segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

S. Silvestre do Porto: A última corrida do ano.

No final de cada ano em muitas cidades do país, habitualmente à noite, realizam-se as tradicionais corridas de S. Silvestre. A cidade do Porto, que é palco de tantas e tão boas provas de atletismo, não poderia deixar passar esta data em branco. Assim, mais uma vez , a Runporto organizou a 15ª. Corrida S. Silvestre Cidade do Porto que, no fim da tarde deste domingo juntou uma multidão na Avenida dos Aliados. Para a prova principal de 10 km estavam anunciados 2.000 participantes e para a mini-caminhada 4.000. Como não chovia e o frio até não era tanto como em dias anteriores, também muitos espectadores foram para as ruas da baixa portuense aplaudir os atletas, fazendo uma bonita festa!

Nesta edição, devido à ausência de atletas africanos, a organização apostou no mercado espanhol e foram cerca de 200 os nuestros hermanos que correram na Invicta e travaram com os atletas lusitanos um interssante duelo, uma vez que estava em disputa o Troféu Ibérico. A taça ficou em casa, pois os vencedores foram Rui Silva (Sporting) com o tempo de 29m33s e Sara Moreira (Maratona) com 33m53s, deixando a armada espanhola a alguns lugares de distância.
.
A minha prestação correu dentro do previsto, reconhecendo desde logo que não é uma corrida adaptada às minhas características e ao treino que tenho desenvolvido. O percurso é composto por duas voltas, com subidas e descidas muito acentuadas e num piso em que o empedrado predomina, pelo que apontei um tempo final a rondar os 37 minutos. Estava bem colocado na partida e não tive muitos problemas na largada, que é feita a descer e como é hábito a grande velocidade. Só que este ímpeto inicial é imediatamente travado pela íngreme subida de cerca de 2,3 km até ao Marquês, para depois descer, primeiro ligeiramente e a seguir com mais inclinação até completar a primeira volta. Depois vem a segunda e também aumentam as dificuldades, quem abusou no ritmo de ínicio paga a ousadia na interminável subida desde a Rua Sá da Bandeira, até dobrar novamente o Marquês. Foi nesta segunda subida que me encontrei com um companheiro aqui da blogosfera, o Luís Mota, e ainda trocamos palavras, num breve cumprimento. No último km um equívoco, só possível por ser a primeira vez que faço este percurso, fez com que eu gastasse a força num sprint que se revelou precipitado, pois ainda faltavam 400 metros para o final, era ainda necessário contornar o meio da Avenida dos Aliados e uma ligeira subida até à meta! Apesar deste percalço, cortei a linha de chegada com o tempo de 37m16s, fui 54º classificado entre os 1.680 que terminaram a prova e 6º em Veteranos (45-50 anos).

Foi a minha 19ª e última corrida do ano. Sem falsas modéstias, em todas as competições que participei estive em bom nível. Melhorei as minhas marcas pessoais em todas as distâncias, pelo que com toda a propriedade posso considerar o ano de 2008, MARAVILHOSO!
.
Desejo e espero, tanto para mim, como para todos, que 2009 possa ainda ser melhor!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Meia-Maratona da Marinha Grande: A saga de um record!


Como referi no post anterior, a 'mãe' da Nazaré tinha-me sussurrado ao ouvido que o record da meia-maratona poderia ser batido em breve! Fiquei com a pulga atrás da orelha e não descansei enquanto não me inscrevi numa 'meia' para dissipar a questão. Olhei para o calendário de corridas e escolhi a Marinha Grande. Como fica nas proximidades da Nazaré, quem sabe se poderia contar com a graça da mãe! Em 2005 tinha participado nesta prova, que apesar de ser modesta em termos de números de atletas, tem excelente percurso, abastecimentos suficientes e marcação de kms devidamente referenciados, reunindo portanto todas as condições para uma boa corrida.

Depois de ter convencido dois companheiros de equipa a fazer uma viagem de 250 kms debaixo de chuva intensa, para ir correr uma meia-maratona, não podia defraudar as expectativas, o objectivo era apenas um: Correr para o record!

