terça-feira, 20 de março de 2007

Meia-Maratona de Lisboa: da iniciação à peregrinação.


No já distante dia 24 de Março de 2002, fui a Lisboa para correr a minha primeira meia-maratona. Sim, mesmo a "meia", os tais vinte e um quilómetros e noventa e sete metros e meio. Na altura estava longe de imaginar que ali iniciava a minha grande odisseia no atletismo. Confesso que esta prova não foi escolhida ao acaso, pois as imagens que via de edições anteriores provocavam em mim um certo fascínio. As minhas expectativas não foram defraudadas, nem sequer beliscadas, pois correr em cima da Ponte 25 de Abril, tem algo de inexplicavelmente mágico. Desde então, apenas falhei uma vez a "meia da ponte", como é carinhosamente apelidada pelos atletas, devido a uma lesão contraída nas vésperas da prova, quando já treinava afincadamente.

Assim, no passado domingo, rumei a Lisboa para cumprir a trigésima segunda meia-maratona do meu rol, celebrada com o ritual da passagem da ponte. Estava uma manhã de sol radioso, não muito boa para quem ia com objectivos de melhorar tempos, mas excelente para colorir o ambiente e dar mais brilho à festa.

E a festa começou bem cedo, é lindo ver as paragens dos autocarros apeadas de gente com o dorsal pregado na t-shirt, é arrepiante e sufocante fazer a viagem de comboio para o outro lado da ponte até ao Pragal, com uma enorme enchente a fazer lembrar o metro de Tóquio em hora de ponta. A imensa multidão equipada de diversas formas, uns para correr, outros simplesmente para caminhar, exteriorizava uma enorme alegria, através do barulho que fazia e pela ânsia que tinha em chegar ao local da partida. Chegados ao Pragal, a recepção é feita por uma Banda de música e pelas variadas empresas que patrocinam o evento, que vão distribuindo bonés, lenços e demais brindes publicitários. A romaria vai aumentando e são já uns milhares de pessoas que vão subindo a encosta, rumo à praça da portagem. Lá no cimo, o Cristo-Rei que apesar de estar de costas, parece querer dar-nos a mão, para que possamos chegar mais depressa à zona da partida. Aqui, à medida que esperámos pelo tiro da partida, ouvimos dizer que o primeiro-ministro está ali, a câmera da televisão acolá, vemos um grupo de bailarinas a agitar as ancas ao som de música latina em cima de um palco. O speaker grita a dar as boas vindas e informa que estão trinta e seis mil para a travessia da ponte: cinco mil para a "meia" e trinta e um mil para a "mini", um record!!!

O tiro da partida soa e uma louca correria começa, para evitar os atropelos e ganhar posição, acelero um pouco mais no arranque, quando reparo já estou em cima da ponte a correr, mais ou menos à vontade, mas sempre serpenteando por entre atletas. Cumprida a travessia no tabuleiro e quando se desce o viaduto para Alcântara, consegue-se ter a noção do mar de gente que desliza em cima da ponte - é simplesmente impressionante!

Aqui, os 'peregrinos da mini' voltam para Belém, enquanto os 'peregrinos da meia' rumam em direcção à zona histórica de Lisboa, pela Avenida da Índia, 24 de Julho, Cais do Sodré, Terreiro do Paço, Rossio, Santa Apolónia, regressando novamente ao Terreiro do Paço fazendo o caminho inverso pela 24 de Julho, até chegar à meta instalada na Praça do Império, tendo como sombra a imponência do Mosteiro dos Jerónimos. Talvez os monges que neste local habitavam, a quem outrora D. Manuel pediu para prestarem assistência espiritual aos navegadores, que da praia do Restelo partiam à descoberta de outros mundos, iluminem agora os muitos atletas do pelotão que aqui descobrem a paixão pela corrida.

2 comentários:

Anónimo disse...

mas afinal, qual foi o resultado da corrida?foi batida alguma marca pessoal?isso é que queria saber.....se os treinos diarios têm tido resultados.....pq um atleta a este nível nao vai la só para participar.......huuuuuummm
beijinhos e força, kiwi

Maria Sem Frio Nem Casa disse...

Parabéns Zé, pela 32ª! E Roterdão está já aí!

Torço por ti! Vais superar-te, não tenho dúvida alguma!

Um beijinho e bons treinos
Ana