terça-feira, 20 de maio de 2008

Correr de vento em popa!

A Póvoa de Varzim e Vila do Conde são cidades vizinhas, unidas por uma magnífica marginal junto ao mar. Da convivência salutar entre os dois municípios resulta uma corrida de atletismo denominada "Grande Prémio de Atletismo da Marginal". A primeira edição foi no ano passado e teve início em Vila do Conde, depois de ter ido á Póvoa de Varzim. Este ano inverteram-se os papeis, a partida foi dada em terras poveiras, percorrendo a marginal até à Princesa do Ave, regressando à Póvoa. Foi notório o crescimento do número de atletas relativamente ao ano anterior, talvez por isso a organização voltou a cometer erros, nomeadamente na entrega dos dorsais, distribuição de prémios e na longa espera a que os atletas mais atrasados tiveram que se sujeitar no final para receber o saco de participação. Já no ano passado disse que esta prova reúne excelentes condições naturais para a corrida. A deslumbrante vista sobre o mar, o percurso com um piso irrepreensível e totalmente plano, corrido praticamente em linha recta, tornado-o muito rápido, óptimo para registar boas marcas tão ao agrado de todos os atletas. Assim, se a organização melhorar a logística que envolve um evento desta natureza, esta será certamente uma prova de referência no calendário de atletismo.

Por estes dias a primavera vai teimando em não se fazer sentir. Quando, bem cedo, cheguei à Póvoa o céu estava carregado de nuvens cinzentas a ameaçar chuva a qualquer momento, no entanto não corria ponta de vento e a temperatura estava muito agradável. O levantamento dos dorsais foi demorado e enquanto esperava na fila uma bátega de chuva forte complicou ainda mais a sua entrega. Após este contratempo lá me equipei, mas não consegui fazer o aquecimento desejável para uma corrida de 10 km - enfim, fiz o possível, porque o speaker já chamava os atletas para se encaminharem para a partida, dado que faltavam poucos minutos para o início. Furei aqui e ali e ainda consegui uma razoável colocação na grelha de partida. A meu lado estava um habitual leitor do meu blog, cumprimentamo-nos, trocamos algumas palavras relativamente à nossa forma e concordamos fazer a corrida juntos, ajudando-nos mutuamente e apontamos um tempo a rondar os 36 minutos.

Soou o tiro da partida e eu e o meu amigo lá fomos pela Avenida do Passeio Alegre fora e à passagem junto ao Casino, onde estava a placa do 1 km, o meu cronómetro marcou 3m44s. Não era um ritmo que servisse as nossas pretensões, mas talvez a falta do adequado aquecimento e o serpentear por entre atletas para ganhar posição fosse motivo do atraso. Como não era o andamento necessário para o tempo projectado, logo aí imprimi um ritmo mais forte, o que se traduziu nos kms seguintes numa média de 3m31s/Km. No retorno dos 5 km registei um tempo de 17m48s e a manter esta cadência daria um tempo final abaixo dos 36 minutos. Nem precisei de dizer isto ao meu amigo, apenas uma troca de olhares foi suficiente para confirmar que iríamos conseguir! Continuávamos lado a lado dobrando alguns atletas que iam em perda e depois comandando um pelotão. O percurso é ligeiramente mais difícil na segunda parte da corrida e apesar de quebrarmos um pouco, o que também é natural, continuamos a rolar a uma média de 3m36s/km. No km 8 o meu companheiro puxou por mim, depois no km 9 fui eu a puxar por ele, concluí a prova com o tempo de 35m51s, com o meu amigo imediatamente a seguir. Cumprimentámo-nos e felicitámo-nos, bem merecíamos, afinal conseguimos ainda melhor tempo que planeámos, com a particularidade de ambos termos registado records pessoais na distância, tendo o meu sofrido uma melhoria de 34 segundos! Como corolário da excelente corrida que fiz, fui 9º. classificado na classe Veteranos 45-50 anos, arrecadando 10 euros de prémio!

Desta vez o vento não compareceu! Mas com o fair-play que ele me 'venceu' em outras ocasiões eu não quis deixar de o 'trazer' para a corrida. Corri de vento em popa!

Voltarei às corridas no mês de Junho. Até lá vou procurar orientar o treino para a manutenção do actual estado de forma, com o objectivo de continuar na senda dos bons resultados.
No entretanto...bons treinos!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Meia-Maratona de Cortegaça: No limiar do record!

Estava uma manhã de sol lindo, embora como é costume junto à praia, há sempre uma brisa a correr, que a qualquer momento se pode transformar em vento incómodo. Este ano as obras no centro da vila estavam concluídas, o piso do último quilómetro que outrora era muito irregular, estava agora um autêntico tapete em alcatrão. Havia também outra novidade, a meta foi colocada na avenida da praia, numa larga e comprida recta com excelentes condições para os atletas darem o seu melhor e para o público os brindar com os merecidos apalusos.

Conforme escrevi no post anterior, partia para esta meia-maratona com o objectivo de bater o record pessoal ou ficar lá próximo. Era a sexta vez que participava nesta corrida, sempre com resultados satisfatórios. O percurso é muito agradável, sem grandes desníveis e feito quase sempre dentro de uma mata, em que o silêncio da brisa que faz esvoaçar os ramos dos pinheiros, apenas é quebrado pelo som das sapatilhas dos atletas a deslizar no asfalto.