Como estavam apenas cerca de 200 atletas, deu para proceder ao aquecimento com todos os pormenores que uma corrida exige. A chuva, que até então não parava de cair, também deu uma trégua, o céu começou a aliviar e o sol fez, aqui e ali, uma breve aparição. Como não estava muito frio e o vento que havia não era muito forte, até o tempo parecia querer dar uma ajuda à saga que ia travar com o cronómetro.

Em todas as corridas, planeio o ritmo a que devo seguir com vista a alcançar o resultado pretendido. As contas eram simples, para melhorar o meu record que estava em 1h18m56s, teria que correr a uma média dentro dos 3m44s/km, sendo a estratégia de 18m40s por cada 5 kms. Parti com muita determinação, mas isto das corridas nem sempre é como a gente deseja e as contas tantas vezes saem furadas!

Até ao 5º km segui num grupo de meia dúzia de atletas, registando um tempo de 18m27s, nos kms seguintes fiquei apenas com 2 companheiros e mantivemo-nos até aos 10 kms, que foram dobrados com o tempo de 37m08s. De acordo com os meus cálculos estava com um intervalo positivo de 12 segundos, mas era uma margem reduzida que não me permitia grandes quebras para a segunda parte da corrida. A partir dos 12 kms os meus companheiros ficaram para trás, no entanto não esmoreci - no momento em que se fica sozinho correndo pela estrada fora, o apelo à capacidade de resistir às adversidades vem ao de cima. Naturalmente, acusei algum desgaste e na passagem dos 15 kms o meu cronómetro assinalou 56m03s, perdendo apenas escassos 3 segundos!

Entrava na fase crucial da corrida, era a hora da superação, como fui ultrapassando alguns atletas que iam em perda fui-me motivando e acreditando que era possível. A partir daqui entrei numa luta contra o cronómetro, cada segundo que corresse mais rápido representava uma grande vitória! Entro no 19º km com 1h07m12s, até ao 20º km sobe ligeiramente, forcei o ritmo para não quebrar, dobrando a placa dos 20 km com 1h14m54s. A guerra contra o tempo seria ganha ou perdida por uns ínfimos segundos! No último km aproveitando a ligeira descida até à meta e a enorme vontade que tinha de vencer o relógio, cerrei os dentes e com todas as forças que tinha embalei a toda velocidade até à meta! Alguns metros mais à frente, rodei o pulso, olhei para o cronómetro que assinalava 1h18m47s! Fantástico, saí vitorioso e meu anterior record foi batido por 9 segundos! Na classificação geral fui 24º e no escalão 45-50 anos o 4º!

Como no dia seguinte a minha equipa ia estar em peso na 51ª. Volta a Paranhos no Porto, voltei a calçar as sapatilhas para fazer esta clássica corrida de 10 kms. Apesar de ter rolado em ritmo de treino fiz o tempo de 38m39s e, mesmo assim fui 158º entre os 1039 atletas que terminaram a prova.
.
As pernas não vivem à sombra da fama, tem de estar operacionais para mostrar quanto valem a todo o momento!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Meia-Maratona da Nazaré: O embalo da 'mãe'.


A Meia-Maratona da Nazaré é a mais antiga do país e é reconhecida por todos como a mãe das meias-maratonas. Este ano cumpriu a 34ª edição com a particularidade de não oferecer prémios monetários aos primeiros classificados e, desta forma, o que se perdeu com a ausência dos melhores atletas nacionais, ganhou-se através do cariz mais popular que os atletas do pelotão oferecem à corrida.

A minha primeira 'meia' na Nazaré foi em 2003 e desde então, até agora, não falhei nenhuma. Assim, este domingo, juntamente com nove elementos da minha equipa rumei até à Nazaré para cumprir a minha 6ª. presença consecutiva. Após 15 de dias de ter corrido a Maratona do Porto, apresentei-me à 'mãe' com objectivos maleáveis. Sabia que queria começar com calma e cautela, depois à medida que os kms fossem ultrapassados analisaria o desempenho das pernas e, em função disso, imprimiria maior ou menor ritmo. O sol brilhava realçando ainda mais o azul do mar, a temperatura era muito agradável e não existia vento. Estavam reunidas as condições para uma bela corrida.

