Em Abril de 2005, vivi aí um dos momentos mais emocionantes desde que abraçei o mundo da corrida. Não sei se a história se vai repetir, mas sei que gosto de revisitar os locais onde fui feliz.
sexta-feira, 30 de março de 2007
Roterdão no horizonte...
Em Abril de 2005, vivi aí um dos momentos mais emocionantes desde que abraçei o mundo da corrida. Não sei se a história se vai repetir, mas sei que gosto de revisitar os locais onde fui feliz.
segunda-feira, 26 de março de 2007
Maratona: "nenikikamen!!!".
Não haverá nenhum português que não associe os nomes de Carlos Lopes e Rosa Mota à Maratona. Estes dois atletas fizeram soar o Hino Nacional e subir a bandeira portuguesa ao mastro mais elevado nos Jogos Olímpicos e encheram de orgulho milhões de portugueses. Rosa Mota venceu a primeira Maratona feminina que se realizou, disputada em Atenas nos Campeonatos Europeus de Atletismo de 1982. Os feitos destes dois atletas em maratonas, continuou a ser demonstrado pelo mundo fora, vencendo muitas destas provas e arrecadando vários títulos mundiais e europeus. Carlos Lopes foi durante alguns anos o detentor do record mundial da distância, quando em 1985, ganhou a Maratona de Roterdão, com o fantástico tempo de 2h07m12s. Para além destes atletas, nomes como Manuela Machado, que chegou a ser campeã europeia e mundial e António Pinto, que possui um curriculum impressionante na Maratona de Londres, de três vitórias, um segundo lugar e três terceiros lugares, é ainda hoje o recordista europeu da distância com 2h06m36s, obtido precisamente em Londres no ano de 2000.
A Maratona é a mais longa, desgastante e uma das mais difíceis e emocionantes provas de atletismo. Hoje, tornou-se a corrida de rua mais popular do mundo, são milhares as pessoas que se juntam aos atletas de elite para participarem no desafio de correrem os quarenta e dois quilómetros cento e noventa e cinco metros. Quem a corre pela primeira vez e a termina, não consegue parar de pensar na próxima - é uma sensação estranha e difícil de traduzir. Dentro de alguns dias participarei na minha quinta Maratona, todas as outras que corri, ao chegar à meta, fui invadido por uma enorme alegria. Reparo sempre no rosto cansado mas feliz dos atletas do pelotão ao concluírem a prova e creio que todos, no seu íntimo, escutam uma voz a dizer: "nenikikamen!!!".
terça-feira, 20 de março de 2007
Meia-Maratona de Lisboa: da iniciação à peregrinação.
Assim, no passado domingo, rumei a Lisboa para cumprir a trigésima segunda meia-maratona do meu rol, celebrada com o ritual da passagem da ponte. Estava uma manhã de sol radioso, não muito boa para quem ia com objectivos de melhorar tempos, mas excelente para colorir o ambiente e dar mais brilho à festa.
E a festa começou bem cedo, é lindo ver as paragens dos autocarros apeadas de gente com o dorsal pregado na t-shirt, é arrepiante e sufocante fazer a viagem de comboio para o outro lado da ponte até ao Pragal, com uma enorme enchente a fazer lembrar o metro de Tóquio em hora de ponta. A imensa multidão equipada de diversas formas, uns para correr, outros simplesmente para caminhar, exteriorizava uma enorme alegria, através do barulho que fazia e pela ânsia que tinha em chegar ao local da partida. Chegados ao Pragal, a recepção é feita por uma Banda de música e pelas variadas empresas que patrocinam o evento, que vão distribuindo bonés, lenços e demais brindes publicitários. A romaria vai aumentando e são já uns milhares de pessoas que vão subindo a encosta, rumo à praça da portagem. Lá no cimo, o Cristo-Rei que apesar de estar de costas, parece querer dar-nos a mão, para que possamos chegar mais depressa à zona da partida. Aqui, à medida que esperámos pelo tiro da partida, ouvimos dizer que o primeiro-ministro está ali, a câmera da televisão acolá, vemos um grupo de bailarinas a agitar as ancas ao som de música latina em cima de um palco. O speaker grita a dar as boas vindas e informa que estão trinta e seis mil para a travessia da ponte: cinco mil para a "meia" e trinta e um mil para a "mini", um record!!!
