terça-feira, 22 de maio de 2007

Uma corrida com vista para o mar.

Entre Vila do Conde e a Póvoa de Varzim escrevi na minha memória páginas repletas de encanto, desde a infância até à juventude. De criança de colo até ser adolescente, assim que o ano escolar terminava e o Verão chegava, eu e os meus irmãos começávamos a retirar dos gavetões as roupas mais bonitas e frescas, os calções, as toalhas e os bonés para colocar nas malas. Depois andávamos na arrecadação à procura dos brinquedos de praia, a pázinha, o baldinho, as forminhas de peixe e estrela, as raquetes, sem nunca esquecer a colorida bola insuflável. Riscavamos no calendário com muita ansiedade os dias até ao primeiro de Julho. Assim que a data chegava, com a alegria estampada no rosto, lá íamos com a nossa mãe, carregados de bagagens e de sonhos, para a Póvoa. Aí permanecíamos numa casa alugada durante um mês inteiro, regalando-nos de tanta praia, que na época era recomendada pelos médicos para melhorar a saúde dos mais pequenos, através dos banhos de sol e do iodo do oceano Atlântico.

Como tenho belas e felizes recordações desses tempos: - As correrias pelo areal molhado entre os sectores 16 e 20, os banhos nas águas frias do mar, o pão de leite comprado à vendedora ambulante, o aprender a andar de bicicleta no largo do casino. Mais tarde as sessões de cinema no Póvoa-Cine, onde os tiros certeiros saídos da espingarda do John Wayne deslumbravam-me, as peripécias de Bud Spencer & Terence Hill provocavam-me gargalhadas e a doçura da Julie Andrews em "Música no Coração" deixava-me enternecido.

Passados alguns anos, já na juventude, Vila do Conde começou a ser o meu destino de fins-de-semana primaveris e dias de férias de Verão. Aqui dei os primeiros passos na descoberta do amor! Assim, desde o areal da praia das Caxinas, da marginal até à foz do Ave, o pôr do sol, o luar e o doce barulhinho das ondas do mar, foram testemunhas de inúmeros beijos apaixonados que aí partilhei. Recordo-me também de pedalar na bicicleta para a margem esquerda do rio, até à praia da Azurara, que nesse tempo era quase deserta, para namorar voluptuosamente entre as dunas. Vila do Conde é uma cidade envolvente, inspira romantismo e desperta glamour, fui muito feliz nesta linda e simpática terra, a quem com toda a propriedade designam por Princesa do Ave.

Foi a primeira edição deste Grande Prémio com a distância de 10 km, mas espero que seja o início de muitas, apesar da organização ter revelado alguma falta de experiência, a prova mostrou que pode crescer e conquistar o seu espaço no calendário de atletismo. A marginal Vila do Conde - Póvoa de Varzim, tem excelentes condições para a prática da modalidade, com uma fantástica vista sobre o mar como pano de fundo ao longo de toda a corrida. Assim, a prova principal contou com cerca de 500 atletas e a caminhada, que teve como madrinha a consagrada Rosa Mota, reuniu para cima de 1000 pessoas, que deram um colorido muito grande a este acontecimento desportivo, realçando que cada vez existe mais gente a mexer-se e a adoptar a actividade física para melhorar o seu bem-estar. Não posso também deixar de referir o cariz social que este evento teve, pois metade do valor da inscrição revertia a favor da Associação Nacional da Paramiloidose, o que permitiu que todos os participantes pudessem manifestar a sua solidariedade.

A partida foi dada a poucos metros de distância do Forte de S. João Baptista, seguiu para as Caxinas, passando na Igreja da Lapa, depois em frente ao Casino da Póvoa, rumou ao Passeio Alegre, contornando a rotunda junto às piscinas, onde se completaram os 5 km, para posteriormente fazer o percurso inverso até Vila do Conde. Como o trajecto é totalmente plano e o piso é óptimo, não fosse um ligeiro vento, estariam reunidos todos os ingredientes para fazer um grande tempo. Mesmo assim, posso considerar que fiz uma boa corrida, terminei com 36m38s, tendo inclusive feito uma segunda parte da corrida mais rápida que a primeira, o que permitiu melhorar a minha marca pessoal dos 10 km em 10 segundos. Além do mais, tive ainda a surpresa de ser o 5º. classificado na classe de Veteranos 45-50 anos, com direito a um prémio de 10 euros!

No próximo fim-de-semana não há corrida, mas haverá treino especial! O 'regresso do rei', obriga-nos a "honrar a palavra" e como o prometido é devido, no Domingo um grupo de atletas do parque, que espero seja muito numeroso, irá em ritmo de corrida das Caldas das Taipas até ao monte do Sameiro.

4 comentários:

Vilasdastaipas disse...

Parabéns pelo teu blogue. Gosto da maneira como escreves, mas, outra coisa não seria de esperar de ti. No Domingo ainda me lembrei de te procurar em VC, mas estava muito vento e o prof. não podia ir, pois ficava sem cabelo. Gostei muito da parte que não tinha nada a ver com a corrida.

Anónimo disse...

Que fotografias tao ternurentas!Junta-se o util ao agradavel correr num sitio tao bonito e tao inpirador ao mesmo tempo!Nada como o mar para nos sentirmos imensos!Tb eu guardo na mnha memoria o cheiro do mar da povoa....e arredores.....Ah, e parabens pelo resultado!bjinhos, kiwi

Jacke Gense disse...

Oi Zé!
Obrigada pelas belas palavras que colocou no meu blog!
Realmente você conseguiu me animar!

Adorei suas fotos de quando criança!

super beijo e ótimos treinos!

Anónimo disse...

Boa tarde José!

Antes de mais felicito-te pelo extraordinário trabalho que tens vindo a desenvolver no teu Blog.
Confesso que já não dispenso a leitura semanal das tuas crónicas.
Agradeço desde já por me teres admitido no vosso núcleo de atletismo. Aceito com muito prazer. Já vi que é constituido por elementos dedicados, que não são frios, e essencialmente de trato fácil... Alguns já conhecia outros tenho vindo a conhecer, confesso que estou surpreendido. "Parabéns por manteres o entusiasmo que se nota no seio grupo"

Para terminar queria que me informasses o que é necessário para proceder à minha inscrição no NAT.
(não te esqueças das fotografias da promessa ao Sameiro)


Cumprimentos,

Francisco Cerca da Cunha

PS: Se por algum motivo me quiseres contactar através de E-mail (cercadacunha@iol.pt)