Apesar de me parecer que havia menos gente que em anos anteriores, ainda assim compareceram na linha de partida cerca de 1.250 atletas. Estava bastante descontraído, por isso nem sequer me preocupei com uma boa colocação na saída e, como esta é dada na larga avenida da praia, a questão acabava por se resolver com relativa facilidade. O tiro da partida ia ser dado pela grande Rosa Mota, que ainda hoje detém o record feminino da prova com o fantástico tempo de 1h10m31s, conquistado no longínquo ano de 1989! A pistola estava sem 'pólvora' pelo que teve de ser o speaker a fazer a contagem até três para que a corrida começasse! Ao longo dos 34 anos a 'mãe' deve ter muitas histórias para contar, esta será certamente mais uma peripécia para acrescentar ao seu extenso rol.

O 1º km é feito ainda na avenida da praia e porque estava no meio da multidão nem consegui ver a placa que o assinalava. Assim só no 2º km, já no início da subida para a habitual primeira volta à vila, é que consegui marcar o tempo de 7m55s. Modesto, mas satisfazia-me plenamente. O 3º km é feito ainda a subir foi percorrido em 4m01s, depois descia e ao voltar a passar na avenida da praia, já em terreno plano, o tempo naturalmente baixaria, o que sucedeu e à passagem dos 5 km o meu cronómetro assinalou 19m32s a uma média de 3m54s/km.

As pernas estavam ligeiras pelo que as deixei ir estrada fora. Os segundos 5 km foram um pouco mais rápidos, 19m17s com a média por km a baixar para 3m51s. A seguir ao km 10 começa a subir até ao retorno de Famalicão, que é sensivelmente ao km 12,5 e , apesar do grau de dificuldade do percurso ser maior, as pernas estavam com vontade de aligeirar ainda mais o passo e fiz-lhes a vontade! A mãe é muito generosa, estava confiante que não ia ralhar comigo! Como depois da subida vem a descida, quando dobrei a placa dos 15 km o meu tempo total de prova era de 57m55s, com os terceiros 5 km a serem corridos em 19m06s e a média por km a cair para os 3m49s.

Eu sou um bocado teimoso e as minhas pernas também! Não estavam satisfeitas, queriam mais. As mães são muitas vezes condescendentes com a birra dos filhos! Logo a mãe não se iria aborrecer comigo se eu fosse mais depressa, antes pelo contrário, ainda senti um certo incentivo chegando ao km 20 com o tempo total de 1h16m45s, cumprindo os quartos 5 kms em 18m50s, à média de 3m46s/km! Depois embalado pela mãe imprimi um ritmo mais forte até à meta correndo os 1.097,5 metros finais em 3m55s, concluindo a prova com o tempo de 1h20m40s!
.
Fiquei bastante satisfeito com a minha prestação e ainda mais contente pela forma simples e fresca como corri. Foi a minha melhor marca ma meia dúzia de visitas que fiz à 'mãe' que com o seu carinho, parece que ainda me sussurrou ao ouvido que poderei bater o meu record em 'meias', brevemente!
Haja pernas!!!!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Maratona do Porto: O brilho de um record!

Foram muitas as horas e muitos os quilómetros nas pernas durante as nove semanas de treino de preparação para a Maratona do Porto. Mas não pensem que constituiu qualquer espécie de sacrifício, antes pelo contrário, foram excelentes os momentos de convívio com os meus companheiros de equipa, onde a boa disposição era misturada, naturalmente, com o suor dos exigentes treinos que cada um tinha que fazer. Atrevo-me até a adulterar um antigo adágio popular para traduzir a entrega e o prazer com que os bravos maratonistas do meu grupo demonstraram durante estas semanas: Quem corre por gosto não cansa, diverte-se!
.
Todos os corredores da maratona,quando chegam à última semana sentem que o treino já está feito. Os dias que antecedem a 'prova rainha' são para o descanso activo e como estamos no Outono, costumamos dizer que são apenas uns 'trotes ligeiros' para varrer as folhas das árvores que vão caindo sobre o parque. Conversamos sobre maratonas passadas, tentando exorcizar as experiências negativas ou focando os aspectos gloriosos. Digamos que, de uma forma prosaica, estamos a fazer o que os entendidos designam por preparação psicológica!