O tiro da partida soa e uma louca correria começa, para evitar os atropelos e ganhar posição, acelero um pouco mais no arranque, quando reparo já estou em cima da ponte a correr, mais ou menos à vontade, mas sempre serpenteando por entre atletas. Cumprida a travessia no tabuleiro e quando se desce o viaduto para Alcântara, consegue-se ter a noção do mar de gente que desliza em cima da ponte - é simplesmente impressionante!
Aqui, os 'peregrinos da mini' voltam para Belém, enquanto os 'peregrinos da meia' rumam em direcção à zona histórica de Lisboa, pela Avenida da Índia, 24 de Julho, Cais do Sodré, Terreiro do Paço, Rossio, Santa Apolónia, regressando novamente ao Terreiro do Paço fazendo o caminho inverso pela 24 de Julho, até chegar à meta instalada na Praça do Império, tendo como sombra a imponência do Mosteiro dos Jerónimos. Talvez os monges que neste local habitavam, a quem outrora D. Manuel pediu para prestarem assistência espiritual aos navegadores, que da praia do Restelo partiam à descoberta de outros mundos, iluminem agora os muitos atletas do pelotão que aqui descobrem a paixão pela corrida.
quarta-feira, 14 de março de 2007
O elogio à tribo.
Estávamos em Maio. Os dias eram mais longos e a temperatura bastante agradável. Eu descia a avenida, dava duas ou três voltas ao parque e a minha respiração já era ofegante. Os meus passos cada vez mais vagarosos, rapidamente cediam ao cansaço do corpo, que deixava de se movimentar para começar a arrastar-se. Enquanto isso, cruzava-se comigo um grupo de corredores, que deslizava suavemente os pés pelos caminhos de terra batida, numa passada rápida e certa, em amena cavaqueira.
Como sou teimoso e estava determinado em levar por diante este novo desafio, obriguei-me a cumprir essas voltinhas três vezes por semana, mesmo quando os músculos reclamavam dor.
O mês de Setembro chegou e com ele vieram as primeiras chuvas. No princípio ainda hesitei sair para correr, insisti, não desisti, em boa hora o fiz porque correr à chuva revelou-se um desconhecido prazer, recordando os tempos de criança em que à revelia dos pais saltava alegremente de charco em charco de água.
Passados alguns meses, a minha condição física não só melhorara, mas a minha auto-estima também estava mais elevada. Entusiasmado pelo êxito pessoal alcançado, aumentei a frequência dos dias de corrida, que de um momento para o outro passou a ser diária.
É!!!!! "Primeiro estranha-se, depois entranha-se", não foi a respeito da corrida que Fernando Pessoa escreveu isto, mas até parece!
Assim,
...juntei-me ao grupo dos grandes malucos que trocam o aconchego do sofá, saiem à rua para correr e serem fustigados pela chuva, pelo vento e pelo frio, dos rigorosos invernos do norte.
...passei a fazer parte daqueles loucos, que num fim de tarde de verão ao invés de estarem numa esplanada a saborear uma cerveja fresca, correm alienadamente até se esvairem em suor.
...tornei-me um dos muitos doidos, que ao domingo bem cedo, enquanto meio mundo dorme, sai para uma longa corrida de muitos quilómetros no asfalto, chegando a casa com um sorriso nos lábios e a naturalidade de quem foi ao quiosque da esquina comprar um jornal.
Desta forma, entrei no maravilhoso mundo da corrida, sentindo-me um privilegiado por fazer parte desta estranha tribo!
terça-feira, 13 de março de 2007
Um blog como prenda...
Hoje é o dia do meu aniversário!
Resolvi oferecer a mim próprio uma prenda. Um blog!
Aqui, irei partilhar com conhecidos e desconhecidos, algo que mudou a minha vida e entrou na rotina do meu dia a dia com a naturalidade e a necessidade de quem precisa de comer, beber ou tão simplesmente dormir, a corrida.
A corrida faz parte de mim como o meu próprio nome!
Assim, procurarei narrar aqui, os treinos feitos debaixo de chuva, ao sabor do vento e do frio ou com o sol a queimar. Abordarei o drama das lesões, as angústias do atleta antes do tiro da partida, o desportivismo e as amizades conquistadas nas provas, ou a competição que tenho comigo próprio para melhorar os tempos, nem que seja por um ínfimo segundo.
Mas, como escrever é levar as palavras a dar um passeio, talvez este espaço solte as letras e lhes dê a liberdade de correrem para além da corrida.
Sejam bem-vindos!