terça-feira, 5 de junho de 2007

Matosinhos: O braço do Senhor e as pernas do corredor!


Diz a lenda que a imagem do Senhor de Matosinhos é uma das mais antigas de toda a Cristandade. Nicodemos que assitiu aos últimos momentos da vida de Jesus, construiu uma escultura em madeira oca, considerada uma cópia fiel do rosto do Messias. Naquele tempo, os objectos sagrados eram alvo de perseguições, pelo que tinham de ser escondidos ou atirados ao mar para escaparem à fogueira. Assim, Nicodemos atirou-a ao mar Mediterrâneo, na Judeia e esta foi levada pelas águas, passou o estreito de Gibraltar e veio dar à costa na praia de Matosinhos, perdendo durante a longa viagem um braço.

A população de Bouças encontrou a imagem, à qual chamou Nosso Senhor de Bouças, ergueu um templo e venerou-a durante 50 anos pelos seus muitos milagres. Mas um dia, andava uma mulher na praia de Matosinhos a apanhar lenha para a sua lareira e sem notar, no meio de outros troncos, levou um pedaço de madeira diferente. Quando chegou a casa deitou toda a madeira para o lume, mas um pedaço, como por magia , teimava em não arder, apesar de muita insistência por parte da mulher. A sua filha, muda de nascença, ao assitir a tudo isto, gesticulava deseperadamente, como querendo dizer alguma coisa, até que por fim, balbuciou, para espanto da mãe, que o pedaço de madeira era o braço de Nosso Senhor de Bouças. Assombrada pelo milagre a população verificou que o braço se ajustava tão bem à imagem que mais parecia que nunca dela se tinha separado. No século XVI, a imagem foi levada para uma igreja em Matosinhos, construída em sua honra, ficando a ser conhecida por Nosso Senhor de Matosinhos.

Integrada no programa das festas em honra ao Senhor de Matosinhos, o município organizou a 3ª. meia maratona da cidade. Assim as minhas pernas deram 'à costa' junto aos paços do concelho, local de partida e chegada para cumprir mais uma meia maratona. Depois de ter vencido a neblina, o sol adquiriu brilho, a temperatura estava agradável, óptimas condições para os cerca de 600 atletas se fazerem à estrada para a meia maratona e talvez um milhar para a mini-corrida e caminhada de 4 km., que como vem sendo hábito, dão mais colorido e maior alegria à festa do atletismo.

Os primeiros quilómetros são algo aborrecidos, resultam de uma pequena volta que percorre as imediações da partida, de modo a passar novamente junto a esta, quando estão decorridos apenas quatro quilómetros. Depois a prova segue o porto de Leixões, atravessa o viaduto que passa por cima e dirige-se para Leça da Palmeira, passando junto à refinaria da Petrogal, onde se respira um ar não muito agradável.

Em frente ao farol da Boa Nova, seguimos pela marginal junto à praia e, aqui sim, é a parte mais bonita do percurso, onde podemos desfrutar de uma magnífica vista para o mar, com o privilégio de podermos observar alguns surfistas a dominarem as ondas. Mas não há bela sem senão e aqui nesta zona o vento dificultou, e muito, a tarefa dos atletas durante cerca de um quilómetro. Pode parecer pouco, mas para manter o mesmo ritmo foi necessário um esforço maior, e quando o vento deixou de se fazer sentir, iniciava-se um ligeira subida, o que ainda agravou mais a situação.

Apesar das dificuldades lá continuei determinado em não quebrar e com a entreajuda de um atleta que ia no meu andamento, iniciei uma 'cavalgada' até à meta, tendo o meu 'companheiro de ocasião' ficado para trás já depois do quilómetro vinte, na derradeira subida que, embora curta, mas devido aos quilómetros que as pernas já tinham, parecia que não tinha fim. Com o som da música e dos gritos do speaker já nos ouvidos, entrei nos últimos trezentos metros, arranquei uma passada vigorosa para o sprint final. Cortei a meta com 1h21m50s, menos 10 segundos que tempo estimado, o que atendendo ao percurso da corrida e a uma semana em que não foi possível descansar o necessário, me deixou bastante satisfeito com a minha prestação.

As pernas chegaram 'intactas' e com boas indicações para a 'via sacra' de corridas que aqui se iniciou, com desenvolvimento nos próximos domingos, até ter o seu epílogo a 1 de Julho na Póvoa de Varzim.
Por agora foi o 'braço' do Senhor de Matosinhos que me 'empurrou', Domingo estarei em Amarante para 'puxar a corda' ao S. Gonçalo.

3 comentários:

Jacke Gense disse...

Olá Zé!
Não acredito que você completou uma meia maratona em 1:21.. Minha nossa.. você não corre.. você voa rapaz!!!!
PARABÉNS..
Um dia vou querer 1/3 do que você corre.hehehehe

Obrigada pelas belas palavras em meu blog... Você e uma pessoa muitíssimo gentil e sempre me faz acreditar em mim mesma... Muito obrigada!

Um super beijo e mais uma vez PARABÉNS!!!

Anónimo disse...

Caro José Capela

Como é das Taipas e interessado em Atletismo, poderia informar como nos podemos inscrever na Corrida do dia 24?

Muito Obrigado.

José Capela disse...

Caro Peter

As inscrições para a 2ª. Corrida das Caldas das Taipas podem ser feitas na junta de freguesia.
Para as inscrições via e-mail, pode aceder ao mesmo através do site http://caldas-taipas.com/ se quiser fazer por fax o nº. é 253 570 013. Para esclarecimentos e informações o telefone é 253 576 884.

Boas corridas!