O que mais me preocupa nesta última semana é o receio de ser atacado por alguma gripe! Na segunda-feira comecei a sentir uma leve indisposição no estômago, mas não dei grande importância, pois achava que a corridinha leve do fim do dia seria o suficiente para repor a normalidade. Puro engano! A coisa complicou-se de tal modo que, na terça-feira fui acometido de tamanho mal-estar que cheguei a pensar que a maratona estava em risco. Felizmente ainda fui a tempo de me safar desta maleita, sem ter de deixar de ouvir as bocas lá da malta, que as minhas dores de barriga eram sintomas de medo! Quem tinha no seu historial sete maratonas ia lá ter medo! Ainda fui ironizando dizendo que tenho muito mais pernas que barriga!

No domingo estava uma bela manhã de sol e como a hora tinha atrasado, às 8 horas da manhã já o astro rei brilhava mais alto. Gosto de chegar cedo ao local da partida para sentir a envolvência da prova e fazer subir a adrenalina. O objectivo, apesar do imprevisto dos últimos dias, não foi minimamente alterado, iria correr para o record! Foi para isso que treinei, não fazia sentido alterar e além do mais no momento sentia-me bem, se depois lá mais para a frente me ressentisse, paciência!

Tinha combinado com dois companheiros, não da minha equipa mas de muitas corridas, fazermos a maratona juntos. Temos andamentos idênticos e a estratégia era rolar, em termos médios entre os 4m06s/km e 4m10s/km ao longo de toda a prova, com a noção que o percurso na primeira parte é mais fácil, mas não caindo na ratoeira de querer ir mais rápido logo no início. Apontávamos a passagem à 'meia' dentro da 1h26m e um tempo final de 2h55m. Foi com esta táctica que os três mosqueteiros se lançaram à corrida e foram engolindo os quilómetros. Até ao décimo quilómetro ainda houve a confusão de se saber quem são os maratonistas e os corredores da 'Family Race', mas a partir daí o asfalto e também o maldito paralelo ficavam definitivamente por conta dos bravos da maratona. A cavalgada dos mosqueteiros continuou em passo certo, aqui e ali ultrapassando ou aglutinando um grupo, mas sempre dentro do ritmo estipulado. No tapete da meia-maratona o nosso tempo de passagem foi de 1h26m19s e com uma frescura que permitia encarar a segunda parte da corrida com muito optimismo!

Os quilómetros foram passando e o nosso ritmo continuava imperturbável, certinho como a corrente do rio Douro. No quilómetro vinte e cinco junto à ponte D. Luís os mosqueteiros já seguiam sozinhos estrada fora. Os abastecimentos começam a ser imprescindíveis e a ajuda entre nós foi exemplar. Rumávamos agora até ao retorno do Freixo, aqui podíamos ver os atletas que iam à nossa frente e que já regressavam no sentido inverso, mas na verdade não vimos muitos o que era um bom indicador para a nossa prestação. Assim chegamos ao trigésimo quilómetro com o tempo de 2h02m45s e uma excelente média de 4m05,5s/km. Mas como costumo dizer: A maratona é um passeio de trinta quilómetros e uma prova de doze quilómetros mais cento e noventa e cinco metros, que ia começar nesse preciso momento! Agora é que os mosqueteiros teriam de dar corda...às pernas!

Estoicamente até ao 'famoso muro' do trigésimo quinto quilómetro que anunciava 2h23m29s, a média sofria um pequeno abalo, mas este verdadeiro trio de ataque ia-se aguentando com muita valentia. O inevitável paralelo das palmeiras da Foz é dificil de dobrar, onde é possível salta-se para o passeio, tentando descobrir um trilho melhor, mas não há nada a fazer, ali é o 'cabo das tormentas' que foi vencido com o custo de alguns preciosos segundos. Com a avenida Brasil aos nossos pés e o quilómetro quarenta nos olhos, o meu cronómetro marcava 2h45m14s. No horizonte, cada vez mais visível surgia o record. Na subida do quilómetro quarenta e um tinha uma verdadeira claque de apoio composta pelos atletas do meu clube que tinham feito a 'Family Race' - galvanizado por este estímulo imprimi um ritmo mais forte, os outros mosqueteiros cederam um bocadinho e eu galguei o quadragésimo segundo quilómetro em 4m03s, ainda com fôlego para dizer, a um amigo que me aplaudia, que o record estava no papo, entrando na recta da meta com um sprint e os olhos no relógio electrónico que ia marcando o tempo de 2h53m55s...2h54m05s...2h54m15s quando o passei!

