o repto para que no futuro esta corrida fosse baptizada como "Meia-Maratona do Mar". A ideia não podia ser mais feliz, dado que o mar muitas vezes é sinónimo de dificuldade, mesmo quando as suas águas estão calmas o perigo espreita a qualquer momento, é preciso estar sempre alerta e bem preparado para ultrapassar os obstáculos que possam surgir. Também esta 'meia' aparentemente calma revelou dificuldades inesperadas que só com muita coragem e valentia poderiam ser superadas.

Estava uma bela manhã de sol e advinhava-se que ia estar quente. Afinal estamos em Junho, com o verão quase a chegar, o calor é 'fruta' da época. Se a isto juntarmos o vento que normalmente corre na marginal de Leça e a exigência do percurso, o mote para uma corrida onde iria ser preciso muito sacrifício estava dado. Um número significativo de participantes alinhou à partida o que vem provar que cada vez há mais gente a correr e que estão a perder o medo de enfrentar médias distâncias.

Inicialmente, o meu objectivo era correr para o record, mas cedo verifiquei que iria ser muito difícil. Os primeiros 5 km integrado num grupo com vários atletas foram dobrados com 18m31s, bem dentro do tempo para alcançar a melhor marca. Aos 10 km já com um grupo menor, o tempo registado de 37m22s ainda permitiria chegar à almejada marca, contudo ainda nem estávamos a meio e o desgaste causado pelas curvas e voltas do percurso fazia-se sentir nas pernas. A partir dos 12 km o grupo transformou-se em trio e o tempo para o record começava a ficar hipotecado, mas como não é meu timbre esmorecer, iria dar o meu melhor até ao final. Assim, desde aqui até perto da meta segui sempre no encalço do meu amigo Alberto e do João que é um 'velho' conhecido das corridas. Confesso que estes dois companheiros de estrada é que fizeram o 'trabalho' de puxar e imprimir o ritmo de corrida, eu limitava-me a ir na 'boleia' deles. No último abastecimento. perto dos 18 km, escaparam-se de mim alguns metros. O Alberto prontamente olhou para trás e chamou-me, acabei por me 'colar' a eles na entrada do último km. Na rua que dá acesso à recta da meta eu seguia na retaguarda e disse ao Alberto para ir, pois sentia que ele estava mais forte. Mas ele insistiu em levar-me na sua 'roda' e começou a imprimir gradualmente um ritmo mais forte. Com os olhos na meta e a escassos 100 metros do fim, desafiado pelo meu amigo encetei um vigoroso sprint surpreendendo os dois companheiros sobre a linha da meta. Não foi justo! Eles tinham-me 'rebocado' durante o período mais difícil da corrida, mas afinal estávamos a competir e a competição tem razões que a própria razão desconhece! No final trocámos cumprimentos desportivamente. O meu cronómetro registou o tempo de 1h20m19s. Atendendo a todas as circunstâncias, fiquei naturalmente satisfeito com o meu desempenho. Na classificação geral obtive o 55º. lugar entre os 581 que terminaram e no escalão, 45-50 anos, fui 8º. entre 112 participantes.



No próximo domingo corro na minha terra e vamos ver se 'pernas da casa fazem milagres'!!!