terça-feira, 1 de abril de 2008

Meia-Maratona "Cego do Maio": E o vento levou o record.


A Póvoa de Varzim é uma das mais conhecidas estâncias balneares do norte de Portugal e a sua praia nos meses de Verão recebe a visita de inúmeros forasteiros em busca dos banhos de sol e de mar. Outrora foi um importante porto de pesca, onde os seus pescadores para ganharem a vida tinham de ser valentes e sem medo de enfrentarem o perigo do tumultoso mar da Póvoa.

Cego do Maio, que viveu no séc. XIX, figura na galeria dos mais ilustres poveiros. Pescador, filho do povo, homem de grande coragem e abnegação, arriscou dezenas de vezes a vida para salvar a dos outros companheiros, nos perigos das duras fainas do mar. As suas proezas tornaram-se lendárias, tendo sido galardoado com as mais altas condecorações, atribuídas pelo Rei D. Luís I, na presença da família real.
Os poveiros, que são gente grata, ergueram-lhe um busto numa praça central com vista para o mar. Recentemente, o município atribuiu à meia-maratona o seu nome numa feliz associação entre esta personagem e a corrida, talvez por tantas serem as vezes que os atletas precisam de valentia e sacrifício.

A primavera já chegou, mas não trouxe com ela o seu tempo ameno. Na madrugada deste domingo, a chuva e o vento fizeram-se sentir, no entanto, quando acordei bem cedo, uma certa acalmia pairava no amanhecer. Rumei à Póvoa de Varzim e quando lá cheguei o céu estava carregado de nuvens cinzentas, o mar com ondas altas e fortes e uma enorme ventania.

Depois da Maratona de Sevilha, tinha feito pontaria a esta 'meia' para tentar bater o meu record pessoal na distância, que curiosamente tinha sido registado aqui na Póvoa e num dia em que as condições climatéricas também não foram as melhores. Assim, estava determinado e iria partir com o objectivo do record em mente. Até o tempo parecia querer melhorar, o sol rompia as nuvens e o vento dava alguma trégua, à medida que se aproximava a hora da largada, mas foi pura ilusão.

Soou o tiro da partida! Como estava bem posicionado e a avenida era larga os primeiros metros foram percorridos sem grandes sobressaltos. Logo aqui deu para perceber que o vento também iria correr. Tento integrar um grupo para obter alguma protecção. Volvidos 2 kms, concluo que este pelotão estava mais interessado em defender-se do vento do que num andamento mais rápido. Este ritmo não servia os meus propósitos. Saio na frente sozinho, ou melhor, na companhia do vento. Mais adiante segue um quarteto de atletas, vou no seu encalço. Quando dobrei os 5 kms com o meu cronómetro a marcar 18m55s, mais 15 segundos que o previsto, já formava com eles um quinteto. Também aqui não permaneci muito tempo, uma vez que não era o andamento que precisava e não me pareceu que pudesse haver entreajuda entre os elementos para superar as cada vez mais difíceis condições climatéricas. Contudo, não estava disposto a esmorecer!

Volto a sair na frente, desta vez tendo como companhia o vento e a chuva forte. Com esta intempérie, naturalmente o meu ritmo sofreu uma quebra, mesmo assim na dobragem dos 10 kms com o registo de 38m05s, quando para atingir o record precisaria de um tempo de passagem de 37m20s, tinha alcançado um nova formação. Decididamente, não era a corrida para seguir em grupo. Sentia-me com força e vontade de correr mais depressa. O vento roubava-me segundos preciosos, mas não me retirava a moral. Lancei-me de novo sozinho estrada fora. O vento perdia força, fraquejava, eu imprimia um ritmo de 3m40s-3m42s/km, o sol substituía a chuva e com esta cadência forte continuei a minha saga na 'luta' contra o tempo - o do relógio e o do clima. Mas o vento é um opositor matreiro e imprevisível, voltou a aprecer na parte final da corrida, por volta dos 20 kms, pouco antes de entrar na infindável recta da meta. Este 'arejado adversário' não satisfeito por me ter impedido de bater a minha melhor marca pessoal, também não permitiu que eu ficasse bem lá perto! Cortei a meta com 1h19m54s, a 59 segundos do almejado record!

No final senti uma ligeira brisa no rosto suado, como se fosse um sinal enviado pelo vento, a dizer: "Paciência, não te deixei ganhar!". Retribui com um sorriso e em jeito de resposta: "Para a próxima há mais!"

11 comentários:

António Almeida disse...

Boa tarde José Capela

foi pena não bater o seu melhor tempo na "meia" mas fez ainda assim um excelente tempo.
Parabéns.
Continuação de bons treinos.

Anónimo disse...

Olá Zé, que simpático ter passado pelo meu blog. Sou leitora do seu blog, gosto bastante das suas histórias sobre os locais onde corre, fico sempre a aprender mais. Qualquer dia temos de combinar uma corrida com todos os colegas atletas da net.Ia ser bem giro.
Continue a tentar o seu record estarei cá para aplaudir.
Beijinho grande
Fátima

Ricardo Hoffmann disse...

Olá José Capela. Me sinto honrado com sua visita. Grande prazer fazer amigos além-mar. Parabéns pela prova, apesar das instempéries, foi um excelente tempo!! Passarei por aqui mais constantemente

Anónimo disse...

Olá Zé,

Deixa lá para a próxima será melhor, mesmo assim fizeste um bom tempo.
Boa música no teu blog. Gostei.

Beijocas,

Manuela

Unknown disse...

Caro amigo...

Também eu participei nesta "ventosa" meia-maratona, conseguindo o meu melhor tempo de sempre (muito longe do seu...), 1h34m... o que para mim, que estou a três semanas de participar na Maratona de Madrid, foi excelente! Grande abraço e parabéns pelo Blog.

Paulo Freitas
(http://www.osflechinhas.blogspot.com/)

Flechinhas disse...

Olá companheiro,

Registamos e apreciamos sua honrosa visita pelo nosso ainda jovem Blog. Pessoas que previligiam esta forma de estar na vida, fazem-nos sentir muito bem.
Tentaremos ser visitas mais assíduas do seu espaço e adicionaremos o seu link ás nossas sugestões.

Abraço desportivo,

osflechinhas.blogspot.com

António Bento disse...

Boas José Capela
Parabéns pelas corridas pós-maratona.
OBRIGADO pelo incentivo no tartaruga. Vai ajudar muito a cortar aquela meta com um sorriso total.
Abraço
AB

Nadais disse...

josé,

alem das provas teus relatos são muito interessantes.

quanto ao tempo, tens centenas de outras 'meias' a correr.

valeu!

nadais

António Bento disse...

OBRIGADO Zé Capela!
e a próxima já está traçada, 2009, 2 hipóteses: Sevilha ou Paris.
a ver vamos.
um forte abraço e óptimos treinos e corridas.
ab

Jorge Cerqueira Souza Filho disse...

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Parabéns meu amigo por mais um desafio na sua carreira deportista, para mim fizeste um ótimo tempo.
Bom final de semana.
Desejo também a vc boas corridas.
Um abraço,
JORGE
www.jmaratona.blogspot.com

soares disse...

ola amigo capela sou um amigo das corridas eum rival teu no bom sentido em algumas provas espero que continues sempre a melhorar os teus tempos e que nos encontremosmuitas vezes e sinal que estamos bem um abraço deste amigo das corridas alberto soares o blog do meu clube e www.crpstiago.blogspot.com