Segundos depois chega o segundo mosqueteiro, Manuel Mendes, que disse que me acompanhava até onde as forças dele dessem! Imediatamente a seguir chegou o outro mosqueteiro, Alberto Soares, companheiro de muitas 'meias' e que sempre me prometeu que ia ajudar-me a bater o record na maratona, possuidor de uma forte determinação e inexcedível na ajuda, cumprindo integralmente o prometido. Faço também questão de, enaltecer todos os elementos do NATaipas, pelos excelentes resultados obtidos, tanto a nível colectivo como individualmente. Um grande Obrigado a todos! A maratona é uma corrida onde o espírito de solidariedade entre os atletas é mais forte, o que a torna ainda mais distinta e especial!
.
Foi no Porto que, em 2004, me tornei maratonista, corri todas as edições seguintes, tenho um enorme afecto pela cidade e pela prova e era aqui que desejava bater o meu record! Tudo correu na perfeição, fui 47º na classificação geral e alcancei o privilégio de ir ao pódio pelo 2º lugar no escalão 45-50 anos! Foi um domingo onde o sol brilhou especialmente para mim!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Meia-Maratona de Ovar: 'Intermezzo' para a maratona.

Neste domingo cumpri a 6ª. semana de treino para a Maratona do Porto. O treino programado para este dia contemplava a participação nos vinte anos da Meia-Maratona de Ovar. O ambiente era festivo e os atletas compareceram em massa demonstrando uma enorme admiração e simpatia por esta 'meia'. A organização esteve em bom plano e a manhã de sol que se fez sentir deu ainda mais brilho à prova.
.
Correr uma meia-maratona sem dar o meu máximo é coisa que não me permito muitas vezes, confesso que gosto sempre de dar o meu melhor, mas como o objectivo principal é estar nas melhores condições na maratona, a ordem era clara, muita calma e moderação nas pernas. Digamos que foi um 'intermezzo' para a grande 'ópera' do dia 26 de Outubro.

Deste modo até foi mais fácil entrar na 'festa' e ver um outro lado da corrida, que só é possível quando vamos descontraídos e nunca no limite. Cumprimentamos amigos, brincamos com os companheiros de estrada, saudamos o público, ajudamos os atletas em dificuldades, incentivamos os que vão na frente e ainda desfrutamos da paisagem. Desde o tiro de partida até à meta segui confortavelmente num ritmo estável entre 4'00"-4'05"/km, concluindo a prova com o tempo de 1h25m03s, a escassos 3 segundos do tempo exacto que tinha programado!

Mais importante do que o tempo obtido nesta 'meia', era a análise da resposta das pernas a um ritmo de certo modo idêntico ao que pretendo correr a maratona. E a resposta das pernas não podia ser melhor: estão bem e recomendam-se! O treino para a maratona ultrapassou já os 650 kms e vai atingir a sua carga mais elevada durante esta semana, depois entra numa fase de diminuição, que será gradual até ao grande dia.

Não sou um novato na maratona, como alguns sabem esta irá ser a minha 8ª, no entanto a maratona está revestida de uma aura mitológica que parece sempre que a vamos fazer pela primeira vez. No passado dia 28 de Setembro, Haile Gebrslassie consegui fixar o record do mundo, que já lhe pertencia, abaixo das 2h04m, mais propriamente, em 2h03m59s! Muitos consideram o mais fantástico feito da história do atletismo. A este propósito, António Simões, colunista d'A Bola escrevia no jornal a este respeito - "...mais do que um acontecimento físico a maratona é um duelo espiritual, a mais sedutora luta entre o homem e os deuses, em que os deuses são a distância, o tempo, a alma - e por esta razão é que os maratonistas são os homens mentalmente mais fortes do mundo..."

