As origens da vila de Cortegaça remontam ao século X e o seu nome deriva do latim Corticatia, palavra relacionada com cortiça, ao que se julga devido ao repovoamento das terras de Santa Maria pelos colonos que se fixaram nesta região de Entre-Douro e Vouga, atribuindo-lhe esta designação devido a uma grande quantidade de sobreiros que ali teriam encontrado. Actualmente, não existem muitos sobreiros, mas para compensar e demonstrar que por estas terras, árvore é muito mais que apenas uma palavra, existe um extenso pinheiral que oferece uma tonalidade verde e castanha à paisagem e se a isto lhe juntarmos o azul do mar, com ondas encrespadas que fazem as delícias dos surfistas, estamos perante um belo quadro naturalista.
"Os Falta D'Ar" - Desporto e Cultura e o Clube de Campismo e Caravanismo "Os Nortenhos", organizaram mais uma vez a meia maratona de Cortegaça, que conta já 23 edições e ao longo destes anos foi cativando os atletas do pelotão, ao ponto de hoje ser considerada uma das mais simpáticas corridas que se disputam no Norte e Centro de Portugal.
A partida é dada junto à praia, para logo a seguir entrar na mata, numa estrada florestal com um piso em alcatrão, que na quase totalidade do percurso, se encontra em excelente estado. Sensivelmente, ao quilómetro dez, dá-se a volta, percorrendo depois o caminho inverso e terminando a corrida, na entrada do parque de campismo, que fica mesmo ao lado da praia. Se exceptuarmos o local da partida e chegada, onde existe algum público, ao longo do trajecto vemos apenas e só atletas entregues a si próprios, formando uma corrente humana em movimento. Uns vão no sentido da ida outros já no sentido de regresso, dependendo do maior andamento de cada um em relação aos outros. O trânsito está totalmente cortado, os carros que existem são os indispensáveis à organização e que se resumem a um na frente da corrida, com o habitual cronómetro e à ambulância na retaguarda. Está assim criado um ambiente de silêncio, apenas quebrado pelo melodioso som do esvoaçar da ramagem verde dos pinheiros e pelo batimento dos pés dos atletas no alcatrão negro da estrada. Quando ao quilómetro doze ultrapassei um atleta que envergava uma t-shirt que dizia nas costas: "Atletismo - prazer de correr", a simples frase perante o cenário ganhou uma dimensão de puro gozo!
Atendendo ao facto de apenas terem decorrido vinte e oito dias após ter feito a maratona, era prudente não exigir muito do meu corpo e optar por analisar as minhas reacções ao longo da corrida para descobrir em que fase de recuperação me encontro. Mesmo assim, o objectivo que tinha traçado era concluir a prova dentro de um tempo que rondasse a 1h20m. O objectivo foi alcançado, pois terminei a prova com 1h20m49s, com uma regularidade de andamento ao longo de todos os quilómetros, que me deixou a certeza que a recuperação está a terminar, podendo nas próximas provas estabelecer objectivos um pouco mais exigentes.
No próximo domingo volto a ter o prazer de estar junto ao mar, desta vez para correr os 10 km da marginal Vila do Conde - Póvoa de Varzim.
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