A olho nu percebi que estava mais gente que em anos anteriores, o que é sempre bom, a prova fica mais animada e consequentemente mais competitiva. Coloquei-me bem na frente da linha da partida pelo que não tive qualquer problema na largada. Como os primeiros quilómetros eram ligeiramente a descer o ritmo foi forte, ao fim do 2 km registava um tempo de 7m13s, tentei 'formar' um grupo para seguir num ritmo dentro dos 3m45s/Km, mas foi em vão. Assim, tomei a dianteira de um pequeno pelotão e à passagem dos 5 km, com o tempo de 18m20s, apenas tinha um companheiro como parceiro de corrida, que também foi 'sol de pouca dura' pois aos 8 km já estava entregue a mim próprio! Embora não seja este facto que me faz esmorecer, também é óbvio que seguir na corrida em grupo é mais fácil e muito menos desgastante.

No abastecimento dos 10 km o cronómetro marcava 37m21s, estava dentro do tempo para o record mas não me era permitido que sofresse qualquer quebra, mesmo que fosse muito libgeira. Continuava sozinho estrada fora, rolava a um ritmo dentro dos 3m45s-3m46s/km, dobrei alguns atletas que iam em perda, o que me dava um certo moral. Por volta do km 14 reparo numa placa pregada num pinheiro que dizia - "A natureza é de todos, protege-a." Neste preciso momento, o vento faz sorrateiramente a sua aparição. Quem precisava de se proteger da natureza era eu, ainda consegui chegar junto de um atleta que seguia na minha frente, mas os dois não conseguíamos minimizar os efeitos do vento propriamente dito, mas deu para colaborarmos e transmitir o imprescindível ânimo para superar a adversidade.

Quando dobrei os 15 km com 56m27s, já estava escassos segundos fora do record, mas ainda não estava totalmente arredado. O vento amainou um pouco, por volta do km 17, mas o ritmo também tinha baixado para 3m48s-3m49s/Km. O meu companheiro perguntou-me se dava para baixar da 1h20m, eu confirmei que se mantivéssemos aquela cadência, sim! Remotamente ainda tinha a esperança que ficasse uns segundinhos abaixo de 1h19m, mas guardei este pensamente apenas para mim. Passei o km 20 com 1h15m24s e mesmo sabendo que não era possível alcançar o record, dei o meu máximo percorrendo os mil e noventa e sete metros e meio em 3m57s, concluindo a prova com o tempo de 1h19m21s, a 26 segundos da minha melhor marca pessoal! Fiquei contente e nada decepcionado, é que apesar da meta estar instalada a poucos metros da praia, não penso que 'tenha morrido na praia'! Afinal as meias-maratonas são como as marés, não vão deixar de existir e acredito que vai ser possível 'apanhar o barco' que me levará ao record!

No próximo domingo voltarei a correr junto ao mar, nos 10 km da Corrida da Marginal Póvoa de Varzim-Vila do Conde. Vamos ver se os ventos sopram de feição!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

"Os Ceramistas" fazem-se à corrida!


As Festas das Cruzes dão o tiro de partida para as numerosas romarias que se vão realizar no Minho até ao final do Verão. Em qualquer terra vai ecoar nos altifalantes a música folclórica, nos adros das igrejas o colorido das ornamentações abrilhantam as paróquias, mas é sobretudo através da alegria do povo minhoto que descobrimos o verdadeiro clima de festa.



Galegos São Martinho, é uma freguesia vizinha da cidade de Barcelos, que como já é tradição associa-se à festa promovendo o atletismo. Na manhã nublada deste domingo, foi bonito ver cerca de 300 pessoas, desde os mais petizes até aos mais idosos, porem o corpo em movimento, aproveitando também para oxigenar os pulmões com o ar puro dos verdes campos. Para a pequenada houve corridas de 500 e 2.000 metros, consoante o escalão etário de cada um, depois para os mais crescidos disputou-se a prova principal na distância de 8 km e em simultâneo ainda se realizou uma caminhada para todas as idades.



Aqueles que acompanham as minhas crónicas sabem que tenho um carinho especial por esta corrida. A forma simples como é organizada pelo modesto clube "Os Ceramistas", mas sem o empenho, a simpatia e a generosidade do António Zeferino, cujo trabalho mais uma vez enalteço, não era possível nesta pequena terra de artesãos e oleiros pôr em pé tão bela jornada desportiva.

Quanto mais curtas são as provas, tanto mais é importante o aquecimento. Assim, durante 20 minutos andei às voltas no pelado do campo de futebol, a preparar os músculos para enfrentarem o sinuoso percurso e a variedade do piso. No ano passado tinha registado um tempo de 28m50s, o objectivo agora era fazer dentro dessa marca. O tiro da partida soou e...pernas para que te quero, despacho subidas, avio descidas, não interessa se corro no paralelo, no alcatrão ou na terra, o importante é imprimir um ritmo forte e seguir sem fraquejar até à meta. Não desiludi, obtive o tempo de 28m02s! No final recebi o 'saco da praxe' que continha uma t-shirt, uma miniatura do Galo de Barcelos e tal como em 2007 ainda arrecadei 10 euros, pelo 10º. lugar, em Veteranos 45-50 anos. Nada mau!

No próximo domingo estarei em Cortegaça para correr a minha 40ª. meia maratona. Vou em busca do record pessoal ou pelo menos de ficar lá próximo. As pernas terão a palavra!