Viva a maratona!
E que as pernas se transcendam!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Correr e delirar nas margens do Douro.

A segunda edição da meia-maratona Sport Zone veio confirmar aquilo que prometera no ano passado aquando da sua criação - num futuro próximo fazer deste evento de corrida um dos maiores e melhores realizados em Portugal. Pelo que se viu domingo estes objectivos começam desde já a ser alcançados.

A prova é disputada nas cidades do Porto e Vila Nova de Gaia, nas margens do rio Douro, atravessado-o através do tabuleiro inferior da Ponte D. Luís I, demonstrando que um rio nunca é uma barreira, mas sim um elemento de união. Ao longo do percurso somos brindados com um cenário deslumbrante, onde sobressai a magnífica engenharia das pontes de diversas épocas, o pitoresco aglomerado de casas da zona ribeirinha, classificado como Património da Humanidade pela Unesco e as famosas caves do vinho do Porto, ostentando nas diversas marcas os nomes das famílias que desde há séculos se dedicam à produção do precioso néctar dos Deuses.

A organização, de modo a promover o crescimento e a afirmação da prova, tem apostado em fazer alinhar à partida uma 'armada' de velozes quenianos. No ano passado o cabeça de cartaz foi o campeoníssimo Paul Tergat, este ano a honra coube ao recordista mundial da meia-maratona e recente vencedor da maratona das olimpíadas de Pequim, onde estabeleceu novo record olímpico - Samuel Wanjiru. Também se apresentou à partida a nossa Vanessa Fernandes que nos deu a prata, no Triatlo, em Pequim. A corrida tem esta coisa fantástica - atrevo-me mesmo a dizer que é capaz de ser a única modalidade desportiva em que um simples 'atleta de pelotão' consegue participar numa competição onde alinham os melhores do mundo!

Conforme referi no post anterior, a meia-maratona iria servir para avaliar o estado da minha forma, após quatro semanas de treino específico para aquele que é o meu grande objectivo da época - a Maratona do Porto. Assim, depois de longas horas e muitos quilómetros de treino, no regresso à competição as minhas pernas deram uma excelente resposta. A estratégia para a corrida passava por chegar dentro do meu melhor tempo, tentando correr num ritmo estável em cada quilómetro. Aqui deixo o registo dos meus tempos de passagem a cada 5 km, correndo sempre a uma média que se fixou no intervalo de 3m44s-3m49s/km:
- 5 km->18m45s/18m45s;
- 10 km->18m48s/37m33s;
- 15 km->18m59s/56m32s;
- 20 km->19m04s/1h15m36s.

Naturalmente e sem surpresas o vencedor foi o Samuel Wanjiru com o tempo de 1h01m24s, a Vanessa Fernandes alcançou o 35º lugar com o tempo de 1h17mo4s e eu cortei a meta em 48º lugar com o tempo de 1h19m31s! Numa meia-maratona corrida com um tempo bastante quente e húmido, onde terminaram 1.151 atletas parece-me que não estive nada mal!

No final o simpático pai da minha amiga Ana Pereira, tirou-me uma fotografia junto à menina que me ia entregar a medalha. Achei imensa graça, porque a Ana disse que eu estava com um ar 'esgazeado'! Pois é, na verdade ainda há pouco tempo achava que correr uma meia-maratona abaixo de 1h20m era coisa de loucos, aí estou eu a integrar esse distinto grupo!

Até que as pernas permitam, a loucura não vai parar!!!

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Com os olhos na maratona...

Agosto é tradicionalmente o mês das férias. Não fugi à regra e troquei a rotina diária do trabalho durante os últimos doze dias do mês por alguns dias na praia, longe do computador, do toque do telefone e da montanha de 'papeis' que pairam em cima da minha secretária. Foi muito bom, retemperador!

Atleta que se preze, ou melhor 'atletodependente', para onde quer que vá pode esquecer-se de muitas coisas, mas das sapatilhas isso é que nunca! Após a minha última competição a 6 de Julho, durante uma semana alternei o descanso com as corridas leves, depois fui gradualmente aumentando a carga do treino, atingindo no mês de Agosto a bonita soma de 399,6 km corridos. Pois é, já estava com os olhos na Maratona do Porto. Especificamente, vou dedicar à preparação desta prova nove semanas, concluindo no passado domingo a primeira. A base do treino é a do costume: corridas contínuas, alternando ritmos leves com fortes, um dia reservado para séries de média distância e um treino longo com a introdução de vários ritmos durante o mesmo. Na primeira semana contabilizei 104,2 km de treino! Nesta que está a decorrer irei aumentar um pouco mais o número de kms, depois vou analisar o modo como o corpo reage a este tipo de treino para definir os que se seguirão.

Antes da maratona e com vista a avaliar o estado de forma em que me encontro vou correr a Meia-Maratona SportZone no dia 21 de Setembro. Até lá ainda tenho muitos kms para correr, mas como sabem, quem corre por gosto não cansa e no momento sinto-me muito bem e com energia suficiente para abraçar os novos desafios que se aproximam.

Setembro é o mês da eternidade...vai dar muito gozo correr com ele!!
Bons treinos!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Grande Prémio de S. Pedro.


A Póvoa de Varzim está no pódio das terras que muito divulgam e promovem o atletismo. O município organiza já há alguns anos, em Março, a Meia-Maratona 'Cego do Maio', mais recentemente, pelo segundo ano consecutivo, no mês de Maio e em conjunto com o autarquia vizinha, de Vila do Conde, fez nascer a 'Corrida da Marginal' (10 km). Por fim integrado nas festas da cidade, há 20 anos que chama os melhores atletas nacionais, para correrem o sempre muito competitivo e tradicional Grande Prémio de S. Pedro (10 km).

Marquei presença nas duas provas anteriores e o calendário foi organizado para também não faltar a esta. Na manhã do passado domingo estava um dia de sol esplendoroso, no entanto corria uma amena brisa que espalhava um agradável cheiro a maresia. Bem cedo a praia recebia os primeiros banhistas, mas os atletas que entretanto chegavam para o levantamento dos dorsais, também faziam notar a sua presença. Como havia corridas para os mais novos em diversos escalões, a ruidosa alegria de centenas de crianças e adolescentes, misturada com a música que ecoava das colunas de som, dava um ar muito festivo à Av. dos Banhos.

A primeira vez que participei nesta corrida foi no ano de 2003 e desde aí até agora corri todas as edições. No dia anterior à prova, resolvi consultar os meus arquivos para comparar os tempos obtidos ao longos dos anos. Curiosamente, verifiquei que em todas as minhas participações fui subtraindo uns segundos ao meu tempo final. Assim,
- 2003: 38m06s;
- 2004: 37m35s;
- 2005: 37m23s;
- 2006: 36m46s;
- 2007: 36m26s.
Desta forma arranjei motivação acrescida para esta corrida e o objectivo era continuar a melhorar em alguns segundos o tempo da prova.

O aquecimento foi feito nas calmas, enquanto decorriam as corridas dos mais novos e logo aqui pude constatar o elevado número de atletas que ia alinhar à partida e também o numeroso público presente ao longo da Av. do Passeio Alegre. Passavam alguns minutos das 11 horas e o speaker apelou aos atletas para que se encaminhassem até à meta afim de dar ínicio à corrida. Consegui, apesar da habitual confusão uma boa colocação na grelha da partida. O tiro da largada soou e 'empurrado' por uma enorme onda humana o primeiro km foi corrido a um ritmo alucinante, em 3m22s! Com a estrada mais livre e para mais tarde não pagar caro a ousadia de tamanha velocidade, coloquei 'rédea' nas pernas e no segundo km o tempo caiu para os 3m39s, o ritmo que precisaria de manter para cumprir o objectivo. No terceiro km estava integrado num grupo, onde a companheira da corrida anterior - Fátima Silva, marcava o andamento e como para mim servia, deixei-me ficar por ali. Passei os 5 km com 17m55ss, contudo no km seguinte a Fátima ao avistar uma atleta do S.C. Braga forçou o andamento na tentativa de a apanhar, fui com ela e o ritmo do sexto km baixou para 3m35s. A Fátima forçou ainda mais, mas eu não a acompanhei, ao sétimo km o meu ritmo tinha caído para 3m44s, mas ainda estava bem dentro do tempo para cumprir o objectivo e sentia-me com bastante energia. Logo a seguir, já sozinho estrada fora, dobrei a atleta bracarense, uns metros mais à frente seguia a Fátima que me parecia em perda. Assim era, pouco antes dos 8 km já seguia com ela e com mais dois atletas que entretanto se atrasavam. À passagem do oitavo km, tomei a dianteira do grupo e imprimi um ritmo mais forte, 3m39s/km, deixando toda a concorrência para trás, entrei no último km em ritmo progressivo e aproveitando a ligeira descida embalei a 3m31s/km até à meta, contabilizando o tempo final de 36m09s!

No Grande Prémio de S. Pedro, nem quebraram as pernas, nem a tradição se quebrou! A saga da melhoria de tempos nesta corrida continua no próximo ano. Até lá muitas outras histórias haverão de surgir, porque correr é uma aventura que se renova em cada prova!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Corrida das Festas da Cidade do Porto.

A cidade do Porto comemorou por estes dias o S. João. Numa festa em que o povo sai alegremente à rua, obviamente não poderia deixar de ter no seu programa uma corrida de atletismo, para acentuar ainda mais o verdadeiro espírito popular da quadra.

Como a organização da prova, uma vez mais ficou a cargo da Runporto havia a garantia, desde logo, que a qualidade estava assegurada. Assim, na manhã do passado domingo, que começou com nebelina mas acabou ensolarada, estiveram na Foz 1.500 atletas que se lançaram na corrida dos 15 Km e 5.000 para correrem ou caminharem 5 km na marginal, tendo como pano de fundo a magnífica paisagem do mar e do rio Douro.

Era o terceiro domingo consecutivo que competia. No entanto, sentia-me melhor do que na semana anterior. Recuperar de uma 'meia' para uma corrida de 10 km é mais difícil que desta distância para uma corrida de 15 km. A importância de escutarmos os sinais do corpo ganha relevância à medida que a nossa experiência aumenta. Como o percurso era bastante bom, não fossem as duas passagens no paralelo junto à Foz do Douro que provocam sempre alguns estragos nas pernas dos atletas, diria que era óptimo, o objectivo era concluir a prova entre os 55 e 56 minutos.

Apesar do elevado número de atletas não houve muitos problemas na partida, porque esta é feita na ampla Avenida Brasil. Cumpri o primeiro km em 3m37s, dentro da normalidade mas a estratégia era estabilizar dentro dos 3m42s/km. Na passagem dos 5 km ia integrado num grupo de oito elementos, onde a experiente Fátima Silva marcava o ritmo e o meu cronómetro assinalou 18m24s, ligeiramente abaixo da média estipulada. Ao km 6, estava apenas eu, a Fátima e outro atleta, mas assim que passei o km 7, correndo abaixo dos 3m40s/Km, decidi não os acompanhar e retomar o meu ritmo. Segui sozinho na corrida, com a minha cadência fixada nos 3m42s-3m43s/km, fui dobrando alguns atletas que iam em perda e no retorno onde estava instalada a placa dos 10 km, o meu tempo era de 36m44s. Estava no ritmo certo para chegar dentro do objectivo traçado e ainda tinha um pequena margem de erro. O último terço do percurso foi o mais difícil, um ligeiro vento fez-se sentir e o famoso paralelo da Foz nesta fase da corrida sente-se bem mais do que na primeira passagem e, claro, a frescura também já não é a mesma dos primeiros kms. Assim, o meu ritmo baixou para os 3m47s-3m48s/km, cortando a meta com o tempo de 55m44s, 58º lugar na classificação geral entre 1.336 atletas que acabaram a prova.
Bem bom! Objectivo cumprido! Com a bênção do S. João as pernas fizeram o pequeno milagre de continuarem ligeiras!

O ciclo de corridas iniciado em Maio, vai ter agora um fim-de-semana de interregno, mas no próximo dia 6 de Julho, calçarei novamente as sapatilhas de competição para os 10 km do Grande Prémio de S. Pedro na Póvoa de Varzim. Vamos ver se também este santo ajuda as pernas a continuarem em estado de graça!